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constituindo um lamentável cartão de visita da região mais turística de Portugal.
De facto, se exceptuarmos os melhoramentos de que foram alvo as estações abrangidas pelos
percursos Alfa e Intercidades, pouco resta que se salve no meio do naufrágio geral.
Basta uma pequena volta por alguns destes sítios para que rapidamente se forme um padrão do
desleixo a que estão sujeitos. A começar pelos grafitis: são uma constante ao longo de toda a
linha (incluindo nas principais estações), qual tribo de ‘artistas’ nómadas que, pela calada da
noite, saltam das moitas e silvados circundantes para, de sprays e marcadores em punho,
darem azo nas paredes de cada estação às suas ansiedades expressionais.
Outra prática que logo se detecta é a da vedação dos WC’s públicos: ao longo de toda a linha
não se detecta uma única estação em que as casas-de-banho estejam acessíveis aos clientes.
Na maioria dos casos, uma chave tem que ser primeiro pedida a quem a guarde, sendo que
noutros casos estas encontram-se efectivamente entaipadas ou pura e simplesmente não
existem. Porém, bem fora que os problemas dos clientes se cingissem à obtenção da chave.
Uma vez passado este obstáculo, aquilo com que nos deparamos são, quase sempre, antros de
uma imundície fétida, pouco atreitos a qualquer decência sanitária.
Os problemas de acessibilidade são mais que muitos – e neste caso será pertinente destacar a
deficiente sinalização no acesso às estações/apeadeiros, sendo que muitas vezes esta é
mesmo inexistente, para além de que, uma vez chegados à estação, os estacionamentos não
existem, são insuficientes, ou ficam ao critério do utente, dependendo da avaliação que se pode
fazer de certos descampados ‘mobilados’ a pedregulhos que muitas vezes circundam as
estações à laia de parqueamento. Em relação à acessibilidade apeada da estação propriamente
dita, destaque para as rampas de acesso que são completamente impróprias para deficientes e
pessoas em cadeiras de rodas, pela falta de manutenção e uso inadequado de calçadas, cujas
pedras se encontram muitas vezes soltas, tornando a sua travessia um autêntico Cabo das
Tormentas.
Estes são apenas alguns dos problemas mais comuns, mas há muitos mais. O lixo, por
exemplo, parece reproduzir-se em velocidades prodigiosas nas plataformas de embarque, ao
longo das linhas e nas zonas adjacentes. A situação de desleixo nalguns sítios chega a ser
chocante. Cresce abundante vegetação nas plataformas de embarque. Há janelas partidas e
portas arrombadas. De facto, tão desolador é o cenário em certos sítios, que estes tornaram-se
no porto de abrigo onde toda a sorte de toxicodependentes e delinquentes vêm parar de noite.
Vale a pena terminar realçando duas das situações reportadas, as quais sintetizam
perfeitamente a indiferença da CP/ Refer na manutenção das suas estruturas. Em Poço Barreto,
o acesso de automóveis à garagem de um privado dá-se pela plataforma de embarque. Já na
estação da Luz, grassa o bucolismo inovador, sendo que alguém terá tomado por iniciativa erigir
e manter aquilo a que alguns poderão apelidar de jardim em volta do WC público, vedando o
seu acesso até ao aventureiro mais audaz.
Não é demais salientar: a situação das estações de comboios e apeadeiros do Algarve é
vergonhosa para a Região. É uma sensação de Terceiro Mundo. A própria relação do País com
a sua rede ferroviária tem, desde sempre, sido uma de orgulho e carinho, o que torna tudo ainda
mais incompreensível. Dificilmente um turista que se depare com tal situação quererá repetir a
experiência. O Algarve não se pode dar ao luxo de fazer montra destas autênticas chagas
paisagísticas. Sem condições, não há credibilidade. Sem credibilidade, perdem-se clientes. Sem
clientes, corre-se o risco de desaparecer toda uma matriz económica que durante décadas foi
fomentada à custa desta linha e que foi erigida em torno desta e doutras estruturas
semelhantes.
Assim, ao abrigo do arsenal máximo das disposições constitucionais, legais e regimentais,
solicita-se a V. Exa. se digne obter do Ministério da Economia e do Emprego resposta às
seguintes perguntas:
9 DE NOVEMBRO DE 2012
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