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0407 | II Série C - Número 024 | 16 de Abril de 2004

 

(Índices em percentagem)
Anos Portugal Espanha França Itália Grécia
1991 5,78 0,96 0,35 1,23 0,34
1992 1,56 0,39 0,62 1,31 0,29
1993 1,67 0,33 0,40 2,51 0,67
1994 1,32 1,62 0,84 1,51 0,90
1995 4,33 0,53 0,65 0,60 0,36
1996 2,82 0,22 0,49 0,72 0,33
1997 0,88 0,30 0,70 1,27 0,75
1998 3,71 0,49 0,80 1,83 1,37
1999 2,05 0,30 0,52 0,88 0,27
2000 3,02 0,49 0,08 1,26 2,06
Média 2,71 0,56 0,55 1,31 0,59
Fonte: "Incêndios Florestais na Europa - Relatório N.º 1 - Julho de 2001" - Edição da Comissão Europeia
Perante os dados atrás apresentados, é possível estabelecer algumas ilações sobre a evolução do fenómeno dos incêndios florestais em Portugal e a sua comparação com os restantes países do Sul da Europa:
" Ao contrário do que sucedeu nesses restantes países, a área ardida em Portugal aumentou significativamente da década de oitenta para a década de noventa. Nos outros países houve redução da área ardida e nalguns casos uma redução muito significativa. Em Portugal o aumento médio anual foi superior a 37% e a média de 2001 e 2002 mantém uma trajectória de crescimento.
" A confirmar este aspecto está a média do índice de gravidade do fogo em Portugal (2,71%), que é superior ao dobro do da Itália (a segunda maior média desta lista com 1,31%) e cerca do quíntuplo do índice dos restantes países.
" Verifica-se que não existe uma relação proporcional entre o número de incêndios e a área ardida em cada ano. Por exemplo, no ano com maior área ardida em Portugal (que foi 1991 com 182.486 ha) houve 14.327 incêndios. Mas, em 1996, ocorreram 28.626 incêndios (o dobro dos incêndios de 1991) e arderam 88.867 ha, ou seja menos de metade da área ardida em 1991. Existem vários exemplos deste tipo de situação no quadro atrás apresentado com as áreas ardidas e o número de incêndios nos países do Sul da Europa.
" Por outras palavras, o número de incêndios não determina a dimensão da área ardida.

4.2. As ocorrências do ano de 2003 (dados provisórios)
No ano de 2003, os dados disponíveis relativos aos incêndios florestais indicam 423.276 ha de área ardida, o que representa quatro vezes mais que a média anual do decénio de 90 e mais do dobro do pior ano em matéria de incêndios florestais, que foi 1991.
Os dados provisórios até 31 de Outubro disponibilizados pela Direcção-Geral das Florestas, quantificam 21.009 incêndios florestais, sendo 16.297 com áreas ardidas inferiores a 1 ha (denominados fogachos) e 4.706 acima desta área.
No quadro seguinte apresenta-se a evolução das áreas ardidas desde 1993, separando povoamentos florestais e matos.

(Áreas em hectares)
Anos N.º de ocorrências Áreas ardidas
Fogachos (< 1 ha) Incêndios florestais Povoamentos Matos Total
1993 12.338 3.763 23.839 26.124 49.963
1994 13.360 6.623 13.487 63.836 77.323
1995 23.917 10.199 87.554 82.058 169.612
1996 21.063 7.563 30.542 58.325 88.867
1997 17.860 5.637 11.466 19.068 30.535
1998 25.842 8.834 57.393 100.975 158.369
1999 19.695 5.782 31.052 39.561 70.613
2000 25.307 8.802 68.646 90.958 159.604
2001 20.203 6.985 45.327 66.557 111.883
2002 19.996 6.492 65.160 59.251 124.411
2003 16.297 4.706 283.063 140.213 423.276
Fonte: Direcção-Geral das Florestas

Com excepção dos anos de 1995, 2002 e 2003 a área de matos que ardeu é sempre superior à dos povoamentos florestais. Nos anos de 1995 e 2002 dá-se o inverso, mas a diferença de áreas é pequena. Contudo, no ano de 2003 verifica-se que a área ardida em povoamentos florestais é mais do dobro da área dos matos. Trata-se de uma situação totalmente nova.
Aliás a área ardida de povoamentos florestais (283.063 ha) contrasta com a média dos últimos cinco anos (1998-2002) que não foi além dos 53.515 ha. Trata-se de um aumento de 429% em relação à média anterior.
Constata-se ainda que o número total de incêndios florestais foi substancialmente inferior ao dos anos anteriores, verificando-se a mesma situação para os incêndios com áreas ardidas superiores a 1 ha. De facto, desde 1994, que não havia um ano com tão poucos incêndios florestais em Portugal. O número de incêndios apresenta uma redução de 28,2% face à média anterior.
Avaliando a situação das principais espécies florestais atingidas e dado que só existem dados relativos aos dois últimos anos temos a seguinte situação:

(Unidades em percentagem)
Anos Pinhal Eucaliptal Montados Mistos e outros
2002 55,09 21,68 9,56 13,67
2003 39,86 20,61 16,90 22,64
Fonte: Direcção-Geral das Florestas

As diferenças entre estes dois anos resultam essencialmente na redução da área ardida de pinhal e no aumento das áreas de povoamentos mistos e de outras espécies e de montados.
Outro aspecto totalmente novo dos incêndios de 2003, tem a ver com o aumento do número de incêndios de grandes dimensões. Houve 59 incêndios com mais de 1000 ha de área ardida, que consumiram 346.263 ha de matos e povoamentos florestais e que representam 81,6% do total de área ardida.
Comparando com anos anteriores, o número de ocorrências dos incêndios com mais de 100 ha foi o que consta do quadro seguinte, sendo de realçar o aumento do número de incêndios com mais de 5000 ha.

Área ardida Número de ocorrências por ano
1998 1999 2000 2001 2002 2003
100-500 173 83 206 132 123 90
500-1000 52 17 33 12 28 31
1000-2500 19 8 12 17 10 26
2500-5000 3 3 6 0 2 13
>5000 0 0 1 1 1 15
Total 247 111 258 162 164 175
Fonte: Direcção-Geral das Florestas (valores provisórios constantes do Livro Branco)