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3 DE JULHO DE 2019

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eliminadas por via da adoção de medidas legislativas ao nível social, económico, financeiro e cultural, tendo a

União Europeia um papel importante a desempenhar neste âmbito, e citou Rosa Luxemburgo «A Liberdade

das Mulheres é a liberdade social», para defender que a única forma de se obter uma verdadeira igualdade de

género é lutando por uma igualdade social entre homens e mulheres. A representante da Grécia apelou à

adoção de políticas por parte da União Europeia dirigidas à melhoria das condições trabalho das mulheres, ao

combate às desigualdades salariais, uma repartição mais equitativa das tarefas domésticas e ao reforço da

oferta do apoio social disponível, bem como para a necessidade de serem reforçadas as campanhas de

sensibilização junto das empresas e do poder político, para combater os estereótipos de género. Na sua

intervenção, a representante da Irlanda afirmou ser necessário travar o retrato tradicionalista da mulher na

sociedade e das tarefas que por si devem ser desenvolvidas e afastar da narrativa politica um discurso e uma

imagem inapropriados, exagerados e desconformes com a realidade sobre as mulheres na política, porque,

não é verdade que as mulheres que lá conseguem chegar são excecionais e quase perfeitas, perpassando

para as jovens mulheres a ideia de que a política é um objetivo inatingível para o comum das mulheres.

A Sr.ª Deputada Carla Tavares, em representação de Portugal, iniciou a sua intervenção com uma citação

de Michelle Bachelet: «Quando uma mulher entra na política, muda a mulher, mas quando muitas mulheres

entram na política, mudam as políticas», para afirmar que, se é verdade que hoje as mulheres vivem num

ambiente de maior igualdade, isso se deve à maior participação das mulheres na vida política. Referiu que, em

sua opinião, a parentalidade, ou seja, o cuidar da família e dos membros mais frágeis da família, trás,

inegavelmente, muitos obstáculos à participação de jovens mulheres na política e no mercado de trabalho.

Defende por isso a existência de licenças parentais iguais para as mães e para os pais, como havia sido

aprovado em Espanha na semana anterior. Considera fundamental criar para qualquer empregador as

condições que lhe permitam dizer que, ao nível da produtividade, lhe é absolutamente indiferente escolher

entre uma mulher e um homem. Por outro lado, segundo a oradora, promover uma parentalidade paritária que

permita acabar com a discriminação das mulheres no acesso ao trabalho e a sua segregação no mercado de

trabalho é essencial para viabilizar uma maior participação das mulheres na política. Acresce que, encontra na

medida outras vantagens relevantes como o combate ao envelhecimento da população europeia, na medida

em que uma parentalidade paritária criaria para as jovens mulheres mais e melhores condições para,

querendo, terem mais filhos. De igual modo defendeu que devem ser os pais e mães a fazer a gestão do

tempo das licenças parentais, dentro do período legal obrigatório, não devendo ser a lei a definir a forma como

a licença é partilhada. Em suma, apelou a que fosse dado seguimento ao Relatório apresentado pela ex-

Eurodeputada Edite Estrela, que sugeria precisamente que fossem estes os caminhos percorridos em matéria

de exercício da parentalidade. Concluiu relembrando que a escolha da paternidade é exercida por homens e

mulheres, logo, ela deve ter as mesmas repercussões nas suas vidas, ao nível pessoal e profissional ou

político. Felicitou a oradora Inês Zuber pela sua intervenção, e manifestou com ela concordância de que é pela

via do combate às causas estruturais que explicam porque há poucas mulheres na política, que se poderá

reforçar a sua participação na vida política.

A sessão terminou com a intervenção da Presidente da Comissão do Turismo e dos Transportes – Karima

Deli, Eurodeputada de Marrocos, a quem foi pedido para apresentar, resumidamente, as conclusões que

poderiam ser retiradas da sessão.

Salientou que, até ela ocupar o lugar, nunca a Comissão do Turismo e Transportes teve por Presidente

uma mulher, e já lá vão 40 anos. Era muito jovem quando chegou ao Parlamento Europeu, e o seu Presidente

na altura, o Senhor Jerzy Buzek, quando a viu pela primeira vez, assumiu que era intérprete e não

Eurodeputada, o que teve de esclarecer de imediato. O cerne do problema é este mesmo, disse a oradora, a

falta de consciência de que as jovens mulheres podem ser ativas, dinâmicas e ter uma vida política. As

barreiras erguidas pela sociedade, no passado, em relação às mulheres continuam a existir. Podemos ser

boas mães, boas esposas, fazer todas as tarefas domésticas e ser chefes de empresas e políticas, e mesmo

assim a sociedade culpabiliza as mulheres. Existe um conflito de níveis sociais entre homens e mulheres.

Como a nona filha de 15 irmãos, nunca lhe foi dito, que tinha de encontrar um trabalho para ajudar a família,

porque a sociedade determinou que o trabalho das mulheres é em casa e que são os homens os responsáveis

pelo sustento da família, o que a continuar a pensar-se assim, impossibilita, obviamente, um combate real e

verdadeiro às desigualdades salariais. Referiu que o último relatório do fórum económico e social aponta para