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II SÉRIE-A — NÚMERO 12 246______________________________________________________________________________________________________________

VIII. UM PORTUGAL GLOBAL

Os últimos anos corresponderam a uma fragilização da posição portuguesa à escala global.

À debilidade financeira, com a intervenção direta de instituições internacionais no país, veio

a somar-se um deliberado apagamento na afirmação externa de Portugal, em muito

resultante de uma por uma intervenção discreta e de baixo perfil no Mundo e na Europa. A

imagem internacional do nosso País surge hoje colocada num dos mais baixos patamares

de que há memória recente, face aos nossos parceiros e às estruturas multilaterais que

integramos. A isso veio juntar-se uma descapitalização, orçamental e funcional, de toda a

máquina de ação externa e diplomática, num movimento que hoje se constata ter tido

efeitos negativos muito sensíveis na capacidade do País para a proteção e projeção dos seus

interesses, bem como para a sustentação de um prestígio à escala internacional, que a

Democracia tinha ajudado a adquirir e qualificar.

Historicamente, vários Governos de Portugal conferiram à política externa uma constante

atenção, quer na área europeia, quer no amplo tecido de relações externas bilaterais e

multilaterais, nomeadamente na área da lusofonia, quer nas políticas relevantes para as

comunidades portuguesas. De igual modo, esses mesmos governos tiveram sempre a

preocupação de conferir coerência ao conjunto de dimensões setoriais que se constatou

serem decisivas para a presença de Portugal no Mundo, em especial no tocante à defesa e

promoção dos vários interesses económicos nacionais, bem como ao prestígio da cultura e

da língua portuguesas. Portugal soube também, ao longo de muitos anos, projetar uma

filosofia clara na ordem internacional, promotora da paz, defensora dos Diretos Humanos,

da Democracia e do Estado de Direito, a par com uma atitude consentânea no âmbito das

políticas de cooperação e desenvolvimento. Face ao declínio dos últimos anos, tais

prioridades devem agora guiar o governo, com destaque para a afirmação da língua

portuguesa, para a implantação de uma cidadania lusófona e para o estreitamento da ligação

às comunidades portuguesas no estrangeiro.

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