O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

16 DE JULHO DE 2014

73

O Sr. Dr. Carlos Alberto Viveiros dos Reis: — Neste momento, os navios que fazem a operação, e já a

fazem desde 2009, aliás, um já faz desde 2007, têm uma capacidade, respetivamente, de 630 e 660

passageiros e, quanto a viaturas, têm capacidade para, um, 125 viaturas e, o outro, 180 viaturas.

O Sr. Jorge Fão (PS): — Tem ideia de quanto já custou à Atlânticoline, até este momento, o fretamento

destes navios para fazer esse transporte?

O Sr. Dr. Carlos Alberto Viveiros dos Reis: — Dos contratos autónomos, digamos que navio a navio, não

tenho noção. Dos contratos via concurso público internacional, sim. Cerca de 20 milhões, 9, 10 e 11 mais

cerca de… Neste momento, de 2009 a 2013, foram cerca de 35 milhões de euros.

Não consigo ir mais atrás, porque são contratos independentes, uns por pouco tempo… não são

comparáveis.

O Sr. Jorge Fão (PS): — Criámos um problema a nível nacional, prejudicámos, provavelmente, o erário

público e ainda sobrecarregamos com contratação, fretando transportes alternativos. Não acha que tudo isto

redundou num enorme prejuízo quer para a administração regional quer para o País?

O Sr. Dr. Carlos Alberto Viveiros dos Reis: — Sr. Deputado, volto um pouco atrás. A Atlânticoline queria

estes dois navios na sua operação de 2008. Foi prejudicada. Teve de encontrar uma solução para 2008;

depois, na operação de 2009, também foi prejudicada e teve de arranjar uma solução para a operação desse

ano. Portanto, se os Estaleiros Navais foram prejudicados, se o erário público foi prejudicado, a Atlânticoline

também foi prejudicada.”102

Um ex-Técnico da ENVC, o Sr. Eng.º António Martins Iglésias, que esteve 23 anos ao serviço da ENVC, foi

chamado para depor na CPI. Respondeu às perguntas dos Srs. Deputados, tendo abordado mais a questão

de Atlântida.

Sobre esta temática, responde à Sr.ª Deputada Carla Cruz:

“ O Sr. Eng.º António Martins Iglésias: — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, vamos, então, começar por falar

um pouco sobre o Atlântida.

Tenho de dizer aos Srs. Deputados que, como chefe de máquinas e engenheiro de máquinas da Marinha

mercante, estou nos Estaleiros desde 1988, depois de estar 16 anos ao serviço da Sociedade Portuguesa de

Navios Tanques, Soponata.

Tenho trabalhado como coordenador de provas, isto é, responsável por uma equipa de lançamento de

equipamentos e, nas provas de mar, era chefe de máquinas. Até 1999, altura em que construímos o último

porta-contentores, estava em trabalho nos porta-contentores que eram para a empresa alemã Jungerhans,

cujo porta-contentores são os melhores do mundo. Entretanto, deixei os porta-contentores e passei a trabalhar

— também me tocou — no Atlântida.

Falar do Atlântida é falar de um projeto, cujo tempo não era muito — acho que eram 560 dias para a

construção do navio —, e penso que o projeto não tinha amadurecimento suficiente para avançar neste

curto espaço de tempo. As coisas evoluíram de tal maneira que pensávamos que tinha de haver uma

parceria entre a Atlânticoline e os Estaleiros, pela maneira que aquilo estava a andar, porque os

Estaleiros não tinham condições de construção e tiveram de recorrer a outras empresas.

Qual não é o meu espanto quando, depois de conversar com os colegas acerca de uma parceria, não se

tendo levantado problemas, as coisas iam decorrendo, no dia 27 de abril deste ano, o Público publica uma

notícia que me ajuda a compreender que, de facto, a parceria existia ou teria de existir forçosamente por

intermédio de uma empresa chamada SCMA (Sociedade de Consultores Marítimos, Lda.).

As coisas desenrolaram-se, mas não eram fáceis; o tempo foi pouco e penso que se cometeram muitas

asneiras, que não podiam ser evitadas. Asneiras no sentido em que, sendo o navio de dupla propulsão, com

dois sistemas de propulsão, um arquiteto jamais escolheria uma propulsão cujos sentidos de rotação são os

102

Cfr. Ata da audição da CPIENVC, de 13 de maio de 2014, atual Presidente do Conselho de Administração da Atlânticoline, S.A., Sr. Dr.

Carlos Alberto Viveiros dos Reis, págs. 70-71.