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Quanto à presença do sulfato de bário, que tanto se especulou, é

perfeitamente explicável se, em vez de gelamonite, tiver sido utilizado, para

compor a bomba, um pouco de sismogel, um explosivo que tem

sensivelmente a composição do gelamonite a 33%, só que tem uma

percentagem de sulfato de bário à volta de 6%. E porquê? Porque o sulfato

de bário é um sal natural, dotado de alta densidade. Ora, há circunstâncias

em que nos interessa socorrermo-nos de explosivos altamente densos, como

no caso de uma prospeção sísmica ou de um rebentamento subaquático, para

garantir que as cargas não sofrem o efeito de impulsão hidrostática e que,

portanto, levantem do fundo da furação. Nestas circunstâncias pode recorrer-

se a um explosivo que tenha, garantidamente, densidade superior à da água,

como, por exemplo, o sismogel.

Então, se, em vez de gelamonite, tivesse sido utlizado sismogel, o

sulfato de bário poderia aparecer aspergido em diversas peças do avião, não

só naquela que sobreviveu, e ainda bem, porque ficou esse testemunho.

A minha convicção, Sr. Deputado, é a de que, efetivamente, isto foi

um atentado e muito ardilosamente implementado. Já agora, creio que não

se perde nada em referir que quando aderi a participar nos trabalhos da

Comissão Multidisciplinar de Peritos, o fiz com uma relutância muito

grande.

Na altura, fui contactado pelo Sr. Deputado Duarte Pacheco, que me

perguntou se eu queria integrar a Comissão Multidisciplinar de Peritos. Mas

que ideia tinha eu da questão de Camarate? Na minha forte convicção, isto

tinha sido um acidente, embora, periodicamente, se levantassem zunzuns,

que eu sempre interpretava como ruído de fundo, como arma de arremesso

político enviada por umas pessoas a outras. Com que intuito, não sei, mas

era esta a minha convicção. De modo que pedi ao Deputado Duarte Pacheco

2 ou 3 dias para pensar, mostrei-me muito relutante. Ele disse-me: «Mas

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