O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

110

II SÉRIE-B — NÚMERO 20

1.° período

Não se conhece exactamente quando se iniciou o l.° período mas sabe-se que vários povos utilizaram estas aves para transportar informações, quer em tempo de paz, quer durante a guerra.

Afirma-se que Salomão enviava informações para as diferentes zonas do seu Império por intermédio dos pombos.

Os egípcios recorreram, durante séculos, ao serviço destas aves para dar a conhecer o nível de água do Nilo e o Faraó Ramsés ín (1198-1166 a. C.) fez saber, seguindo o mesmo processo, que havia subido ao trono.

Este povo utilizou uma espécie de correio aéreo e para isso possuía vários pombais, em forma de torre, distantes uns dos outros alguns quilómetros, a partir dos quais enviavam pombos portadores de informações desejadas.

Os Gregos serviram-se também dos pombos para transmitir várias indicações, nomeadamente aquando das olimpíadas.

Refere-se que um habitante de Egina, localidade situada a cerca de 60 km de Atenas, avisou o pai, no ano de 444 a. C, de que havia vencido as olimpíadas, utilizando para isso um pombo-correio.

Os Romanos também empregaram estas aves com finalidades diversas.

Os imperadores enviavam e recebiam importantes informações referentes ao Império.

Júlio César pode servir de exemplo, pois informou Roma do que se passava na Gália.

A realização de espectáculos de circo foi conhecida frequentemente pelo envio de mensagens transportadas por estas aves.

Informações militares foram também comunicadas do mesmo modo, como sucedeu no cerco de Mudena, nos anos de 44 e 43 a. C. e no qual Brutus comunicou com Hertius.

Os Romanos cultivaram o gosto pelos pombos e consta que o imperador Alexandre Severo (222-235) possuía mais de 20 000 destas aves.

Também durante o Império Romano os pombos-correios chegaram a ser adquiridos por preços bastante elevados.

Outros países como a Síria e a Pérsia, por exemplo, também cultivaram e utilizaram os pombos-correios.

As primeiras leis de protecção de pombos foram promulgadas há vários séculos na cidade de Afrodite Astarté, na Asia Menor.

Deve-se ao egípcio Michad Sabbath o primeiro livro dedicado a estas aves. Foi durante as Cruzadas que os países da Europa tomaram conhecimento da utilização de pombos-correios por países do Oriente.

Na Holanda, durante os cercos de Haarlen (1572) e Leyde (1575), empregaram-se pombos-correios para enviar informações.

2." período

Após a Revolução Francesa, em 1789, estendeu-se ao povo a possibilidade de construir pombais, terminando assim com o privilégio concedido até aí à nobreza e ao clero. Ainda há poucos anos se encontravam restos de pombais existentes em algumas abadias.

Imediatamente após a data referida verificou-se particularmente na Bélgica e norte da França, apreciável interesse pela criação dos pombos-correios. Estes pombos diferiam dos do 1.° período em consequência da interferência directa do homem na obtenção das variedades

que passaram a apresentar as características mais condizentes com o que se pretendia do pombo-correio: orientação mais rápida, maior resistência ao esforço, velocidade de deslocação mais elevada.

Para atingir estes fins, houve necessidade de proceder a cruzamentos de raças ou variedades diferentes. Pouco depois foram constituídos agrupamentos columbófilos e as largadas, hoje designadas concursos, não se fizeram esperar.

Em 1806, a Perfeitura át Ourthe realizou soltas em Paris e em Lyon. Em Liége, nos arredores de Amercouer, instalou-se uma sociedade na qual se reuniam columbófilos para enviar pombos a concurso e estabelecer prémios especiais. O primeiro pombo recebido tinha direito a festa e era passeado pela localidade acompanhado pela população e fanfarra.

Em Grand e Ververs a actividade columbófila foi iniciada em 1815, em Bruxelas em 1820 e em Roubaix em 1849.

Efectuaram-se soltas em Antuérpia, Bruges e Lille a partir de Gand, em 1915; em 1826 os pombos eram enviados a Paris, em 1830 a Lyon e pouco depois a Londres.

O desenvolvimento da columbofilia foi lenta mercê de dificuldades encontradas, nomeadamente para transportar os pombos. Usou-se primeiramente o transporte em carroças devidamente preparadas e puxadas por burros e depois foi o homem que se encarregou de levar no dorso os cestos com as aves. Estes homens deslocavam-se diariamente cerca de 40 km. Apesar das dificuldades, efectuaram-se soltas de 200 km a 800 km de distância.

O caminho de ferro veio abrir novos horizontes e a columbofilia aumentou na Bélgica e na França, estendendo--se à Holanda, Inglaterra, etc.

No 2° período, os pombos-correios também foram, e são, usados em tempo de guerra ou de paz.

Refere-se a vantagem da família Rotchild, proprietária da Reuter, ao conhecer, via pombo-correio, a derrota de Napoleão em Waterloo, a 18 de Junho de 1815. Também se pode indicar a importância destas aves durante a guerra Franco-Prussiana, em 1870. Mais próximo dos nossos dias podem assinalar-se os feitos realizados principalmente na Primeira Guerra Mundial e disso há várias testemunhas, quer através de documentos escritos, quer mesmo monumentos que perpetuaram o valor do pombo-correio. Na Segunda Guerra Mundial, os mesmos pombos foram utilizados. Ainda nos nossos dias os pombos são por vezes empregados em tempo de paz, como sucedeu em determinadas regiões, nas quais é mais fácil, rápido, seguro e económico enviar para análise o sangue de alguns doentes, sendo os resultados transmitidos telefonicamente ou via rádio.

Origem dos pombos-correios

Inicialmente, usaram-se os pombos de cada região que reuniam as características mínimas indispensáveis aos fins desejados. O pombo persa, o de Bagdad, o mensageiro inglês e irlandês, foram algumas dessas aves utilizadas.

Na Bélgica referia-se a existência do pombo bizet (pombo da rocha ou da torre), o cambalhota, o gravata, o papo de vento de Gand, também denominado «pombo para largadas».

Os columbófilos procuraram, após'os resultados dos primeiros concursos, obter e seleccionar os pombos mais convenientes e recorreram ainda ao gravata francês e ao mensageiro inglês.