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12 DE JULHO DE 2014

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Não estamos, pois, felizmente, na estaca zero, mas temos de ser capazes de criar uma Agenda para a

Educação, que aproveite, de forma mais ampla, diria mesmo que integral, o âmbito multilateral desta

Comunidade.

Há muito que está a ser feito no plano bilateral, que pode e deve ser alargado aos demais países da CPLP,

assegurando uma maior mobilidade, neste âmbito, entre todos.

Nesta linha de preocupações insere-se o Centro UNESCO de Ciências Fundamentais da CPLP, em Lisboa,

e o Programa Ciência Global, que vem aproveitando a muitos bolseiros dos países da CPLP.

Aliás, e relativamente à criação do Centro da UNESCO de Ciências Fundamentais da CPLP, está prevista

para muito breve (14-15 de Abril), uma reunião em Maputo para proceder ao ponto de situação deste Projecto

e preparar os respectivos Estatutos.

Temos, pois, boas sementes a germinar, mas é preciso alimentar o seu crescimento, com o empenho que

os jovens dos nossos países merecem e nos exigem.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Naturalmente que, por razões próprias da História, as sociedades que integram os nossos países e

constituem a nossa Comunidade, vivem etapas diferentes da sua existência e do seu desenvolvimento, mas

as experiências por todos adquiridas podem, e devem, ser partilhadas.

Dessa forma será possível prevenir erros e proporcionar aperfeiçoamentos que a todos, reciprocamente,

aproveitam.

E isto é tanto mais relevante quanto, nenhum outro sector marca, de forma tão impressiva, o futuro de uma

sociedade, como a Educação.

É que, na Educação, os erros ganham dimensão inigualável, pela razão simples de que, por mais

correcções que se façam, jamais se reparam os efeitos consumados, como não se recupera o tempo perdido.

Temos de aprofundar programas de intercâmbio entre universidades, professores e alunos, à semelhança

do programa Erasmus da União Europeia.

Devemos fomentar um maior intercâmbio de experiências, boas práticas e informações entre Instituições

dos Estados Membros, responsáveis pela avaliação dos respetivos Sistemas Educativos, com vista ao

estabelecimento de um mecanismo que viabilize formas de avaliação transversal dos sistemas no âmbito da

CPLP.

O mesmo se diga relativamente às equivalências escolares e ao reconhecimento de títulos académicos e

diplomas.

Apesar de termos já adoptado normas comuns para a concessão de vistos para estudantes nacionais dos

Estados Membros da CPLP, a verdade é que o sistema não funciona com a agilidade desejada e que a

mobilidade estudantil exige, pelo que tais medidas devem ser revistas e aperfeiçoadas.

O intercâmbio e a mobilidade, neste domínio, também se coloca aos Professores da CPLP, a quem quero

aqui prestar a homenagem devida pelo muito que têm feito pelo futuro das nossas sociedades.

Faço-o, pela sua profundidade e acerto, citando Daniel Pennac: “Os Professores que me salvaram – e que

fizeram de mim um professor – não tinham recebido nenhuma formação para esse fim. Não se preocuparam

com as origens da minha incapacidade escolar, não perderam tempo a procurar as causas nem tampouco a

ralhar comigo. Eram adultos confrontados com adolescentes em perigo. Pensaram que era urgente.

Mergulharam de cabeça. Não me apanharam. Mergulharam de novo, dia após dia, mais e mais… acabaram

por me pescar. E muitos outros como eu. Repescaram-nos, literalmente. Devemos-lhe a vida.”

Minhas Senhoras e meus Senhores,

A globalização em que estamos envolvidos, ao mesmo tempo que nos proporciona um integral acesso aos

mais modernos meios tecnológicos, importantes auxiliares do ensino e do conhecimento, não nos devem fazer

perder as preocupações com a sua permanente humanização.

Responsabilidade, exigência, rigor e qualidade do Ensino, constituem um imperativo colectivo que

ultrapassa as nossas fronteiras e que tem de estar sempre presente na Agenda para a Educação na CPLP

que, por sua vez, neste, como noutros sectores, não se pode isolar do Mundo.

As novas gerações são formadas para uma dimensão planetária e, para isso, basta cumprirmos a histórica

vocação universal, que hoje irmana e identifica cada um dos nossos países, e nos faz estar aqui, em Timor,

nestas paragens longínquas, reforçadamente unidos, por via dessa Pátria comum, que é, como diria Pessoa,

“a língua portuguesa”.