O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

3 DE NOVEMBRO DE 2021

55

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1496/XIV/3.ª

RECOMENDA AO GOVERNO QUE TOME DILIGÊNCIAS COM VISTA A MANTER A LIGAÇÃO DE

METRO DE ODIVELAS E DA ZONA NORTE DE LISBOA AO CENTRO DA CIDADE

O Plano de Desenvolvimento Operacional da Rede do Metropolitano de Lisboa apresentado em 2017 previa

essencialmente a concretização de uma linha circular entre o Cais Sodré e o Campo Grande, com um novo túnel

de ligação ao Rato e com a construção de duas novas estações – Estrela e Santos – e a aquisição de material

circulante novo. Posteriormente, estariam também previstas estações nas Amoreiras e em Campo de Ourique.

Relativamente à opção apresentada pelo Governo de criação de uma linha circular, que está a avançar

apesar de várias opiniões e deliberações em sentido inverso, significa a afetação dos parcos recursos

disponíveis a uma obra que não acrescenta nada de significativo à rede de metro. Com efeito, exige

investimentos avultados, tendo em conta as especificidades dos locais a intervencionar, além da necessidade

de realização de uma grande obra na estação do Campo Grande para permitir acolher a linha circular, ligando

as linhas amarela e verde, e de uma estação de ligação direta entre Telheiras e Odivelas.

Acresce ainda que a linha circular, além de ser uma opção mais dispendiosa e menos útil à população, põe

em causa o equilíbrio da rede como uma malha estrutural de mobilidade na cidade, comprometendo o seu

crescimento futuro.

De facto, têm sido apresentados vários problemas relativamente à criação da linha circular como o facto de

potenciar o rápido desgaste do material circulante, obrigando a custos acrescidos de manutenção (não é por

acaso que muito poucas redes de metro têm linhas circulares, sendo o caso mais relevante o do metro de

Londres, que decidiu reconfigurar a sua antiga linha circular), apresentar vários inconvenientes para utentes e

maquinistas e não resolver o problema do constrangimento no Cais do Sodré, um dos pontos de interface de

maior tráfego da rede e que faz correspondência com a Linha de Cascais e com os barcos da Transtejo, até o

agravaria, por manter concentrada num único ponto a correspondência entre esta linha ferroviária e o metro.

Como consequência, e caso este plano se mantenha, milhares de passageiros que hoje apanham o metro

no concelho de Odivelas e na zona norte de Lisboa deixarão de ter ligação direta ao centro da cidade e ver-se-

ão obrigados a mudar de linha no Campo Grande para chegar a estações como Rato, Marquês de Pombal ou

Saldanha, que passarão a integrar a futura linha verde circular.

Saliente-se que, em 2017, conforme divulgou a comunicação social, a estação de Odivelas foi a terceira mais

movimentada da linha amarela, com 7 364 376 entradas e saídas de passageiros, ultrapassando a estação do

Marquês de Pombal.

Neste contexto, importa recuperar a Resolução da Assemblela da República n.° 167/2019, de 10 de

setembro, que teve como origem vários projetos de resolução, entre eles o Projeto de Resolução n.º 1271/XIII/3.ª

do PEV, e que recomenda ao Governo urn efetivo investimento no Metropolitano de Lisboa e urn plano de

expansão que sirva verdadeiramente as populaçöes, corn a suspensão do projeto de expansão da linha circular.

Também no âmbito da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2020 foi aprovada uma

proposta de alteração com vista à suspensão do projeto de construção da linha circular do metro de Lisboa. No

entanto, o projecto foi avançando, ignorando estas deliberações.

O Partido Ecologista «Os Verdes» tem vindo a defender a expansão do metro de Lisboa para zonas onde

este ainda não existe e é necessário, como por exemplo Campolide, Campo de Ourique e a zona ocidental –

Alcântara, Ajuda e Belém – onde 100 mil habitantes continuam mal servidos de transportes, em alternativa à

densificação da rede na zona central, uma vez que a rede atual se encontra desequilibrada, abrangendo

maioritariamente a metade central e oriental da cidade. Igualmente importante é a sua expansão para Loures.

Nesse sentido, o PEV reitera que a expansão da rede do Metropolitano de Lisboa é um elemento

determinante para a cidade e para a área metropolitana. Como se sabe, uma rede de transportes públicos

coletivos eficaz assume uma grande importância como forma de garantir o direito à mobilidade dos cidadãos,

um direito constitucional que garante, por sua vez, o acesso a tantos outros direitos como a saúde, a educação,

o trabalho, o lazer e os serviços públicos, mas também porque representa benefícios ambientais, económicos e

sociais que são amplamente reconhecidos.

Exatamente por isso, o investimento nos transportes públicos coletivos deve ser uma prioridade absoluta,

através de projetos que beneficiem verdadeiramente as populações e que contribuam para diminuir os milhares

de carros que diariamente entram em Lisboa.