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24 DE NOVEMBRO DE 2017

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conseguem fazer face às necessidades. Importa, assim, que o Governo assuma um papel determinante e, em

conjunto com as referias instituições, encontre uma solução para a preservação do património industrial da

Fábrica Robinson, tal como é solicitado pelos peticionários.

Nestes termos, e considerando que as Petições, por mais mérito e razão que tenham, não podem ser votadas

e que o objeto que nelas constam só pode ser votado se um Grupo Parlamentar apresentar uma Projeto de Lei

ou um Projeto de Resolução, e para dar caráter legislativo à pretensão dos peticionários, na qual o CDS se revê,

apresentamos a presente iniciativa legislativa.

Pelo exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, os Deputados do CDS-

PP abaixo assinados apresentam o seguinte projeto de resolução:

Nos termos da alínea b) do artigo 156.º da Constituição e da alínea b) do n.º 1 do artigo 4.º do

Regimento, a Assembleia da Repúblicarecomenda ao Governo que, em conjunto com a Câmara

Municipal de Portalegre e com a Fundação Robinson, desenvolva um programa de recuperação, de

salvaguarda e de preservação do património cultural, nomeadamente espólio arqueológico-industrial,

da Sociedade Corticeira Robinson Bros, SA.

Palácio de São Bento, 24 de novembro de 2017.

Os Deputados do CDS-PP: Teresa Caeiro — João Pinho de Almeida — Ana Rita Bessa — Vânia Dias da

Silva — Nuno Magalhães — Telmo Correia — Hélder Amaral — Cecilia Meireles — Antonio Carlos Monteiro —

Pedro Mota Soares — João Rebelo — Assunção Cristas — Álvaro Castello-Branco — Filipe Lobo d’Avila —

Filipe Anacoreta Coreia — Patrícia Fonseca — Ilda Araújo Novo — Isabel Galriça Neto.

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PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1129/XIII (3.ª)

RECOMENDA A SALVAGUARDA, VALORIZAÇÃO E DINAMIZAÇÃO DA ANTIGA FÁBRICA

ROBINSON, EM PORTALEGRE, E DO SEU PATRIMÓNIO INDUSTRIAL CORTICEIRO

Portalegre era a cidade industrial do Alentejo, característica que lhe marcava a identidade e cunhou o seu

desenvolvimento ao longo de séculos. À indústria de lanifícios instalada em Portalegre pelo Marquês de Pombal,

veio juntar-se, no século XIX, a indústria corticeira.

Corria o ano de 1837 quando um grupo de industriais ingleses apostou na proximidade entre a produção de

sobro, nos montados alentejanos, e a transformação industrial da cortiça.

A Fábrica Robinson fez acontecer, em Portalegre, a revolução industrial que revolucionou também as

dinâmicas sociais e económicas da região, gerando uma classe operária que impulsionou a produção, a riqueza

e o desenvolvimento da região de Portalegre, criou o primeiro sindicato corticeiro, a primeira cooperativa de

consumo, o primeiro corpo de bombeiros, a primeira creche infantil, a primeira sociedade filarmónica, entre

tantas outras realizações que perduram nos dias de hoje. Os operários da Fábrica Robinson comemoraram o

1.º de Maio, em Portalegre, pela primeira vez no ano 1893.

O perfil da fábrica funde-se com o perfil da cidade, ocupando sete hectares do centro histórico de Portalegre.

Empregou gerações de portalegrenses desde o século XIX até ao século XXI, quando, em 2009, encerrou

definitivamente as suas portas, num ainda não concluído processo de insolvência que mantém dívidas os últimos

trabalhadores que ali trabalharam.

A riqueza da Robinson vai para além da atividade fabril então interrompida. O seu património material e

imaterial, a sua arqueologia industrial classificada, as suas chaminés altaneiras e maquinaria industrial,

representam um recurso de desenvolvimento desaproveitado, apesar das suas imensas potencialidades pelas

características diferenciadoras e identitárias de Portalegre, do Alentejo e de Portugal.