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aeroporto, de onde terá contactado William Hasselberg, que trabalharia na embaixada dos EUA em

Lisboa e que terá colaborado na operação.

Quando, já depois das 20 horas, o avião Cessna descola, Frank Sturgis e Farinha Simões estariam no

final da pista, do lado de fora do aeroporto, perto de uma carrinha Ford Transit que usariam para seu

transporte pessoal. Uns segundos após descolagem do avião, Frank Sturgis terá acionado um controle

remoto que terá feito explodir a bomba colocada por Lee Rodrigues na parte inferior do avião,

provocando a sua queda em Camarate. Pela forma como deflagrou, esta bomba poderá não ter sido,

contudo, aquela fabricada por José Esteves e Carlos Miranda, mas outra, mais sofisticada,

alegadamente fornecida pela CIA a Farinha Simões.

José Esteves deixaria o aeroporto encontrando-se com Farinha Simões e com Elsa Simões no

cabeleireiro “Baeta”, no centro comercial de Alvalade, onde esta trabalhava. Daí terão seguido para a

casa de Farinha Simões, em Odivelas, onde terão visto as notícias da queda do avião. José Esteves terá

sido surpreendido, uma vez que desconhecia que Sá Carneiro ia no avião. Depois de ver as notícias na

TV, José Esteves terá feito alguns telefonemas para o Tenente-Coronel Lencastre Bernardo, com quem

se encontraria mais tarde. Lencastre Bernardo terá referido a José Esteves para ficar descansado não

só porque a investigação da queda do avião não teria consequências para ele, mas também porque o

engenho que José Esteves fabricou não teria sido utilizado na operação, e não podia, portanto, ter

sido a causa da queda do avião. O Tenente-Coronel Lencastre Bernardo repudiou, em sede de

Comissão, todas as afirmações relacionando-o com José Esteves e Fernando Farinha Simões.

Em 1981 ou 1982, Melo Alves, que trabalhava com a Polícia Judiciária e que conhecia José Esteves

desde há vários anos, haverá telefonado a José Esteves, colocando-o em contacto com um agente da

PJ que, mais tarde, José Esteves identificaria como Victor Pereira. José Esteves terá revelado alguns

pormenores do atentado de Camarate, pedindo em troca a sua ajuda jurídica. Terá também contado

ter participado ativamente no atentado de Camarate, perguntando qual a possibilidade de não ser

acusado pelo ato, caso se mostrasse arrependido e confessasse. A conversa não teve seguimento,

uma vez que José Esteves não se terá identificado ao telefone.

Em 1985, resultado de muito ruído em torno do tema Camarate, José Esteves terá ido para o Brasil,

contando com uma ajuda de 750 contos que lhe é entregue por Farinha Simões, ajuda alegadamente

obtida junto da embaixada dos EUA.

Ainda nesse ano, Farinha Simões é preso por tráfico de drogas e colocado na prisão de Sintra, onde se

terá encontrado com Victor Pereira, agora recluso. Alegadamente ter-lhe-á confessado haver

participado no atentado de Camarate, juntamente com José Esteves. Um ano mais tarde, com

eventual ajuda de elementos da CIA, Farinha Simões consegue fugir da prisão em Sintra, viajando de

seguida para o Brasil, onde se encontra frequentemente com José Esteves. Aí, Farinha Simões ter-lhe-

á contado, pela primeira vez, que sabia que Sá Carneiro estaria a bordo do avião, tendo a operação

sido aprovada pela CIA, através de Frank Carlucci.

Em 1994 Farinha Simões regressa a Portugal. Em 1995 é novamente preso, acusado de tráfico de

droga. Nesse mesmo ano, José Esteves também regressa a Portugal.

Enquanto reclusos em Portugal, tanto Fernando Farinha Simões, em 1995, como Carlos Miranda, em

1998, terão recebido visitas de procuradores do Ministério Público ou de agentes da Polícia Judiciária,

tendo-lhes sido proposta ajuda caso se mantivessem em silêncio quanto ao atentado de Camarate.

José Esteves, em 1996, terá também sido contactado pela Polícia Judiciária no mesmo sentido. Os

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