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Novamente, o caso da concessão de crédito para reforço de posições acionistas no BCP: a CGD

canalizou centenas de milhões de euros (chegou a ter um penhor sobre 7,8% das ações do BCP)

para financiar a guerra pelo poder num banco privado. Para além da questão de esta não ser uma

função que deve estar adstrita ao banco público e de esse dinheiro dever ser canalizado para

crédito à economia real e produtiva, há ainda uma segunda questão: a forma imprudente como fez

essa concessão de crédito, aceitando as ações do BCP como garantia e não tendo previsto

mecanismos de reforço automático de garantias caso as ações do BCP desvalorizassem (como

acabou por acontecer). Ouvimos durante os trabalhos da Comissão de Inquérito que ninguém

interferia em operações concretas, não existindo, por isso, os chamados créditos de favor. Mas não

podemos deixar de questionar o porquê, então, de tamanha imprudência da CGD ao participar de

forma ativa na guerra do BCP, como não podemos deixar de registar que Carlos Santos Ferreira e

Armando Vara transitaram da administração da CGD para a administração do BCP, depois de

financiar uma série de novos acionistas com dinheiro do banco público. A ‘coincidência’ vai ao

ponto de grande parte dos beneficiários dos créditos concedidos pela CGD terem sido promotores

da lista de Carlos Santos Ferreira ao BCP.

Apesar de estes episódios não serem escamoteados no relatório final da Comissão de Inquérito,

consideramos que eles devem ser lidos como uma contradição evidente entre o discurso que todos

os ex-administradores apresentam (o do maior rigor, controlo e avaliação do risco e o da não

existência de créditos de favor) e certas práticas de gestão que o banco público evidenciou em

certos momentos da sua vida.

Da mesma forma que não pode deixar de ser lida como imprudente a forma como nos últimos

anos (e muito particularmente a partir de 2012) a Caixa começou a registar imparidades que eram

insuficientes para acompanhar, por exemplo, o crédito vencido e o crédito em incumprimento, ao

contrário do que acontecia antes, quando a Caixa tinha como padrão um registo de imparidades

em montante superior ao incumprimento. Dificuldades de capital e relaxamento na mensuração e

constituição de imparidades podem explicar esta mudança de padrão que, de qualquer das

formas, não transmite um maior rigor na gestão, ao contrário do que muitas vezes foi dito em sede

de CPI.

Sobre os impactos da crise nos resultados atuais da Caixa

A crise não pode desculpabilizar ou desresponsabilizar. Não esqueçamos que a nível mais global,

foi o comportamento imprudente dos bancos que lançou a crise económica sobre vários países. A

crise do crédito hipotecário é um exemplo; o resgate público feito a inúmeros bancos em vários

países é outro exemplo, o que levou à mobilização de muito dinheiro dos contribuintes para o

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