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II SÉRIE-A — NÚMERO 175

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desenvolvimento do povoado a que hoje corresponde a freguesia de Lanheses, abrangendo um longo período

de aproximadamente dois mil anos, até à sua elevação a vila e a sede do concelho.

Esta povoação, fundada num passado remoto, em data que se perdeu na História, terá, para uns, começado

por ser assento da antiga cidade lusitana designada Chada Lais ou cidade dos Laisenses e, para outros, obra

de imigrantes oriundos de Lagenas ou Laias de Ribadávia, na Galiza, com a particularidade destas duas

povoações partilharem a mesma padroeira, Santa Eulália. Outros, ainda, defendem que no pequeno território

que confina com a margem direita do rio Lima e que se estende pelo vale situado a sul da Serra d’Arga,

constituído por pequenos outeiros e terras férteis, existiu um colonato de etnia celta a que chamavam Iann,

passando os seus habitantes, com a vinda dos romanos, a designarem-se lannienses, dando assim origem ao

topónimo Lanheses.

Na verdade, as evidências arqueológicas estudadas e o património histórico preservado tendem a confirmar

a fixação e permanência de pessoas no território de Lanheses desde tempos muito recuados. As referências

escritas mais antigas que se conhecem relativas a Lanheses constam do inventário dos bens do Mosteiro

Beneditino de São Salvador da Torre e remontam a tempo anteriores aos da fundação de Portugal, sendo,

contudo, ainda pouco substanciais quanto à estrutura e organização do povoado.

Os contributos efetivos mais recuados no tempo chegaram aos nossos dias através das inquirições de 1258,

onde os inquiridores ao serviço de D. Afonso III deixaram escrito que o território de Lanheses, ao tempo,

pertencia ao couto do dito Mosteiro Beneditino de São Salvador da Torre, do julgado de Ponte de Lima,

juntamente com Torre, Nogueira, Meixedo e Vila Mou. Da análise das inquirições de 1290, realizadas por ordem

de D. Dinis, conclui-se que a freguesia de Lanheses já pertencia ao Julgado de Viana e, do catálogo das igrejas

subordinadas ao Bispado de Tui elaborado em 1320, ainda durante o reinado do monarca lavrador, que Santa

Eulália de Lanheses pertencia ao Arcediago da Terra da Vinha e que beneficiava de razoável situação

económica.

Em 1444, durante o reinado de D. João I e por ação intentada junto da Santa Sé, o território de Lanheses foi

retirado da alçada do Bispado de Tui e incorporado no de Ceuta, até que, em 1513, durante o Arcebispado de

D. Diogo de Sousa, passaria a pertencer à Arquidiocese de Braga.

A construção de barcas, a pesca da lampreia, do sável e do salmão, a extração de areia e o transporte de

pessoas e bens foram ocupação constante das gentes que se fixaram na área circunvizinha, tendo tais

atividades, a par da agricultura, da olaria e da mineração, contribuído para a prosperidade económica da

comunidade paroquial.

No Tombo Paroquial de Santa Eulália de Lanheses, datado de 1563-1593, foi feito constar que a freguesia

pertencia ao termos da Vila de Viana e à Arquidiocese de Braga e que a respetiva igreja contava com os serviços

de um abade e de um cura.

A variedade dos registos escritos, elaborados a partir do Século XVI, que chegaram aos nossos dias, tem

contribuído definitivamente para se conhecer da evolução do status de Lanheses, quer enquanto paróquia

eclesiástica, quer enquanto autarquia civil. Desse percurso evolutivo transparece ter-se verificado uma

emancipação gradual relativamente ao Mosteiro Beneditino de São Salvador da Torre. Tal facto, para além de

indiciador de que a comunicada de crentes crescera, tornando-se inevitável a sua elevação a paróquia, favorece

a tese de que terá sido uma circunstância decisiva no que diz respeito ao desenvolvimento posterior, o qual viria

a culminar na constituição da vila e do concelho de Lanheses, cimentando dessa forma os poderes régio e

municipal naquelas terras.

O contributo decisivo que faz antever esse trajeto rumo à municipalidade é transmitido pelas memórias

paroquiais elaboradas para o distrito de Viana em 1758, onde relativamente a Lanheses o pároco memorialista

registou a presença de um rol de oficiais próprios da organização municipal, constituído por um juiz pedâneo,

dois quadrilheiros, oficiais da freguesia, quatro vereadores e um procurador.

1.2. A extinção do concelho de Lanheses

Com a publicação da Carta de Lei de 25 de Abril de 1835 e do Decreto de 18 de julho desse mesmo ano,

Portugal foi dividido em distritos e estes subdivididos em concelhos e freguesias, tendo o concelho de Lanheses

ficado a pertencer ao distrito de Viana do Castelo então criado. O referido articulado legal previa já que o número

de concelhos e de freguesias de Portugal fosse oportunamente regulado. Nesse sentido, no ano seguinte, as