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5 DE AGOSTO DE 2006 __________________________________________________________________________________________________

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deficiências na detecção rápida e no alerta de vários incêndios florestais.” Referem também como essencial que “os bombeiros não devem estar dentro dos quartéis, mas estrategicamente colocados.” Avançam mesmo com um exemplo que conhecem: “no âmbito da AFOCELCA, 54% das ocorrências são detectadas por gente da organização, por estarmos espalhados no terreno e estarmos vigilantes, o que se compara com cerca de 15% do sistema nacional .” E acrescentam, que todo o esforço de vigilância é pouco e que “com o tipo de meios aéreos que o Estado está a contratar é possível, em períodos muito críticos, ter aeronaves no ar com sistemas de vigilância permanentes que, perante uma ocorrência, imediatamente podem atacá-la e resolvê-la. É possível potenciar o sistema nacional e dar-lhe bastante mais eficácia.”

O SNBPC refere a este respeito que, no quadro da Directiva Operacional para 2006, “um objectivo primário é tentar antecipar as acções de combate no que respeita às operações de vigilância aérea, aos patrulhamentos nas zonas mais susceptíveis, à movimentação e ao pré-posicionamento de meios. Foram tomadas algumas medidas na área da vigilância com a atribuição à GNR de competências de fiscalização, vigilância e detecção, com a integração no SEPNA do Corpo Nacional da Guarda Florestal; foram desenvolvidos trabalhos para a revisão da rede de postos de vigia.”

A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais também coloca como prioridade “o reforço da vigilância/prevenção. Neste aspecto, e no que tem a ver concretamente com os postos de vigia, o que temos vindo a identificar é uma situação de que esses profissionais devem ter um vínculo contínuo e não sazonal. Para nós, enquanto agentes do socorro, entendemos que deveria haver aqui uma ligação intrínseca e mais continuada.”

Embora com uma missão bem mais vasta, os Jovens Voluntários para a Floresta, deram um contributo importante “já que, nas suas acções de vigilância móvel, vigilância fixa nos postos de vigia existentes, (…) efectivamente, detectaram mais de 2913 deflagrações que comunicaram aos serviços competentes. O saldo é muito favorável e positivo”, como referiu a Presidente do Instituto Português da Juventude.

A QUERCUS considera “a questão da vigilância também muito importante, os sistemas automáticos de vigilância, seja com câmaras de vídeo ou sensores (há tecnologia sofisticada). A detecção precoce dos incêndios é muito importante. Tem de se optar por sistemas eficazes de vigilância e de prevenção recorrendo não só às novas tecnologias mas também, o que muitas vezes não acontece, aos militares.”

O Professor Hermínio Botelho volta a colocar a falta de cooperação dizendo que “parece que se está sempre a começar do zero: desde 2003 têm aparecido dezenas de pequenos projectos, cada autarquia tem o seu sistema de detecção, as suas câmaras de vigilância, mas não há qualquer articulação.”

O Comandante Operacional Nacional, Gil Martins, explica que “quanto à gestão da vigilância e detecção, a informação flúi para o comando distrital de operações de socorro. Este ano, temos uma sala de operações integrada, onde se articulam todas as entidades, a qual recebe, por um lado, a informação da vigilância e detecção e, por outro, despacha os meios de ataque inicial.” Salienta, ainda, que “em termos de empenhamento tipo, temos: um ataque inicial helitransportado e simultaneamente terrestre; seguido de um ataque ampliado, feito por equipas de bombeiros, meios de reforço distritais ou nacionais e também maquinaria pesada e, finalmente, o rescaldo e a vigilância pós-rescaldo.”

É na gestão do fogo que surgiram as principais altercações ao modelo de empenhamento proposto, nomeadamente, na clarificação das interfaces entre as várias forças em presença.

A Liga dos Bombeiros Portugueses deu voz às críticas e reservas dos bombeiros, afirmando que “hoje, estamos perante um problema, que é colocado por muitos responsáveis operacionais, que é, ao nível dos concelhos e dos distritos, onde começa e acaba a intervenção da Guarda Nacional Republicana e começa e acaba a intervenção das estruturas operacionais dos bombeiros. Porque, num incêndio florestal, a sua eficácia mede-se também pela continuidade das acções que a ele estão associadas. Cabe, exactamente, a esse comando único, a montante das acções de combate e do próprio dispositivo, definir, em sede de planeamento, como é que isto se vai verificar.” Vai mais longe nas reservas que apresenta quando sublinha que “nesta matéria, cabe dizer que há uma força que está criada de raiz dizendo que «a determinado momento, retira-se» e aos bombeiros é exigido, permanentemente, que fiquem. E quem se retira num determinado momento fica sem ónus. E, exactamente, porque o ónus vai cair, seguramente, em quem depois vai ficar, é que achamos indispensável que seja definido o quando, o onde e o porquê do retirar.”

O Comandante Operacional Nacional explica que “aquilo que é preciso ressalvar é que, sempre que chegarem bombeiros ao teatro de operações, são os bombeiros que comandam a operação e a partir daí comandam-na com uma nova responsabilidade.” Remetendo para a saída da Lei de Bases da Protecção Civil e do Sistema Integrado de Operações de Protecção e Socorro, “pela primeira vez, os bombeiros legalmente podem, num teatro de operações, coordenar todos os agentes de todas as entidades públicas ou privadas.”

O Professor Hermínio Botelho valoriza essa clarificação já que, por experiência própria, “sabe como é complicado num ambiente daqueles gerir recursos humanos e recursos materiais, muitas vezes com situações muito difíceis, em que as populações e os bombeiros precisam de apoio, em que há solicitações de todo o lado e em que há situações de calamidade permanente. Ora, coordenar isto é muito difícil. Só mesmo com um sistema com uma coordenação mais unificadora dos diversos actores no terreno.” Mas o que sobretudo considera que é preciso fazer “é agilizar, porque o problema que temos, muitas vezes, é que os bombeiros fazem um esforço extraordinário para combater os incêndios, mas é muito difícil fazê-lo com os meios que eles têm, pois nem sequer têm protecção suficiente para o fazer.” Defende que “no futuro, teremos de ter mais