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3.5. Outras questões

Para além das três principais áreas de incidência dos trabalhos supramencionadas, designadamente o

FDMU, a exportação de armas para o Irão e a morte de José Moreira, a X CPITC efetuou ainda

diligências junto dos antigos serviços secretos da República Democrática Alemã – a Stasi, no sentido

de aferir a existência de eventuais referências ao atentado de Camarate no vasto espólio documental

existente na cidade de Berlim.

Foram também ouvidas em sede de Comissão os confessos perpetradores do atentado,

designadamente Fernando Farinha Simões, José Esteves e Carlos Miranda, bem como outros

indivíduos apontados por estes como tendo tido ligações ao atentado de Camarate.

Por último, foram sentidas algumas dificuldades pela X CPITC na prossecução dos seus trabalhos,

designadamente aquelas criadas pela RTP na cedência de imagens, bem como a renitência de algumas

embaixadas em ceder informação ao Parlamento, factos mencionados neste capítulo.

3.5.1. Outros depoimentos

Importa ainda referir alguns factos revelados pela primeira vez na presente Comissão de Inquérito ao

longo dos seus trabalhos.

Entre os factos mais relevantes, encontram-se aqueles trazidos ao Parlamento por Isabel Mesquita

Veiga de Macedo, secretária pessoal do então Primeiro-Ministro, Francisco Sá Carneiro.

Apesar de nunca ter sido formalmente ouvida em instâncias judiciais, a secretária de Sá Carneiro

revelou que a decisão de ir ao Porto foi tomada «uns dias antes», sendo a marcação do voo de Sá

Carneiro na TAP uma medida de back-up –procedimento habitual – caso as condições meteorológicas

fossem más. A ideia inicial era a de recorrer ao Cessna disponibilizado pela RAR, semelhante ao avião

que seria alvo de atentado, em Camarate. No entanto, a convite do Ministro da Defesa, Sá Carneiro

acabaria por prescindir do avião da RAR (que entretanto havia rumado a Lisboa), embarcando no voo

fatal. Um facto relevante do mencionado depoimento está relacionado com a desmarcação da viagem

de Sá Carneiro no voo da TAP: contrariamente à versão de Conceição Monteiro, assessora do Primeiro-

Ministro, e reiterada também na presente Comissão, Isabel Mesquita Veiga de Macedo afirmou

perentoriamente ter sido a pessoa que cancelou o voo da TAP, pouco antes do fecho do check-in.

Relevante para os trabalhos da Comissão foi também o depoimento de Diana Andringa, jornalista da

RTP.

De acordo com a jornalista, foram três as equipas da RTP a deslocar-se ao local: a primeira equipa

integrava o jornalista Henrique Garcia, a segunda, a equipa de filmagem onde seguiu Diana Andringa,

acompanhada de Margarida Marante, a terceira equipa era liderada por Joaquim Furtado. Ao chegar

ao local, a jornalista recorda-se de terem sido captadas imagens e de ter realizado um mínimo de cinco

entrevistas. O trabalho de Diana Andringa viria a passar no Jornal da Uma do dia 5 de dezembro de

1980, mas não no Jornal da Noite do mesmo dia. Estranhando o facto, a jornalista acabaria por tentar

encontrar imagens captadas pela sua equipa, não as tendo nunca conseguido encontrar – foi

mencionada a possibilidade de terem desaparecido ou de terem sido utilizadas para novas gravações.

No entanto, Diana Andringa mostrou-se convencida, na comissão, existirem ainda os brutos das

1 DE JULHO DE 2015______________________________________________________________________________________________________________

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