O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

120

contactos feitos com Farinha Simões e José Esteves terão sido realizados pelo procurador do

Ministério Público, Fernando Vaz Ventura.

É convicção declarada de três dos depoentes que Camarate foi um crime organizado pela CIA, com a

colaboração do Major Bernardo Canto e Castro, com o objetivo de eliminar pessoas ligadas à Aliança

Democrática, nomeadamente o Eng.º Adelino Amaro da Costa, que estavam a dificultar, em Portugal,

o tráfico e a exportação de armas. Como já acima referido, o Major Canto e Castro, ouvido pela

Comissão via teleconferência, negou perentoriamente qualquer envolvimento no atentado de

Camarate, bem como conhecer qualquer um dos alegados agentes.

Sobre o tema da CIA foram ainda ouvidos Alan Weberman, autor do livro Golpe na América: a CIA e o

assassinato de JFK e Jim Hunt, sobrinho de Frank Sturgis. Ambos os americanos colocam Sturgis na

esfera da CIA, embora formalmente exterior a esta, facto mencionado anteriormente por Farinha

Simões. A CIA, em resposta à X CPITC, desmentiu formalmente a possibilidade de Frank Sturgis ter

trabalhado para a agência.

É opinião unânime de Farinha Simões, José Esteves, Elza Simões, Carlos Miranda e Victor Pereira que,

três deles, Fernando Farinha Simões e José Esteves participaram no atentado de Camarate como seus

autores materiais, embora em graus distintos.

Estes depoentes consideram também que tanto a Polícia Judiciária como a Procuradoria-Geral da

República nunca quiseram investigar a queda do avião, intimidando qualquer pessoa que defendesse

a tese do atentado, ocultando assim provas que apontassem para um atentado.

3.5.4. As dificuldades da X CPITC

Ao longo dos trabalhos da Comissão foram evidenciadas algumas dificuldades na prossecução dos

trabalhos. Algumas dessas dificuldades tiveram origem na ocultação deliberada de informação por

parte de diversas entidades, outras houve que decorreram do inexorável passar do tempo, com a

consequente perda de referências e memória relativamente aos factos ocorridos há cerca de 34 anos.

Nalguns casos, a passagem do tempo serviu também de confortável alibi para a omissão de

informação.

3.5.4.1. MNE/MDN/EMGFA

Apesar de vários esforços e insistências, não foi possível localizar nem junto do EMGFA, nem junto do

MDN, nem junto do MNE, determinada correspondência muito relevante, mencionada na Auditoria

às Contas do Gabinete do CEMGFA, no período compreendido entre os anos de 1974 a 1981 – esta

auditoria foi efectuada pela IGF em paralelo e no contexto das averiguações sobre o FDMU.

Essa correspondência vem identificada no livro de registo de correspondência do gabinete do

CEMGFA, correspondendo-lhe os números de entrada 677 e 678, de 2 e 9 de dezembro de 1980, e 42,

de 22 de janeiro de 1981 – e foi relevada pelos auditores. Todos estes três conjuntos de documentos

vêm identificados como respeitando “EXPORTAÇÃO DE MATERIAL DE GUERRA PARA O IRÃO”,

constando aparentemente, segundo os verbetes no livro citado, de ofícios cruzados entre aqueles três

organismos, bem como as notas e informações de serviço pertinentes, entre outros anexos.

1 DE JULHO DE 2015______________________________________________________________________________________________________________

121