O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-A — NÚMERO 28

34

PROJETO DE LEI N.º 144/XVI/1.ª

ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DE SALIR DE MATOS À CATEGORIA DE VILA

Exposição de motivos

Caracterização da povoação de Salir de Matos

Integrada no concelho das Caldas da Rainha, Salir de Matos foi uma das treze vilas dos coutos do Mosteiro

de Alcobaça. Teve foral, dado por D. Manuel I, em 1 de outubro de 1514. Segundo o Numeramento de 1527, o

concelho tinha 16 vizinhos. De termo, uma légua em largo e em redondo; parti com as vilas de Alvorninha, Santa

Catarina e Alfeizerão. No cumprimento do seu poder administrativo, tinha juiz ordinário, dois vereadores,

procurador do concelho, escrivão da câmara, almotacil e meirinho. Na divisão eclesiástica, era vigararia da

apresentação do Convento de Alcobaça, tendo passado a curato.

No foral de D. Manuel, em 1514, a freguesia é denominada de Salir do Matto.

Atualmente, com uma população de cerca de 3000 habitantes, número que tem vindo a aumentar devido à

expansão das edificações nos últimos anos, esta freguesia rural ocupa uma área de 2500 ha.

Salir de Matos, ou dos Matos, como também aparece referenciada, é uma povoação muito antiga. Vestígios

arqueológicos encontrados comprovam o povoamento romano da região. Emílio Hubner, nas Noticias

Arqueológicas de Portugal, menciona uma inscrição encontrada no local, que dizia: «D.M.S./SOLPICIAE

C.OL./SIPONESI NA./XXXV CALECUS/R…SI… VXORI/P…P…C». Faz parte de um monumento sepulcral que,

traduzido, significa o seguinte: «Dedicado aos deuses menes. Aqui jaz Sulpicia, natural de Collippo irman de

Calleco, a qual faleceu na edade de 35 anos». As três letras da última linha, embora não totalmente decifradas,

talvez signifiquem «Pientissimae Poni Curavit». Caleco seria provavelmente um lusitano natural de Eburobriga.

Em Alfeizerão, surgiram várias outras inserções romanas, que poderão estar relacionadas com esta, de Salir

de Matos. Uma delas constituía a sepultura de uma tal Sulpicia, que, por testamento, deixou encarregado do

seu funeral seu parente Servilio Avito. Põe-se a hipótese, falível por certo, de esta Sulpicia ser da mesma família

de Salir de Matos. Pertenciam ambas aos Avito, família muito considerada na cidade de Colippo.

Um topónimo que terá a ver com a realidade geográfica do território na época da reconquista cristã,

provavelmente inculta e não trabalhada. Os lugares da freguesia, com o nome de «casal», demonstram a forma

como foi povoado aquele local pelos primeiros monarcas portugueses.

A constituição de «casais» foi frequente em todo o País, nestes séculos pós-fundação da nacionalidade.

Outros topónimos apontam a sua origem para a Idade Média.

Salir de Matos tem como padroeiro Santo António, celebrado no mês de junho com um arraial e marchas

realizadas pelas crianças da catequese. A principal festa da paróquia decorre normalmente no segundo domingo

de janeiro, em honra de Santo Antão.

A igreja paroquial da freguesia, dedicada ao orago Santo António, tem um prospeto exterior muito curioso,

devido ao alpendre que, sem dúvida, a marca visualmente. No interior, tem a cobrir a nave um teto de madeira,

de três planos, com quinze painéis. Estas pinturas são todas diferentes, denunciando terem sido executadas por

um artista popular anónimo. Uma imagem de Santo António, escultura de pedra, popular do Século XVIII, vê-se

num nicho da nave. Altar-mor e dois colaterais relativamente interessantes.

1. Situação geográfica e demográfica

A cinco quilómetros da sede do concelho, Salir de Matos está situada a meia distância entre as ribeiras da

Tornada e Alfeizerão, entre as Caldas da Rainha e Turquel, do concelho de Alcobaça.

Distribuída por vinte sete lugares – Barrantes, Cabreiros, Casal da Areia, Casal da Cabana, Casal do Clérigo,

Casal do Cozinheiro, Casal da Goucha, Casal Malpique, Casal Novo, Casal de Santa Cecília, Casal de Santo

Amaro, Casal Vale do Souto, Cruzes, Formigal, Guisado, Infantes, Mata, Matinha, Outeiro da Venda, Salir de

Matos, São Domingos, Teixeira, Torre, Trabalhias, Vale da Quinta, Venda e Vimeira –, é uma freguesia onde o

setor primário é a principal atividade económica da população local, com áreas residenciais em meio rural, áreas

de floresta, essencialmente pinheiros e eucaliptos, e campos agrícolas onde predomina a fruticultura,