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aterragens estão previstas para o mês em curso”. Depois de termos levantado a lebre

gostaríamos de saber que aviões nessas condições aterraram ou aterrarão nos outros

aeroportos militares.

O Governo diz na sua nota que não autorizou “aviões militares de qualquer procedência

transportando armas ou munições com destino ao Irão”. Isso nunca esteve em causa. Até

porque segundo as nossas informações as munições seriam transportadas num avião (em

aviões) civil, eventualmente da African Air Charters e no plano de voo não constariam como

destino aeródromos do Irão.

Também não perguntámos se alguma entidade estrangeira tomou ou irá tomar participações

na Sociedade Portuguesa de Explosivos. Os interesses estrangeiros podem muito bem ser

acautelados por entidades nacionais.

O que pretendíamos (…) era saber se interesses estrangeiros, designadamente israelitas, não

forma foram objeto de conversações relacionadas com a indústria portuguesa de armamentos

e munições. E mais: se sobre o assunto existem ou não diversos pareceres “eventualmente um

do ministro Pinto Balsemão” tendo em conta, designadamente, o interesse de explorar o

mercado iraniano».

A razão pela qual se citam ambos os artigos do Portugal Hoje praticamente na íntegra prende-se,

precisamente, com o facto de o decorrer dos trabalhos da CPI ter confirmado alguns dos

acontecimentos relatados pelo diário, designadamente a exportação de material militar para o Irão,

no ano de 1980, por interposição de um terceiro estado. Para além do que resultou do apuramento

da auditoria da IGF às contas do Gabinete do EMGFA – que confirmam a expedição de material militar

para o Irão cinco dias após a morte do Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa – alguns dos

pormenores citados pelo Portugal Hoje foram revelados pelo Comandante Alpoim Calvão, cujo

depoimento de seguida se disseca.

De acordo com o Comandante, a Explosivos da Trafaria dedicava-se ao fabrico de explosivos e tinha

presentes, nos órgãos sociais, personalidades como o General Fernando Pinto de Resende, os

Engenheiros Diogo da Fonseca e Carlos Pardal, para além de um representante de um sócio espanhol,

cujo nome Alpoim Calvão não recordou:

«Quero lembrar-me do nome dele, mas só me recordo de ele ter sido ministro da saúde no tempo

do regime anterior… Falta-me um, mas não me lembro quem é».

Relativamente à atividade da empresa o Comandante afirmou o seguinte:

«A atividade da empresa era, essencialmente, o fabrico de explosivos. Foi criada para isso e, mais

tarde, para corresponder às necessidades das Forças Armadas e porque o Estado assim o entendeu

— deu o impulso necessário para isso —, começou a dedicar-se ao fabrico de munições das quais

a empresa fazia a fase final, o chamado lapping-loading, assembling and packing, ou seja,

carregar, montar e embalar. Aquilo era, digamos, uma extensão final da linha de montagem das

munições. Recebíamos matérias-primas do exterior, eram trabalhadas lá, fazia-se os

carregamentos e depois ou eram entregues às Forças Armadas Portuguesas ou eram vendidas

para o exterior».

II SÉRIE-B — NÚMERO 56______________________________________________________________________________________________________________

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