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se uma coisa é muito disparatada, qual é o… Desculpe-me falar disto, que é uma coisinha ao

lado, mas as notícias classificam-se conforme as origens e a verosimilhança e só depois de

haver muitas notícias juntas é que se pode fazer o recorte delas, e é daí que sai a informação.

A informação é uma série de recortes de várias notícias que, depois, se vê se tem alguma

substância, ou não.

Nessa altura, a essas notícias, eu não ligava, nem ligo importância nenhuma».

3.4. A morte de José Moreira

Uma das questões abordadas pela CPI foi a morte tida como acidental de José Moreira e Elisabete

Silva, em janeiro de 1983, precisamente antes de ser prestado depoimento na primeira CPI por parte

de José Moreira, proprietário de um avião que havia colocado ao serviço da campanha presidencial

de Soares Carneiro e que terá chegado a financiar, a expensas próprias, uma investigação particular

ao sucedido em Camarate. José Moreira e Elisabete Silva foram encontrados mortos num

apartamento de Carnaxide no início de 1983, tendo a causa da sua morte sido devida, de acordo com

a Polícia Judiciária, à inalação acidental de monóxido de carbono. Face às dúvidas existentes entre

deputados, familiares das vítimas do atentado de Camarate e seus representantes, decidiu a X CPITC

proceder a diligências no sentido de averiguar a natureza da morte de José Moreira e Elisabete Silva.

Os dois objetivos desta abordagem prendiam-se i) com a confirmação ou não da tese de morte

acidental e, ii) caso comprovada morte por homicídio, estabelecer uma relação entre esse facto e o

atentado que vitimou, entre outros, o Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa em 1980.

Nesse sentido, foi solicitado ao Instituto de Medicina Legal de Coimbra uma nova análise dos tecidos

para confirmação da tese de morte acidental.

Paralelamente foram ouvidos na CPI os agentes policiais envolvidos na investigação, bem como dois

procuradores-gerais adjuntos autores de um inquérito disciplinar à investigação da morte de José

Moreira e Elisabete Silva.

3.4.1. Morte acidental ou homicídio?

No dia 5 de novembro de 2013 foram ouvidos em sede de Comissão o Professor Doutor Duarte Nuno

Vieira, Presidente do Conselho Diretivo do Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses e a

Professora Doutora Rosa Henriques de Gouveia sobre as causas da morte de José Moreira e Elisabete

Silva.

Em forma de nota introdutória, Duarte Nuno Vieira afirmou o seguinte:

«O Instituto foi de facto solicitado por esta Comissão para fazer uma reavaliação dos estudos

histológicos efetuados há cerca de 30 anos na sequência de autópsias que foram concretizadas

em 1983 a duas vítimas que, em princípio, teriam falecido na sequência de uma intoxicação

por monóxido de carbono. Demorámos algum tempo a dar resposta, porque tivemos de

encontrar os blocos iniciais das amostras que tinham sido colhidas nessa altura e que,

felizmente, estavam arquivadas, embora a lei até permita que o Instituto, dois anos depois de

ter feito os estudos, possa destruir as amostras, caso os tribunais não deem indicações para

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