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II SÉRIE-B — NÚMERO 32

projecto próprio, para atender a casos gerais não graves, e subsidiar equipas técnicas para se deslocarem às instituições que possuam espólios em risco grave.

Em toda a Europa, de resto, os técnicos de conservação e restauro são deficitários e o Estado tem de ter quadros suficientes para avançar com o tratamento dos seus próprios espólios; só depois poderá responder às solicitações dos privados. É preciso não esquecer que as verbas do Orçamento de Estado ligadas a conservação e restauro são muito baixas, pelo que é difícil atender às suas próprias necessidades.

Há, de facto, uma necessidade de aprofundamento na formação e de compreender que sem técnicos não se podem fixar arquivos.

Uma proposta de intervenção pode sintetizar-se em quatro vectores:

1.° Formação;

2.° Reunião, contacto e troca de experiências entre os

implicados no sector de conservação; 3.° Dinamização e publicidade do sector de materiais

e equipamentos de conservação; 4.° Publicação e divulgação de bibliografia (o que se

articula com o projecto de edição e jornal do Centro

Português de Fotografia).

Falta essencialmente formação; quase todas as colecções existentes têm os seus técnicos, mas na maior parte sem formação específica para o trabalho que têm de fazer; daí que o mais urgente seja proporcionar-lhes essa formação. Considera-se que, dado o carácter recente destas preocupações, que há para fazer é tanto que o necessário não são tratamentos muito complicados, mas o básico da estabilização e conservação (ambiente controlado, organização elementar, etc.), pelo que se defende a criação de cursos de formação elementar para instituições públicas e privadas.

• O Arquivo Nacional de Fotografia não deve encarregar-se senão dos cerca de 3,5 milhões de espécies que tem a seu cargo e não pode dispersar-se dessa tarefa. O seu papel, para além disso, deve ser apenas de formação e coordenação, dando-se-)he os meios necessários para o desenvolvimento dessas funções.

É importante fomentar o encontro e a circulação de informação entre as pessoas que se dedicam ao trabalho de conservação, pela organização de encontros periódicos regulares, acções de formação, etc., como as que a Associação dos Bibliotecários é Arquivistas, em colaboração com o Arquivo Nacional de Fotografia, organizava, há algum tempo, todos os anos, para responsáveis dos sectores de conservação e mesmo para os funcionários que directamente trabalham com os espólios (normalmente participavam duas pessoas de cada instituição). Existiram também, de três em três anos, cursos de técnicos para progressão na carreira, na área dos arquivos em geral e também dos arquivos foto-. gráficos. Considera-se que estas iniciativas devem ser incentivadas, em ligações interinstitucionais. Há, além disso,

cursos de conservação e restauro, em geral, que têm cadeiras de fotografia, como é o caso da Escola Superior de Conservação e Restauro.

No presente momento, começa a existir, mesmo que pontualmente, uma consciência da necessidade de intervenção neste sector, portanto é o momento mais adequado para um maior incentivo e apoio, nomeadamente na área da publicação, do fomento de encontros entre responsáveis de conservação, de acções que proporcionem um maior acesso a materiais de conservação no mercado nacional, da

divulgação de normas de estabilização, conservação e catalogação e ainda da organização de cursos de formação.

Importante será a organização de pequenos seminários, que, ainda que não permitam avançar muito, provocam em geral, pelo menos, o despoletar de um interesse mais fundo.

Pensa-se que é fundamental divulgar a ideia de que as tarefas básicas de estabilização e conservação de colecções não são altamente especializadas e dispendiosas, evitando assim desistências precoces e a entrega de colecções a instâncias superiores. O importante será, pois, atingir, para já, o primeiro nível —arrumar, estabilizar, organizar, permitir usos —, nos próprios locais onde as colecções existem, ou seja, progredir por etapas, dado que, de imediato, a maioria das colecções necessitam de acções de preservação elementares.

1.2 — Funcionamento dos arquivos do Estado:

Dado que, na sua maioria, estes arquivos se encontram inactivos, para os activar pensa-se que será necessário:

a) Acelarar o processo de estabilização — conservação — restauro (sempre que indispensável);

b) Obter apoios e subsídios para reprodução, com plano de prioridades e faseada, de acordo com o levantamento de processos e estados de conservação (acorrendo obviamente primeiro às espécies em risco, como reprodução de salvação), enten-dendo-se que esta reprodução é em muitos casos o limiar do uso;

c) Em simultâneo, e articuladamente, promover a divulgação das colecções (que dá inclusive força à instituição para reivindicar mais meios). Esta divulgação poderá, entre outras, recorrer a estratégias como publicação de álbuns, exposições, etc., e dar respostas aos investigadores.

É fundamental estabelecer critérios de admissão das espécies nos arquivos (visto que, muitas vezes, as pessoas doam fotografias que não ousam destruir mas também não querem guardar, muitas das quais não têm valor que justifique a conservação e contribuem para uma sobrecarga prejudicial aos arquivos).

Muito embora a questão seja difícil, é um facto que as pessoas que boje têm por tarefa conservar têm de tomar por vezes a decisão de seleccionar e encaminhar, como condição do próprio guardar, mesmo com o risco de errar e sabendo que esse erro pode ser irremediável. Considerando que a fotografia é essencialmente interdisciplinar e que os usos dos arquivos fotográficos são difíceis, de limitar, sugere-se que o cruzamento de critérios (fotográficos, documentais, históricos, sócio-antropológicos, etc.) deve presidir a estas decisões de conservar ou não.

1.3 — Articulação com o Centro Português de Fotografia:

1.3.1 —Sendo, na generalidade, assente que o Centro Português de Fotografia é um organismo coordenador e orientador da política fotográfica nacional, não foi possível acordar na necessidade de se retirarem competências centralizadoras ao Arquivo Nacional de Fotografia no campo da conservação das colecções fotográficas e do inventário de outros objectos de colecções museológicas, que são efectuadas pelos mesmos técnicos de laboratório. E, no entanto, opinião maioritária que estes serviços devem ser desvinculados.