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6 O ajustamento do setor privado deverá ser superior ao das administrações públicas em 2012, contrariamente ao previsto inicialmente, o que contribui para a redução das necessidades de financiamento externas mas prejudica a consolidação orçamental. Se o contributo acima do esperado das exportações líquidas para o produto é um aspeto a realçar, a outra face da mesma moeda no que se refere à redução do défice externo é que este se deveu essencialmente ao ajustamento do setor privado, com consequências ao nível da taxa de desemprego, das receitas provenientes de impostos e de contribuições, bem como ao nível da despesa com prestações sociais, prejudicando o esperado ajustamento das administrações públicas. De acordo com as projeções iniciais, o défice externo deveria reduzir-se novamente em 2012 em cerca de 2,5 p.p. do PIB. Esperava-se que o contributo para esta redução viesse exclusivamente das administrações públicas, por diminuição do défice público de 7,5 para 4,5% do PIB e, portanto, antecipava-se uma manutenção da capacidade de financiamento do setor privado. Decorridos três quartos do ano, projeta-se agora uma redução do défice externo superior à inicialmente esperada, em cerca de 4 p.p. do PIB, a qual se deve maioritariamente ao ajustamento do sector privado (em 2,5 p.p do PIB), uma vez que o ajustamento das administrações públicas deverá ser de apenas 1,5 p.p. do PIB (i.e. de um défice público de 7,5% em 2011 para 6% em 2012, ambos corrigidos de medidas temporárias e one-off). O aumento da capacidade de financiamento do setor privado em 2012 deverá refletir a redução do investimento e o aumento da poupança. Para além da manutenção de elevados níveis de poupança associada à necessidade de fazer face às amortizações de passivos, as perspetivas de redução do rendimento futuro e o aumento da incerteza terão induzido uma alteração das decisões de consumo e de investimento privados, incentivando a poupança por motivos de precaução.

7 A condução do duplo e simultâneo objetivo do PAEF de consolidação orçamental e de redução do endividamento público e privado não terá evitado um efeito contracionista demasiado forte na procura interna. A forte contração da procura interna ocorreu a par de um dinamismo assinalável das exportações, implicando, tal como já referido, um ajustamento significativo das necessidades de financiamento externo da economia portuguesa. Por detrás daquele duplo efeito parece estar uma segmentação do setor privado empresarial. Em geral, os empréstimos ao setor privado diminuíram em consequência das restrições ao crédito bancário decorrentes do objetivo do PAEF de reduzir os rácios de empréstimos em depósitos, tendo essa redução sido, inclusivamente, superior à prevista em maio de 2011. Todavia, de acordo com os dados intra-anuais disponíveis, o crédito às empresas exportadoras terá sido uma exceção a esta regra. Com efeito, o ambicionado processo de reorientação da economia para os setores com melhores perspetivas de crescimento e mais competitivos parece ter-se iniciado, não sem consequências de curto prazo que não deverão ser ignoradas, nomeadamente devido a uma contração da procura interna mais forte que a prevista. Um conjunto de fatores estruturais, que são característicos da economia portuguesa e que fazem parte das reformas previstas no âmbito do PAEF, também poderá ter contribuído para que a mudança de recursos para os setores mais produtivos não se tivesse operado da forma pretendida. A condução do duplo e simultâneo objetivo do PAEF de consolidação orçamental e de redução do endividamento público e privado pressupõe um equilíbrio muito instável, o qual poderá ter tido como contrapartida um efeito contracionista demasiado forte na procura interna, com reflexos na consolidação orçamental em

30 DE OUTUBRO DE 2012_____________________________________________________________________________________________________________

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