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Para o PCP, e para muitos economistas de elevado prestígio nacional e internacional, a crise em que

países como Portugal se encontram exige o fim das opções políticas de austeridade que provocam uma forte

contração do mercado interno. Portugal entrou num perigoso círculo vicioso em que a crise gera dificuldades

de financiamento à economia, as opções políticas assentam em perspetivas neoliberais de «ajustamento dos

mercados» através dos salários e do desemprego, este ajustamento gera a contração do mercado interno, que

por sua vez, pelas expectativas geradas, conduz a redução do investimento para níveis que contraem ainda

mais a atividade económica, voltando a pressionar os salários e a gerar mais desemprego, maior contração do

mercado interno e do investimento.

A realidade é mais forte que os modelos económicos e as conceções filosóficas do Governo, pelo que sem

uma decidida intervenção política, Portugal poderá caminhar para uma situação de desastre económico e

social com consequências e impactos incalculáveis.

Em Dezembro de 2012 o Banco de Portugal, no seu Boletim Económico de Inverno, afirmava:

«A redução da FBCF empresarial resulta essencialmente da expressiva contração da procura interna, com

especial incidência no período mais recente, e perspetivas muito incertas quanto ao futuro próximo. A

manutenção de condições de financiamento restritivas e a necessidade de redução dos níveis de

endividamento das empresas não financeiras constituem condicionantes adicionais. Neste contexto, a atual

projeção aponta para uma queda da FBCF empresarial de 7.4 por cento em 2013, o que perfaz uma queda

acumulada de quase 36 por cento no período 2009-2013, com implicações sobre a evolução do stock de

capital e sobre a capacidade de incorporação de progresso técnico e, em última análise, sobre o crescimento

do produto potencial».

Segundo dados do INE, de associações empresariais e da CPPME, no ano de 2012 encerraram onze mil

empresas no sector da restauração e bebidas, treze mil na construção civil e 2500 no ramo automóvel. Se a

estes sectores somarmos o comércio e serviços, concluiremos que só em 2012 mais de 200 mil trabalhadores

ficaram sem o seu emprego, num momento em que, em sentido lato, Portugal apresenta cerca 1,5 milhões de

desempregados e todas as projeções económicas apontam para o seu agravamento, em linha com uma ainda

maior deterioração da atividade económica.

As insolvências registadas desde o início do ano até ao dia 15 de Abril já ultrapassaram as de 2012 e são

superiores em mais de 41% às verificadas em 2011. Estas atravessam praticamente todos os sectores de

atividade económica, social e cultural, pelo que não corresponderão a um movimento de alteração de

especialização do País, antes refletindo um estado de depressão económica e social em que Portugal se

afunda.

As perspetivas de recuperação económica e do emprego por via das exportações está em causa, tendo em

conta a recente evolução do comércio externo e da generalização de opções políticas similares à dos

sucessivos governos que se concentram nos constrangimentos aos respetivos mercados internos na maioria

dos nossos principais parceiros económicos.

A quebra do rendimento disponível das famílias prossegue com o aumento dos despedimentos nas

Administrações Públicas e no sector privado, com os cortes nos salários e pensões, nas prestações sociais e

com o brutal agravamento tributário sobre o rendimento dos trabalhadores e pensionistas e sobre o consumo.

Se na perspetiva do PCP o aumento do rendimento disponível das famílias e a promoção do mercado

interno são fatores fundamentais para a inversão das expectativas e do atual rumo da economia portuguesa,

permitindo estancar os encerramento e os despedimentos, incrementando a criação de emprego e a

substituição de importações por produção nacional, a disponibilização de financiamento para recuperação da

capacidade produtiva e para disponibilidades de liquidez são componentes dessa política que não poderão ser

desvalorizados. Caso contrário todo o esforço será inglório.

De facto verifica-se que o sector financeiro vem aumentando o diferencial médio do crédito concedido em

relação à Euribor, «uma vez que os spreads praticados se encontram em níveis muito elevados com tendência

crescente», segundo o Banco de Portugal.

A própria estabilização dos custos com a dívida das empresas não financeiras que, segundo o Banco de

Portugal, terá ocorrido no segundo semestre de 2012 reflete «uma amostra em que predominam as de maior

dimensão» e «baseiam-se em informações de empresas que se mantêm no mercado».

De facto, quando a análise tem em conta a dimensão das empresas, o Banco de Portugal refere que

15 DE ABRIL DE 2013________________________________________________________________________________________________________________

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