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S DE JULHO DE 1999

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BIBLIOGRAFIA

I — Despacho do Tribunal de Instrução Criminal da Comarca de Loures assinado pelo procurador da República Boaventura Marques da Costa em 8 dc Maio de 1990.

2— Processo n.° 1020/90 do 3." Juízo de Instrução Criminal do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa assinado pelo Procurador da República Boaventura Marques da Costa em 11 de Outubro de 1991.

3 —- Despacho do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, processo

n.° 1020/90 do 3.° Juízo, assinado pelo juiz Fernando Vaz Ventura em 20 de Janeiro de 1992.

4 — Relatório final da Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar ao

Acidente de Camarate, Diário da Assembleia da República. 2." série-B, n.° 34. de 16 dc Junho de 1995.

5 — Relatório do Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia

Industrial, M. Helena Carvalho, H. Carvalhinhos de A. d'Oliveira Sampaio de 23 de Dezembro de 1982. 6— Relatório sobre o acidente de avião Cessna 421. YV-3I4P, Eric Newton RTP, Dezembro de 1982.

7 — Relatório dos novos exames efectuados nos restos mortais de

Alfredo de Sousa e Jorge M. M. Albuquerque, Instituto de Medicina Legal de Lisboa, Prof. Doutor José M. G. Vieira, José Gama Afonso, Francisco M. M. Costa Santos.

8 — Rcport.of the examination of samples and trials in connection with

the loss of Cessna 421-A. RARDE, November 1989.

9 — Relatório de exames médicos legais feitos a pedido do Tribunal

de Instrução Criminal de Lisboa, John K. Mason, Jack Crane. 28 de Outubro de 1995. 10— Relatórios dos exames periciais realizados nos cadáveres de Jorge Albuquerque, Adelino Amaro da Costa e Francisco M. L. de Sá Carneiro, Prof. Vilaça Ramos, Luís Aires de Sousa, Prof. José R. F. F. da Gama Afonso, Francisco M. M. da Costa Santos. 21 dc Outubro de 1985.

11 — Report on the examination of the post-mortem samples arising

from some victims of the crash of a Cessna aireraft in Lisbon on

4th Dec, 10 May 1995. 12— Radiografias RI. RVII1, RXI, RXI1. RXIII de J. Albuquerque e

braço esquerdo de Adelino A. Costa. 13 — Despacho do juiz do Tribunal de Loures, livro i e livro n. juíza

Maria Margarida Ramos de Almeida, Abril de 1998.

14— Manual NATO FM8-2s5.

15— Metals Handbook, II. ASM Nova Iorque.

16— Coeficiente de absorção linear, programa PHOTCOEF. Internet. 17 — Transcrição de casseaes vídeo relativas a diligências realizadas no Hospital

de Santa Maria e Polícia Judiciária, 9-10 de Agosto de 1995. 18— Carbon Monoxide Poisoning. «Carbon Monoxide Concentrations». Table. author: Thomas H. Greiner, Extension Agricultural Engineer, Department of Agricultural and Biosystems Engineering, lowa State University, August, 1997

Caso Camarate

Em relação ao caso Camarate, que ocorreu em 1980,. passarei a relatar todos os factos de que me recordo, apesar de terem sucedido há quase 20 anos. Gostaria também de referir que apenas relato agora estes factos, uma vez que antes da VI Comissão de Inquérito Parlamentar ao Desastre de Camarate, nenhuma autoridade policial ou judicial me pediu para contar o que sabia, o que devo dizer sempre me surpreendeu. Por outro lado não tomei a iniciativa de contactar nenhuma destas duas autoridades para relatar os factos a seguir transcritos porque sinceramente receei que, se o fizesse, colocasse em risco a minha integridade física. Contudo agora, perante a oportunidade proporcionada pela VI Comissão de Inquérito Parlamentar do Desastre de Camarate, entendi ter chegado o momento de contar o que sabia sobre o caso Camarate.

Devo começar por referir que o Sr. José António dos Santos Esteves passava frequentemente por minha casa a partir de meados de 1977, altura em que o conheci, por ser amigo do meu marido, Fernando Simões. Visitava a minha casa para almoçar, para jantar, ou apenas por uma ou duas horas para conversar, relatando nomeadamente operações por si realizadas em Portugal com a colocação de bombas.

Cerca de duas semanas antes de 4 de Dezembro de 1980, o Sr. José Esteves referiu, entre outros assuntos, estar a tratar de algumas acções operacionais com um cidadão estrangeiro, denominado Lee Rodrigues, que era mecânico dc aviões, piloto aviador e especialista em explosivos.

O Sr. José António dos Santos Esteves apareceu no meu local de trabalho no Centro Comercial de Alvalade no Cabeleireiro Baeta, na Praça de Alvalade em Lisboa, no dia 4 de Dezembro de 1980, pouco tempo depois do atentado, ou seja, pelas 21 horas, perguntando pelo meu marido. Mostrava-se muito nervoso e preocupado edisse--me que queria falar com o meu marido. Em face disto, telefonei para casa dos pais do meu marido e pedi que lhe dessem o recado que o Sr. José Esteves estava no Centro Comercial de Alvalade à espera dele. O Sr. José Esteves pediu-me entretanto uma moeda, que eu lhe dei, para ele fazer um telefonema dos telefones públicos existentes nesse Centro Comercial. Disse-me então que estava nervoso e que um avião tinha «rebentado» em Camarate, onde estava o Sá Carneiro e outros políticos, que tinham virado «churrasco». Ao falar comigo estava muito agitado, olhando para várias direcções. Lembro-me perfeitamente bem desse dia^ pois havia várias senhoras no Cabeleireiro Baeta arranjando o cabelo e as mãos para irem a uma reunião política que iria ocorrer no Hotel Sheraton, em Lisboa, no dia seguinte, pelas 10 horas da manhã, com o Dr. Sá Carneiro. Entre estas senhoras encontravam-se a Sr.a Rita Costa Lima, a Sr.a Leonor Alvim e a Sr." Graça. Ao terem conhecimento da notícia de Camarate por volta das 21 horas e 15 minutos, saíram todas do Cabeleireiro em conjunto e muito agitadas. Por volta das 21 horas e 45 minutos chegou o meu marido com a minha filha de 3 anos, bem como a Gina, que era então a companheira de José Esteves, tendo-nos encontrado os quatro à porta do meu emprego, ou seja, no Cabeleireiro Baeta.

Por volta das 22 horas e 30 minutos saíram comigo do Centro Comercial de Alvalade o meu marido, a minha filha, o Sr. José Esteves e a Gina, no carro marca Fiat

600 branco, que pertencia ao meu marido. O carro foi conduzido pelo meu marido e fomos em seguida para a minha casa em Odivelas.

Chegámos a minha casa por volta das 23 horas. A minha filha de 3 anos foi logo para a cama. Eu e a Gina preparámos imediatamente o jantar, que consistiu em iscas, batatas fritas e salada de alface.

Jantámos os quatro pelas 23 horas e 30 minutos, e o Sr. José Esteves pediu então ao meu marido para ficai durante alguns dias a dormir na minha casa, pois tinha medo de voltar para sua casa por receio que estivessem pessoas à sua espera, por o relacionarem com o atentado de Camarate. Durante o jantar o Sr. José António dos Santos Esteves, manteve sempre o seu estado de grande nervosismo e ansiedade, tendo acabado por referir que ao ir ao Aeroporto na véspera, ou seja no dia 4 de Dezembro, entregou a bomba ao Sr. Lee Rodrigues para este a colocar no avião que caiu. Ó Sr. José Esteves referiu também que tinha' entrado no Aeroporto da Portela e que uma farda e documentos de um piloto de aviação, furtados pelo Sr. João Pedro Neves Dias por seu mando, foram utilizados para facilitar a circulação do Sr. Lee Rodrigues na pista do aeroporto. Contudo tinham-lhe dito que a bomba era para o general Soares Carneiro e que nunca lhe passou pela cabeça que sc destinasse ao Sá Carneiro ou ao Adelino Amaro da Costa.