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II SÉRIE-A — NÚMERO 7

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do surto, seria até 67 vezes superior. Contudo, a mesma evidência demonstra, que se estas medidas

tivessem sido instituídas antes, 66% dos casos de doença teriam sido evitáveis. E se tivessem sido instituídas

3 semanas antes, teriam sido evitáveis até 95% dos casos que Portugal terá durante os próximos meses.

Tivemos bons exemplos. A Coreia do Sul e Taiwan são dois casos de estudo de sucesso. Taiwan apostou

num apertado controlo de entradas nas fronteiras e não se limitou a atuar no controlo de sintomas. Sabendo-

se que a doença é transmissível até 3 dias antes dos sintomas surgirem e, que pelo menos 17% dos casos

podem não ter sintomas e, contudo, transmitir a doença, era fundamental terem sido implementadas medidas

de rastreio serológico da doença, e instituídos procedimentos que facilitassem a rastreabilidade destas

pessoas e possíveis contactos, para isolamento e corte de cadeias de transmissão, no mais curto espaço de

tempo. Esta sempre foi considerada pela comunidade científica internacional, como a medida preventiva e

com menos custos pessoais, sociais, políticos e econômicos, tanto a médio como a longo prazo. A Coreia do

Sul, continua atualmente a apostar em apertadas medidas de higiene, e formas inovadoras de comunicação

e acompanhamento da população, sendo a atual situação de redução acentuada no número de novos casos,

o resultado da implementação de uma estratégia de supressão de casos com a massificação dos testes junto

da comunidade.

Os dados epidemiológicos e evidência científica apontam para que dificilmente estejamos em condições

de retomar a atividade cotidiana a curto prazo, não sendo plausível que Portugal tenha uma evolução muito

diferente dos demais Países europeus nas próximas semanas. Características populacionais e geográficas,

podem trazer algumas diferenças em relação ao centro europeu, mas não é provável que tenhamos uma

situação epidemiológica muito diferente. Sabemos que a transmissão acontece já antes dos sintomas

aparecerem ou mesmo antes de aparecerem. Sabemos que em média, cada pessoa até ser isolada,

consegue transmitir a infeção entre 2 a 3 pessoas. Sabemos que os serviços de saúde, das forças de

segurança e da proteção civil, não tem tido desde o início, o equipamento e material de proteção necessários,

para salvaguardar a saúde dos profissionais e a segurança dos contextos onde trabalham. O desgaste dos

profissionais é uma realidade que já dura há algum tempo, que se irá agravar com uma proporção crescente

de profissionais de saúde a ficarem infetados ou em isolamento decorrente da prestação de cuidados. Muitas

pessoas poderão não necessitar de cuidados de saúde, mas em média, 13% irão precisar de cuidados

hospitalares e, 3 a 5% poderão necessitar de ventilação assistida e cuidados intensivos. Os tempos de

internamento com necessidade de ventilador podem oscilar entre 7 a 30 dias.

Por outro lado, é fundamental garantir todas as medidas de proteção das pessoas mais vulneráveis ou em

situação de maior risco social, particularmente a população idosa, bem como as crianças e jovens

institucionalizadas. Para o PAN, além das condições obrigatórias de proteção individual, também o rastreio

destes públicos e seus cuidadores é imprescindível, como forma de identificar atempadamente potenciais

focos de contágio e impedir assim a disseminação em escala deste vírus.

Estima-se ainda que em Portugal existam cerca de 800 mil cuidadores informais que prestam cuidados

aos seus familiares, em situação de doença crónica, deficiência e/ou dependência, numa condição de

fragilidade ou necessidade de outros cuidados. Atendendo à particular vulnerabilidade da pessoa cuidada,

consideramos fundamental proceder igualmente ao rastreio obrigatório de todos os cuidadores informais.

Esta pandemia trouxe novos desafios técnicos e científicos, obrigou a novas abordagens no domínio da

saúde, colocando à prova a capacidade dos Países de combaterem este problema, seja do ponto de vista

político, dos serviços de saúde, ou da sociedade no seu todo.

Num cenário, em que a própria presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já afirmou ser

fundamental reduzir a propagação deste vírus, considera o PAN que:

1. O rastreio e despiste deste vírus não pode nem deve circunscrever-se apenas a pessoas que

manifestem sintomas ou que tenham estado em contacto com pessoas infetadas, mas a todos aqueles que

se encontram expostos e podem expor terceiros;

2. Devem ser realizados testes para fins de diagnóstico, mas também como estratégia de rastreio e

identificação precoce de casos para uma eficaz supressão de novos casos na comunidade;

3. Em Portugal, o maior número de infetados encontra-se na faixa etária entre os 30 e os 49 anos, nas

pessoas que mais viajam e nas que estão socialmente mais expostas. Isto inclui todos aqueles que estão ao

serviço do País para que ele possa continuar a funcionar dentro dos limites estabelecidos nas medidas do