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0412 | II Série C - Número 024 | 16 de Abril de 2004

 

O valor mínimo da humidade relativa do ar verifica-se durante o dia e em regra por volta das quinze horas.
No entanto, em muitos dias do passado Verão, o aumento da humidade não se fez sentir de modo significativo durante a noite, existindo registo de dias com valores nocturnos de humidade inferiores a 50%. Este facto é análogo ao que se verificou com as temperaturas mínimas, ou seja durante as noites deste período de tempo, registaram-se teores de humidade e de temperatura anómalos que impediram uma redução do efeito de secura.
Nas áreas mais atingidas pelos incêndios, os valores de humidade relativa do ar mínimos registados foram inferiores a 10%, como é o caso de Castelo Branco e Portalegre. Nestes mesmos concelhos e durante a onda de calor, as humidades relativas máximas verificadas durante a noite foram muito baixas, rondando os 20%.
No caso do Distrito de Faro, a redução da humidade verificou-se entre os dias 9 e 12 de Setembro, tendo os valores descido para próximo dos 10%.
Desde sempre que o teor de humidade relativa do ar tem sido relacionada com a dimensão dos incêndios ocorridos, sem prejuízo de outros factores relevantes. Em 1988, a área ardida foi a mais baixa dos últimos 24 anos e tal sucedeu porque este ano foi particularmente húmido.
As temperaturas altas e as baixas humidades relativas do ar, reflectem-se no teor de humidade da vegetação. Estes valores quando atingem níveis inferiores a 10% indicam aumento do grau de risco de incêndios florestais, o que se verificou nos Distritos de Castelo Branco e Portalegre e durante os 16 a 17 dias da onda de calor.
Pode-se assim afirmar, que a onda de calor atrás referida, acompanhou no tempo a intensidade do efeito de secura verificado e coincidiu com o deflagrar dos grandes incêndios.

IV. OS INCÊNDIOS FLORESTAIS DE 2003
1. A preparação da época de incêndios florestais
A preparação da campanha de prevenção e combate aos incêndios florestais em 2003, foi, segundo se refere no "Livro Branco dos Incêndios Florestais Ocorridos no Verão de 2003", em tudo semelhante à de anos anteriores.
Do ponto de vista financeiro, o quadro seguinte apresenta os valores orçamentados e realizados entre 2001 e 2003, nas acções relacionadas com a preparação desta campanha.
(Valores em euros)
Descrição 2001 2002 2003
Orçamentado Realizado Orçamentado Realizado Orçamentado Realizado
Infra-estruturas florestais 4.168.823 3.659.298 3.699.286 3.152.644 5.407.628 5.082.054
Vigilância móvel motorizada 1.439.955 1.189.300 1.896.499 1.459.466 910.948 744.540
Vigilância aérea 250.000 177.968 250.000 170.162 300.000 267.364
Sapadores florestais 3.168.000 3.120.309 3.744.000 2.848.081 4.500.000 3.650.449
Total 9.026.778 8.146.875 9.589.785 7.630.353 11.118.576 9.744.407
Fonte: Ministério da Administração Interna
Conforme se pode constatar, no que se refere ao MAI, entre 2001 e 2002 os valores totais orçamentados cresceram 6,2%. No ano seguinte o crescimento foi de 15,9%. Relativamente aos valores realizados verifica-se que de 2001 para 2002 houve uma redução de 6,4%, enquanto para o ano seguinte se verificou um crescimento global de 27,7%.
O valor orçamentado para 2003 referente às infra-estruturas florestais, representou um aumento de 48 e 72% relativamente a 2001 e 2002 respectivamente e destinou-se essencialmente à construção e beneficiação de caminhos florestais e pontos de água. Quanto aos valores realizados, estes cresceram 38,9% relativamente a 2001 e 61,2% relativamente a 2002.
Quanto à vigilância móvel motorizada, verificou-se uma redução de cerca de 50% relativamente a 2002 nos valores orçamentados e realizados. Segundo o SNBPC, tal facto deveu-se à incapacidade das estruturas locais em fiscalizar os resultados do programa, pelo que se optou pela eliminação do turno do período nocturno, em benefício dos restantes programas de prevenção.
O apoio aos aeroclubes para a vigilância aérea foi significativamente reforçado em 2003, tendo havido um aumento de 20% relativamente aos 2 anos anteriores nos valores orçamentados e de 50,2 e 57,1% nos valores realizados relativamente a 2001 e 2002 respectivamente.
As equipas de Sapadores Florestais receberam também maior apoio em 2003. Comparando com 2001 e 2002 o valor orçamentado para 2003 cresceu 15,2 e 20,1%. O valor realizado em 2003 representou um aumento do investimento em 28,2% relativamente a 2002 e que se traduziu num aumento de 17 equipas de Sapadores Florestais, alcançando assim um total de 120 equipas.
Quanto ao dispositivo de resposta permanente, é de referir que se manteve o conceito estratégico global utilizado em anos anteriores e que se traduz no seguinte:
" Garantir a protecção da vida, da propriedade, das infra-estruturas vitais do País e do ambiente.
" Elaborar planos operacionais de prevenção, vigilância, alerta e intervenção.
" Afectar os meios necessários para reduzir o número de incêndios e a área ardida.
" Recorrer a meios de excepção de forma a garantir uma actuação coordenada nos grandes incêndios.
" Sensibilizar e informar a população.
" Articular políticas com as associações provenientes da Sociedade Civil.
Assim, a estratégia de combate aos incêndios assentava na reacção rápida e musculada aos incêndios nascentes, de forma a evitar que tomassem dimensões incontroláveis.
Este dispositivo esteve activo entre os dias 1 de Julho e 30 de Setembro, tendo o seu grau de prontidão sido antecipado em 15 dias.
Dada a sua importância, reproduz-se seguidamente os três quadros com a composição e evolução do dispositivo permanente entre 2000 e 2003.