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II SÉRIE-A — NÚMERO 84

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Há, assim, um Atlântico emergente ao qual Portugal não pode estar alheio e também um momento político

para projetar as suas potencialidades económicas e estratégicas, aproveitando esta dinâmica comercial para

alavancar as suas exportações e captar novos investimentos; reforçando-se no debate europeu; e, com isso,

contornando a periferia continental e a redução de peso relativo à medida que novos alargamentos se vão

fazendo.

Não se induza, no entanto, que todas as potencialidades nacionais se concentram exclusivamente no

arquipélago dos Açores. Apesar das características de insularidade, autonomia, ultraperiferia e oceanicidade,

cada um mantém particularidades regionais. É necessário aceitar as diferenças mas também torná-las

contributos positivos para proporcionar maiores benefícios a um e a outro.

Deste ângulo, convém acentuar a concentração territorial, o reconhecimento externo, o destino turístico

emergente, a competitividade fiscal (Centro Internacional de Negócios) ou ainda a diversificação da diáspora

Madeirense em países tão distintos como a Venezuela ou o Canadá.

A Madeira representa ¼ do Mar português, e ao contrário dos Açores não tem tido um papel tão relevante

em questões de segurança da região. Mas estas questões prometem ser cruciais nos próximos tempos para a

estabilidade do espaço atlântico, nomeadamente no que diz respeito á vigilância e controlo sobre as

movimentadas rotas de matérias-primas entre o Atlântico Sul, Atlântico Norte e o Mediterrâneo.

O arquipélago da Madeira é ainda, com as suas especificidades, um laboratório natural, capaz de atrair

investigadores e de sedimentar conhecimento em áreas tão distintas como hidrografia, a oceanografia ou

geomorfologia. A investigação e cooperação científica com entidades e parceiros externos deve ser promovida

e estimulada não só pelo Governo Regional da Madeira, mas pelo Governo da República Portuguesa. O trabalho

em rede, nomeadamente através de centro de estudo e investigação, é cada vez mais necessário.

A dinâmica de internacionalização empresarial, em que um número muito significativo de empresas

portuguesas opera, traduz-se no aparecimento de novas oportunidades de negócio, de novas empresas e de

novos empregos. A afirmação da Madeira como destino turístico e a reorientação das empresas madeirenses

para o setor exportador, e em particular para mercados que tradicionalmente não lhes eram conhecidos,

merecem um acompanhamento particular por parte do Governo português.

Chama-se por isso a atenção para o facto desta nova dinâmica aconselhar a uma aposta de concertação

entre o Governo da República Portuguesa e o Governo da Região Autónoma da Madeira para promover e

orientar as iniciativas de internacionalização de empresas madeirenses.

Hoje são certamente poucos os que duvidam que a Diáspora portuguesa representa um dos grandes ativos

económicos que Portugal tem e que permanece adormecido. Pelo seu lado avançou-se, no Programa

Internacionalizar, “mecanismos que facilitem a sua ligação com a economia nacional, nomeadamente através

de encontros de investidores da diáspora”. Assinale-se porém que o seu papel para fortalecer as relações com

o país, e com a Madeira em particular, continua por consolidar. Ora, concretizar esta ligação afigura-se, do ponto

de vista do CDS-PP, uma prioridade inadiável, muito mais no contexto da situação política e económica da

Venezuela, onde residem mais de 400.000 portugueses e lusodescendentes, a maioria dos quais oriundos da

Madeira.

A geopolítica da energia é hoje tema marcante do debate europeu e extraeuropeu. Portugal é um país

europeu mas é também um país atlântico. E Portugal será tanto mais na Europa, quanto for ator principal na

aproximação da Europa a regiões do Mundo, onde Portugal é especialmente competente e respeitado. Esse é

o nosso valor acrescentado.

Neste quadro, a Madeira está no centro desta geografia transatlântica. A energia é cada vez mais uma área

de interesse nacional português, mas sê-lo-ia sempre mesmo fora desse debate, em virtude da pressão política

feita pela Rússia a grande parte dos países europeus, e fruto da revolução energética em curso nos EUA, que

o projeta como maior produtor mundial de gás de xisto e potencial maior exportador de petróleo, até ao final da

década, segundo projeções da Agência Internacional de Energia.

Estamos, assim, perante um novo mapa energético mundial que mudou a uma velocidade galopante nos

últimos cinco anos. A geografia de Portugal deve, por isso, ser valorizada como porta de entrada do gás

americano na Europa, contribuindo para a diversificação das fontes energéticas da UE, acelerando a

concretização do mercado único de energia e repondo o equilíbrio interno da energia europeia. A Madeira deve

ser promovida, neste plano, como palco de captação de grandes empresas do setor logístico e energético e

afirmar-se como pivot de ligação dos três continentes.