O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

112

coisas se passaram na altura, estou a falar apenas daquilo a que tive acesso, da documentação

que nos foi facultada. O perito da altura era até um bom perito, pois as autópsias estão bem-

feitas, estão detalhadas e bem descritas, contrariamente às autópsias de outras vítimas no

caso Camarate que tive, anteriormente, ocasião de apreciar e que tinham algumas

insuficiências e deficiências. As autópsias destas duas vítimas estão bem elaboradas e estão

completas, estão muito bem executadas.

Agora, não sei se o perito teve os relatórios da histologia antes de concluir essas autópsias,

deveria ter tido, mas penso que, depois, nas declarações que tive ocasião de ler e que ele

prestou na altura, ele manifestou a sua surpresa quando constatou a rutura dos alvéolos

pulmonares, face ao quadro e às conclusões que tinha exarado».

Relativamente ao trabalho efetuado na perícia aos cadáveres, Duarte Nuno Vieira afirmou que teria

concluído da mesma forma, mas que poderia ter eventualmente sinalizado, em local próprio no

relatório, a falta de consistência da rutura dos alvéolos pulmonares com a tese de morte acidental:

«De qualquer forma, deixe-me dizer-lhe que, obviamente, em termos de conclusão da autópsia e

em termos da causa de morte, eu teria concluído na mesma, se estivesse na pele desse perito, que

não conheci pessoalmente, mas do qual tenho as melhores informações e que, na altura,

trabalhava no Instituto de Medicina Legal de Lisboa, por monóxido de carbono. Agora o que não

teria era deixado de assinalar no relatório da autópsia, nomeadamente no capítulo «Discussão»,

que havia dados e, designadamente do ponto de vista histológico, que suscitavam alguma

perplexidade e que vinham colocar problemas e inquietações quanto à forma como esse monóxido

de carbono teria entrado naquele organismo. Isto porque aquela rutura dos alvéolos pulmonares

não é minimamente consistente com uma situação de intoxicação acidental por monóxido de

carbono, faz, repito, pensar ou numa administração forçada ou numa oclusão das vias

respiratórias, que é normalmente o quadro que leva a este tipo de rutura».

Por último, importa fazer uma breve referência ao facto de o corpo de José Moreira ter apresentado

algumas escoriações nos joelhos e no ombro esquerdo, para além de um desvio do septo e hemorragia

nasal.

3.4.2. A morte de José Moreira e Elisabete Silva e sua investigação

No dia 5 de janeiro de 1983 foram encontrados os corpos de José Moreira e Elisabete Silva, num

apartamento em Carnaxide. Na sequência do alarme dado pela porteira, dois elementos da GNR ter-

se-ão dirigido ao apartamento, seguindo-se-lhes elementos do Ministério Público de Oeiras,

elementos da Delegação de Saúde, dois agentes da Direção de Combate ao Crime e Banditismo e dois

agentes da 2ª secção do departamento de homicídios da Polícia Judiciária.

Os dois agentes da 2ª secção do departamento de homicídios da Polícia Judiciária que se deslocaram

ao local foram Mário Jorge Coimbra Mendes e Paulo Franco. Nessa altura foi difundida a ideia de que

se haveria tratado de morte por intoxicação, uma vez que haveria indicações de algum cheiro a gás.

No entanto, de acordo com o agente Herculano Morgado, também da 2ª secção e mais tarde

incumbido de investigar o ocorrido, a quantidade de gás não seria letal:

1 DE JULHO DE 2015______________________________________________________________________________________________________________

113