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II SÉRIE-A — NÚMERO 32

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Faro, onde existem apenas 6 médicos com menos de 55 anos. Para além disso, denunciou «A falta de camas

para operar doentes oncológicos, a escassez de recursos humanos em diversas especialidades como por

exemplo Pediatria, Ortopedia, Ginecologia/Obstetrícia e Anestesiologia, instalações de Psiquiatria que não

correspondem às boas práticas estando isoladas do resto do hospital e ainda a falta de capacidade de

resposta no transporte de doentes urgentes» são algumas das principais preocupações.

Os alertas do Bastonário confirmaram-se. Apesar de a Ministra da Saúde ter negado a falta de médicos3, a

verdade é que em setembro de 2021 foi noticiado o encerramento das urgências pediátricas durante o período

noturno devido à falta de profissionais4. O problema é comum tanto na unidade de Faro como de Portimão.

Segundo a mesma notícia o serviço de Pediatria do Centro Hospitalar Universitário do Algarve cobre uma

população estimada de mais de 57 mil utentes, que podem chegar a 90 mil por serem serviço de referência da

região (respondem quando Portimão precisa), e que duplica ou triplica nos meses de verão, com os turistas.

Concluindo que «Três pediatras estão a assegurar serviço no Hospital de Faro, numa equipa de 13 que está

reduzida pela idade avançada e problemas de saúde. Em Portimão, a falta de profissionais encaminha os

utentes para Faro. Sem urgências possíveis dentro de poucos dias, todo o Algarve terá apenas um serviço

privado com Urgências noturnas de pediatria e neonatologia.» A situação era já naquela data particularmente

preocupante, agrava-se pela circunstância de chegados a 2022 a situação não ter melhorado.

Em novembro de 2021 a Ordem dos Médicos voltou a alertar para o risco iminente de encerramento da

urgência de Pediatria de Faro5, devido à falta de médicos. Em visita ao Hospital de Faro, o representante da

OM, referiu que «Os problemas, confessou no final aos jornalistas, não só 'se arrastam', como foram

agravados, nos últimos dois anos». E acrescentou «Estamos ainda pior. Temos as escalas de Urgência de

Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia preenchidas com muito sacrifício dos poucos especialistas que ainda

podem fazer urgência. Na pediatria, temos apenas três profissionais com idade inferior a 55 anos. Por isso, a

urgência socorre-se de horas extra de colegas que se multiplicam para fazer múltiplos bancos».

A presidente do Conselho de Administração do CHUA em resposta, alertou que «Mais de 80% das

situações não deviam ser resolvidas sequer na urgência: podiam ser feitas ao nível da consulta». Acontece, no

entanto, a carência de médicos de medicina geral e familiar também é uma realidade na região do Algarve. Em

dezembro de 2021 a Administração Central dos Sistemas de Saúde dava conta de mais 20 mil algarvios sem

médico de família do que em janeiro de 2018.6

Em fevereiro de 2022 o CHUA foi novamente notícia pelas piores razões, tendo o Sindicato Independente

dos Médicos (SIM) referido que «Fecho de urgência de Obstetrícia no Algarve é recorrente e obriga à

transferência de grávidas para hospitais a norte da região, o que sobrecarrega ainda mais serviços já de si

também sobrecarregados, como é o caso do Hospital de São Bernardo, que também já viu as suas urgências

encerrar por falta de meios humanos.7 Para além disso, será sempre mais cómodo para a grávida estar perto

da sua residência e da sua família.

Segundo o dirigente sindical, referindo-se aos médicos que prestam serviço nas urgências «muitos deles,

no ano passado, ultrapassaram as 400 horas extraordinárias», o que significa que estes profissionais

trabalham «entre 50 a 60 dias úteis, quase três meses a mais que o comum dos mortais».

No início do mês de março o Hospital de Faro voltou a estar sem urgência de pediatria, segundo

comunicado do Sindicato Independente dos Médicos8 «Apesar dos apelos públicos e das promessas de

solução, a situação mantém-se quase inalterada, com o CA a tudo fazer para a ocultar, ao mesmo tempo que,

desde então, são muitos os períodos que não estão assegurados, por pelo menos 2 médicos especialistas em

presença física.» No dia 17 do mesmo mês, foi noticiado a urgência pediátrica estaria a funcionar, mas sem

médicos da especialidade, ou seja, a lei exige que o atendimento seja assegurado por pelo menos dois

pediatras mas na falta destes, as lacunas têm sido supridas por médicos de clínica geral e familiar, em clara

violação da lei9.

Em 2 de abril, o Sindicato Independente dos Médicos, que tem sido inesgotável nos esforços para alertar e

resolver esta situação, declarou que seriam necessários, no mínimo,18 médicos, no entanto, em Faro existem

3 Ordem dos Médicos desmente ministra e insiste que faltam médicos no Algarve – Observador 4 Algarve sem urgências pediátricas à noite (jn.pt) 5 Ordem diz que Urgência de Pediatria de Faro está em «risco iminente» de fechar (sulinformacao.pt) 6 Deputados do PSD por Faro indignados com encerramento do Bloco de Partos em Portimão (regiao-sul.pt) 7 Falta de ‘recursos humanos’ encerra urgência de obstetrícia do Hospital de Setúbal – Diário do Distrito (diariodistrito.pt) 8 Hospital de Faro sem Urgência de Pediatria – Notícias – Sindicato Independente dos Médicos (simedicos.pt) 9 Urgência do Algarve sem pediatras há vários dias | Watch (msn.com)