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7 DE ABRIL DE 1994

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Verificou-se na Bélgica, algum tempo depois, a existencia de dois tipos de pombos bem definidos pelas características apresentadas. Estes dois tipos foram designados, um como pombos de Liége e o outro como pombo de Antuérpia, cidade onde, em princípio, foram cultivados. Esta cultura fot realizada de modo ligeiramente diferente, uma vez que em Antuérpia a obtenção se processou mais através do trabalho do povo ou do homem do provo, enquanto que em Liége esse mesmo trabalho se deveu à burguesia.

O pombo de Liége tem a seguinte origem: cruzamentos gravata x cambalhota primeiramente e depois gravata x x cambalhota (x mensageiro inglês).

Em Antuérpia a situação foi um pouco diferente (gravata x cambalhota) x mensageiro inglês) x papo de vento de Gand.

O pombo de Liége apresentava tamanho médio, pernas curtas, peito largo, esterno forte, plumagem abundante, bico curto, cabeça convexa, carúnculas pequenas, olhos proeminentes e vermelhos escuros, orla estreita e lisa, asas longas com penas largas e cauda estreita, semelhança à uma só pena.

O pombo da Antuérpia caracterizava-se por maior corpulência, cabeça chata, bico grosso e comprido, carúnculas grandes, orlas espessas, pérolas ou brancas, peito largo, esterno profundo, asas bem emplumadas e boa musculatura.

Pode considerar-se que em 1850 havia um tipo de pombo belga bem definido, tipo este que foi sendo adoptado por outros países onde ainda há poucas décadas encontrámos não só o pombo belga, como o dragão, o dragãozinho, etc.

Actualmente, os pombos-correios são obtidos a partir de espécies ou de linhas mais ou menos bem individualizadas, em consanguinidade ou através de cruzamentos devidamente escolhidos.

3 — Também o Sr. Auricélio de Matos em artigo intitulado «Acção do pombo-correio em mensagens difíceis» dá nota das qualidades da ave.

O pombo militar não constitui uma raça especial. É um pombo-correio, como outro qualquer, que recebeu uma educação adaptada à mobilidade de pombais e ao transporte de mensagens, através de tubos (porta-men-sagens) que lhes são colocadas nas patas.

Também há outros que são treinados para transportarem pequenas máquinas micro-fotográficas que lhes são colocadas por baixo das asas. Um pombo militar, bem treinado, volta ao seu pombal de um ponto mais afastado de várias centenas de quilómetros a uma velocidade de 60 a 100 km/hora e transportará as mensagens que lhe foram colocadas nos referidos porta-mensagens.

Um alado convenientemente treinado pode efectuar ligações durante a noite e viagens de ida e volta.

Empregam-se, sobretudo, para transmissão de mensagens importantes quando os meios principais são fracos (croquis, decalques, mensagens, etc.) quer seja para economizar combustível e até para poupar os estafetas.

Têm sido relevantes os serviços prestados por estas simpáticas aves.

Em Waterloo, Napoleão travou a sua última batalha. A notícia da derrota foi transmitida para Londres por um pombo-correio. O alado foi recebido no pombal de um banqueiro que, aproveitando esta notícia, jogou forte na bolsa enquanto que os fundos sofriam uma baixa terrível à espera dos acontecimentos. O referido banqueiro, em poucas horas, conseguiu uma fortuna colossal.

Outro grande feito foi na Grande Guerra na batalha de Somme em Verdun. O pombo-correio mostra, mais uma vez, a sua grande utilidade prática. As vias de comunicação estavam cortadas pelo fogo intenso do inimigo. Tornou-se necessário recorrer mais uma vez a estes alados como único meio de transmissão.

Foi em Verdun, quando o Forte de Vaux estava cercado, que o comandante Raynal ligou a sua glória à do pombo--correio. Todas as esperanças dos defensores residiam na confiança que eles tinham nesses fiéis mensageiros.

Certa noite, o comandante Raynal diria: eis a nossa última esperança.

A mensagem foi enviada pelo último pombo e os heróis defensores do Forte Vaux foram salvos.

O pombo conseguiu resistir, depois da sua morte foi embalsamado e encontra-se com as respectivas condecorações «Cruz de Guerra» na sala do museu militar.

Mais outro relevante serviço prestado pelos pombos--correios foi prestado aos tripulantes de um hidròvião em serviço no Atlântico, por altura da Grande Guerra 1914--1918, que por avaria no motor foi forçado a descer no alto mar. Ao embater na água sofreu forte avaria na sua aparelhagem de transmissões. Havia felizmente dois pombos a bordo. Foram lançados com uma mensagem que indicava as coordenadas precisas do local onde se havia dado o acidente. Apenas um dos pombos conseguiu chegar ao seu destino. Recebida a mensagem, imediatamente foram prestados os devidos socorros e toda a tripulação do aparelho foi salva. Este pombo encontra-se embalsamado na sala dos oficiais da RFA.

4 — Sobre o título «Histórias da História» o Dr. Luís Pombeiro fala também do pombo-correio ao longo dos tempos.

Relata a Bíblia — que Noé, passados 40 dias sobre o Dilúvio, abriu a janela da arca e soltou um corvo, que saiu e não voltou. Depois soltou também uma pomba, mas esta, não encontrando onde pousar, voltou para a arca. Noé esperou mais sete dias, findos os quais soltou novamente a pomba que regressou pela tarde, trazendo no bico um ramo de oliveira com as folhas verdes. Por este sinal, Noé entendeu que as águas deixavam a terra (Génises 8, n).

Ora, neste duplo e singular retorno da columbina à nave do seu amo podemos nós entrever a matriz do desporto columbófilo: a fidelidade do pombo-correio à recriadora ambiência do seu pombal é irmã gémea da tenacidade com que, contra ventos e marés, ele voará, com espantosa e atlética nobreza, para chegar, depressa, ao almejado patim.

Ao destacarmos os méritos dos nossos pombos-correios perpassa-nos pela mente o cenário dos feitos e serviços pela espécie prestada à Humanidade, em seu percurso milenar: eis além, Plínio, o Velho, exaltando na sua «História Natural» o feito daquela ave que durante o assédio a Modena, no ano de 43 d. C, permitiu ao sitiado cônsul Ircio enviar, ao Senado Romano, uma mensagem a pedir reforços.

«Para que servem as muralhas e as sentinelas, o bloqueio e as redes estendidas no rio, quando se pode fazer chegar as notícias pelo espaço!»

No Império Persa, o correio aéreo baseado no serviço de mensagens através de pombos-correios deu origem a um ramo da administração pública.

Os Egípcios, os Gregos e os Romanos empregaram-nos como estafetas nos seus exércitos, dispensando à sua educação e treino os maiores cuidados, já que em muitas regiões estas aves eram objecto de culto, consideradas como mensageiras dos deuses.