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imagens que havia captado, ao contrário do que acreditava ter ocorrido em relação às peças montadas

e aos brutos das entrevistas. Para além do trabalho recolhido no local pela equipa de Diana Andringa,

outras imagens haviam sido recolhidas, tanto por Henrique Garcia, desconhecendo ainda os

tripulantes do avião, como por Joaquim Furtado.

Por último, importa dar uma breve nota a um documento escrito pelo piloto Luís Garção e entregue à

Comissão10, reiterando a enorme perícia demonstrada pelo piloto Jorge Albuquerque aquando do

atentado de Camarate, designadamente ao tentar manter o avião sob controlo, em condições

extremamente difíceis. A importância do referido testemunho esclarece, uma vez mais, possíveis

dúvidas que tenham surgido, nomeadamente durante a investigação, sobre o piloto.

3.5.2. A Stasi

A X CPITC deliberou enviar aos arquivos da antiga polícia secreta da República Democrática Alemã – a

Stasi – um pedido de informação relativo a alguma referência existente no seu espólio ao atentado de

Camarate. A razão para o pedido prendeu-se com o facto de, ao longo dos anos e das distintas

Comissões Parlamentares de Inquérito, ter sido veiculada a possibilidade do conhecimento da Stasi

sobre pormenores do atentado.

No entanto, a resposta proveniente da Alemanha foi negativa, não tendo sido encontrada qualquer

informação relevante.

3.5.3. As diferentes versões sobre o dia 4 de dezembro de 1980

Havendo sido as declarações de Fernando Farinha Simões um dos fundamentos para a constituição

de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate, importa fazer refletir, de

forma objetiva, as confissões entregues por Fernando Farinha Simões, José Esteves e Carlos Miranda

à X CPITC, bem como as suas declarações em sede de Comissão relativamente à preparação e

perpetração do atentado que vitimou, entre outros, o Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa.

Uma vez que as declarações foram proferidas em distintas sessões com múltiplas divergências, optou-

se por colocar os elementos comuns aos diversos depoimentos, numa narrativa sem excertos, não

sem antes fazer a ressalva da marcada animosidade, incoerência e bipolar postura dos depoentes,

reiterando o facto de se tratar de uma versão muito discutível dos eventos11.

Versão resumida dos depoimentos de Fernando Farinha Simões, José Esteves, Carlos Miranda, Elza

Simões e Victor Pereira

Fernando Farinha Simões, José Esteves e Carlos Miranda ter-se-ão conhecido em Luanda, antes de

1974, aquando do serviço militar. A partir de 1975 terão participado nos CODECO (significando

“Comandos Operacionais de Defesa da Civilização Ocidental”), organização destinada a defender, se

necessário por via de guerrilha e com recurso a atos de violência, os “valores do Mundo Ocidental”,

10Cf. anexo 16 11 A este propósito, a maioria dos representantes dos familiares das vítimas subscreveu uma declaração conjunta, tal como consta do anexo 15.

II SÉRIE-B — NÚMERO 56______________________________________________________________________________________________________________

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