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14 | II Série A - Número: 121 | 15 de Fevereiro de 2012

De resto, nos termos da lei a retransmissão da RDP em FM é impossível em Angola e a única forma possível, viável e eficiente, de transmissão é em onda curta. A emissão/retransmissão em FM pode (e em muitos casos tem de) ser complementar à onda curta. Em Moçambique existem quatro emissores FM em quatro cidades e só a onda curta pode garantir a cobertura total do território daquele país.
O Governo e a empresa afirmaram na Assembleia da República que a onda curta é uma «forma de emissão obsoleta» e procuraram apontar o exemplo da estação alemã de rádio Deutsche Welle, que decidiu encerrar as suas instalações de Sines, dedicadas à emissão em onda curta.
Ora, mesmo com o processo de reestruturação e modernização que atravessa, a Deutsche Welle mantém as transmissões em onda curta para África, em língua portuguesa (sublinhe-se: em língua portuguesa!), a partir dos transmissores de Kigali no Ruanda. Desde Novembro a Deutsche Welle anunciou em comunicado que manteria «somente» transmissões em ondas curtas em aramaico, chinês, dari, inglês e francês para a África, hausa, kiswhahili, pashtu, português para África e Urdu.
Isto é, a Deutsche Welle, apesar de acabar com as suas instalações em Sines, continua a investir nas emissões em onda curta em língua portuguesa em África, a partir das suas instalações modernizadas no Ruanda.
Por outro lado, permanece o exemplo de inúmeras estações de rádio, de inúmeros países que emitem em ondas curtas — e em português. São casos concretos como os seguintes:

— BBC, British Broadcasting Corporation (Reino Unido), que transmite para África, Portugal e Brasil; — Canal África (África do Sul), que transmite para Moçambique, Angola e África Ocidental; — Deutsche Welle (Voz da Alemanha), que transmite para África a partir do Ruanda; — Rádio Cairo — Egipto, que transmite para o Brasil; — Rádio Ecclesia — Emissora Católica de Angola, que transmite para África; — Rádio França Internacional, que transmite para África; — Rádio Havana — Cuba, que transmite para Portugal e Brasil; — Rádio Internacional da China, que transmite para o Brasil, África e Portugal; — Rádio Japão, que transmite para o Brasil via retransmissor localizado nas Antilhas Holandesas; — Rádio Nacional de Angola, que transmite para África; — Rádio Roménia, que transmite para Portugal e Brasil; — Rádio Vaticano, que transmite para África, Brasil e Portugal; — ERA, Radiodifusão Argentina para o Exterior, que transmite para o Brasil; — RAI Internacional (Roma — Itália), que transmite para África, Brasil e Portugal; — Voz da América, que transmite para África; — Voz da Rússia, que transmite para o Brasil e Portugal.

É, de resto, significativo que a Rádio Exterior de Espanha, num comunicado divulgado em julho de 2011, tenha estimado que o seu auditório, no exterior de Espanha, seja de dois terços de escuta em onda curta para um terço através da Internet.
Como a comissão de trabalhadores da RTP oportunamente recordou, as ondas curtas não podem ser controladas por barreiras de qualquer tipo, não podem ser confinadas a fronteiras nacionais ou ideológicas.
Podem ser sintonizadas através de aparelhos simples e portáteis. Não podem ser censuradas; não é possível vigiar quem sintoniza o rádio — ao contrário de quem acede à Internet.
Como o PCP afirmou já a propósito deste Dia Mundial, a Rádio faz parte das nossas vidas, do nosso quotidiano e viver coletivo. Uma formidável evolução tecnológica que atravessou e transformou o século XX, aproximou povos, afirmou identidades, revelou culturas e talentos. Com a Rádio o som, a voz, a música deixaram de estar circunscritas e ganharam asas.
Dezenas de anos depois da sua invenção e da sua difusão em Portugal, e apesar do surgimento de outras importantes tecnologias, como a televisão e a internet, a Rádio continua a ser hoje — seja pelos seus custos, seja pela sua simplicidade tecnológica — o mais universal dos meios de comunicação, e talvez, o mais especial.
Se em pleno século XXI a Rádio continua a ser um importantíssimo meio de informação e de cultura, ela é também um fator indispensável e insubstituível à soberania de um povo e à sua afirmação no mundo.