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Agora, o que posso dizer é que os inspetores entravam, viam, iam assistir aos

embarques…!Quer coisa mais às claras e mais legal do que isto?! Eu não sei!

(…)

Tenho quase a certeza, mas, enfim, não posso garantir-lhe, que nunca vendemos, diretamente,

nada para o Irão, a não ser a partir de 1981. A única coisa de que me lembro antes de 1981 é

da partida de 100 canhões sem recuo, que vieram de Israel para cá e que cá se fez o transbordo

para a Iran Air, que também entrou legalmente, poisou legalmente no aeroporto e levou-os!

Era uma coisa que eles procuravam e que não conseguiam arranjar, e o que talvez despoletou

a grande cadeia de negócios que eles fizeram connosco foi o facto de termos resolvido um

pequeno problema que eles tinham!».

Quanto à preocupação do Governo com o tema da exportação de armas, Alpoim Calvão afirmou haver

um controlo rigoroso dos procedimentos, tanto burocráticos como logísticos, mas que não se

recordava haver uma preocupação específica, por parte do Governo, sobre a exportação ilícita de

armas, que o próprio afirma desconhecer existir em Portugal:

«Até pela apertada legislação que havia, via-se que o Ministério da Defesa tinha essa

preocupação. A legislação era bastante apertada e exigia muitas licenças.

Por exemplo, para o transporte de munições da fábrica Explosivos da Trafaria para Setúbal,

que era o porto de embarque normal, exigia-se escoltas policiais, exigia-se regras de

segurança, batedores à frente, o porto fechava praticamente… Era uma logística importante

e complicada!

(…)

Repare, eu, para poder ser administrador da Explosivos da Trafaria, tive de passar na

Autoridade Nacional de Segurança e de ser aceite pela Direção-Geral de Armamento. Não

havia razão para não passar pela Autoridade Nacional de Segurança, que era muito exigente.

Enfim, faziam imensas perguntas, tais como se tinha alguma vez visitado um país de Leste, se

tinha não sei quantos e tal…! Havia um certo cuidado nessas coisas.

Do ponto de vista técnico, até estávamos debaixo da alçada de uma entidade que era a

Comissão de Explosivos, e já não me lembro se pertencia ao Ministério da Administração

Interna ou ao Ministério da Defesa, mas uma das principais funções que eles tinham era

verificar a nossa capacidade técnica, verificar como eram feitos os carregamentos, se as

medidas de segurança eram tomadas… Isto tanto para a parte de explosivos militares, como

para a parte de explosivos civis, para fins civis, como pedreiras, etc. Aliás, acho que essas

funções agora até são feitas pela Polícia de Segurança Pública, mas não tenho a certeza; já se

passaram muitos anos!

No que diz respeito ao Fundo de Defesa Militar do Ultramar, Alpoim Calvão afirmou ter ouvido falar

do fundo, mas sem lhe atribuir demasiada relevância, tendo também declarado nunca ter recebido,

enquanto representante da Explosivos da Trafaria nenhum pagamento através do FDMU:

«De relevante? Não achei nada relevante. Sabe que eu sou muito cauteloso quanto às notícias.

Faço sempre o recorte das notícias, ainda hoje, as classifico. Ainda hoje classifico as notícias:

1 DE JULHO DE 2015______________________________________________________________________________________________________________

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