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acidente, e então não foi contra ninguém, ou foi atentado, e foi contra o Dr. Sá Carneiro, que

era o líder da Aliança Democrática, e que tinha consigo quase metade do País, enfim, e mais

de metade dos Deputados da Assembleia da República. E portanto essa foi a primeira

convicção, que durou bastante tempo».

Acrescentou ainda o seguinte:

«(…) eu admito que algumas pessoas, ou muitas, tenham feito essa transferência de possível

objeto do atentado do Dr. Sá Carneiro para o Eng.º Amaro da Costa com muita rapidez. Eu

confesso que não fiz com essa rapidez toda. Só muito mais tarde é que me convenci que, com

base em dados apurados nas diferentes Comissões Parlamentares de Inquérito, que, de facto,

provavelmente, teria sido para o Eng.º Amaro da Costa. O facto de o Dr. Sá Carneiro não andar

com aquele avião em regra, daquele avião ser um avião que transportava em regra o Eng.º

Amaro da Costa naquela campanha, e também o General Soares Carneiro, e da questão das

investigações ao Fundo, isso não nos fez pensar logo que o atentado fosse para o Eng.º Amaro

da Costa, estava tudo em aberto. Podia ter sido para o Dr. Sá Carneiro, como líder indiscutido

da AD; podia ter sido para o General Soares Carneiro, que também andou naquele avião em

várias deslocações da sua campanha, o que faria com que as Eleições Presidenciais tivessem

de voltar atrás, porque, segundo a nossa lei, se morre um candidato presidencial no decurso

da campanha, a campanha volta ao princípio, e há um prazo para que as forças que

apresentaram ou apoiaram aquele candidato possam apresentar outro, o que é, aliás,

perfeitamente razoável. Portanto, estava tudo em aberto (…) a minha lembrança, mas posso

estar enganado, é de que a concentração das probabilidades na figura do Eng.º Amaro da

Costa foi bastante posterior».

Relativamente à revisão constitucional, e ao novo enquadramento das Forças Armadas, Diogo Freitas

do Amaral refere que as declarações feitas na X CPITC reproduzem, no essencial, o que havia dito

numa entrevista à RTP 1:

«(…) fiz declarações no sentido de garantir às Forças Armadas Portuguesas, e aos partidos

políticos que, porventura, desconfiassem das intenções do Governo, que a extinção do

Conselho da Revolução e a subordinação das Forças Armadas ao poder civil não implicaria

qualquer partidarização ou qualquer politização das Forças Armadas. E dei garantias

expressas nessa entrevista, pela qual, aliás, fui muito felicitado, quer por políticos civis, quer

por chefes militares, e que efetivamente representou, na tranquilização das Forças Armadas

e, atrevo-me a dizer, de uma parte significativa do Conselho da Revolução, quanto ao que

estava a ser preparado, quer em matéria de revisão constitucional, quer em matéria de Lei de

Defesa Nacional e das Forças Armadas. A revisão constitucional, se bem me recordo, foi

aprovada em setembro, Lei de Defesa Nacional e das Forças Armadas em novembro. Mas,

tudo foi preparado em conjunto. Eu não retiro nada no que terei dito nessa passagem perante

a Comissão [Parlamentar de Inquérito], agora gostaria de esclarecer que quanto eu digo que,

por causa do objetivo estratégico da revisão constitucional e da Lei de Defesa [Nacional e das

Forças Armadas] não se queria gerar atritos com o Estado-Maior General das Forças Armadas,

era verdade e mantenho. Que por isso não devia dar excessiva importância a pequenas coisas,

era verdade, e mantenho. Mas nessas pequenas coisas não estava incluída, obviamente, a

investigação sobre Camarate. Eu gostava de recordar que (…) só em 1981 é que o Governo

recebeu o relatório da Comissão nomeada no âmbito da aeronáutica civil, e só bastante mais

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