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Confirmada a exportação de armas e munições, Alpoim Calvão foi questionado sobre o destino da

exportação:

«Devo dizer-lhe que, do que me lembro, exportámos para a Síria, para o Iraque, não diretamente

mas através de uma sociedade que havia, que era a COMETNA. Exportámos para a Rodésia, se

não me engano, e também para o Irão exportámos».

Sobre o papel da Cometna, foi afirmado o seguinte:

«A COMETNA era uma empresa que fazia invólucros metálicos para bombas de aviação. Eles é que

tinham os contratos mas pediam-nos que fizéssemos a parte final, e nós entregávamos os

invólucros metálicos, carregávamos e devolvíamos à COMETNA, que exportava. Até houve a

coincidência, a certa altura, de existirem duas empresas em que o Estado português tinha

interesse: uma exportava para o Irão e outra para o Iraque».

Após estes dados introdutórios, o Comandante foi questionado sobre o seu papel na angariação de

clientes estrangeiros, designadamente na sequência do que havia sido afirmado em Comissão por

Juzarte Rolo – que Alpoim Calvão era a pessoa que mais negócios conseguia trazer para a empresa.

Alpoim Calvão confirmou esse papel fundamental para países como a Síria, Rodésia e Irão, mas não

para o Iraque:

«Relativamente ao Iraque, não. Como digo, o Iraque era mais para a COMETNA e para a SPEL, que

era a Sociedade Portuguesa de Explosivos. Para o Irão é verdade, consegui algumas aberturas para

esse país, como, aliás, para a Síria e para a Rodésia».

De seguida, o Comandante foi questionado sobre se alguma vez enviou armas para o Irão através de

Israel. A questão e a sua sequência tomaram a seguinte forma:

À questão “Alguma vez enviaram armas para o Irão através de Israel?” o Comandante Alpoim Calvão

respondeu:

«Não. Israel é que enviou para o Irão através de nós.

(…)

O que é que se passou? Como é óbvio, a nossa indústria de armamento era muito limitada. Por

conseguinte, para comprar metálicos, para comprar… Nós, por exemplo, não fazíamos

munições de artilharia de calibre 155, tínhamos de comprar os metálicos no exterior. E quem

se prontificou a vender metálicos, sabendo perfeitamente para onde ia, foi Israel, ou seja,

foram as Indústrias Militares de Israel, o IMI».

Sobre os procedimentos para a exportação do material de guerra, o Comandante descreveu-a como

dependendo sempre da autorização do Governo português:

«Primeiro, obtínhamos um contrato, ou uma promessa de contrato, ou coisa que o valha, e,

depois, tínhamos de pôr o problema à Direção-Geral de Armamento, que pertencia ao

Ministério da Defesa Nacional. O Ministério da Defesa Nacional perguntava, normalmente, ao

Ministério dos Negócios Estrangeiros o que achava do negócio, se era interessante ou não, o

Ministério dos Negócios Estrangeiros por norma dava uma resposta de «nem sim, nem não»,

e era, depois, o Ministério da Defesa que tinha de tomar a decisão final.

1 DE JULHO DE 2015______________________________________________________________________________________________________________

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