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RELATÓRIO | COMISSÃO TÉCNICA INDEPENDENTE

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pelas suas características, pela leitura das condições em que evoluía e pelas

previsões meteorológicas existentes. Assim, as necessárias medidas de proteção

civil (disposições relativas à circulação na rede viária, acompanhamento da

população rural, preparação de evacuações) deveriam ter sido equacionadas logo

às 16h00-17h00 e cumpridas a partir das 18 horas.

4. As deficiências no comando e gestão da operação de socorro foram agravadas pelas

dificuldades de comunicação. Porém, e em face do ponto 2, se a atuação tivesse

seguido os padrões em vigor, pouco teria aumentado a efetividade das operações

de controlo do incêndio. Pelo contrário, as consequências catastróficas do incêndio

não são alheias às opções táticas e estratégicas que foram tomadas.

As consequências

Os resultados dramáticos do incêndio de Pedrógão Grande atingiram um elevado número de

famílias e retiraram a vida a 64 pessoas (incluindo um bombeiro).

Não obstante o predomínio de idosos nas diversas aglomerações rurais daqueles concelhos, o

facto já referido dos acontecimentos terem tido lugar num fim-de-semana apanhou a presença

nesses aglomerados de um número elevado de visitantes.

A maioria das vítimas mortais integra o segmento etário dos 20 aos 59 (cerca de 50% do total).

As vítimas jovens (menos de 20 anos de idade) foram nove. As restantes vítimas têm idades

superiores a 60 anos (cerca de 35%).

Metade das vítimas eram residentes na região, embora pudessem ter a primeira residência nas

vilas sedes de concelho, e 12% eram visitas regulares, por ventura com ligações familiares à

região. Esta distribuição, maioritariamente composta por pessoas com fortes ligações à região

(residentes ou visitas regulares), poderia indiciar um outro comportamento na convivência com

o fogo: aguardar dentro das habitações que o fogo passasse, como era habitual. Apenas a

violência do fogo, o brutal ruído gerado pelo vento e as perigosas e assassinas projeções fizeram

com que as pessoas optassem por sair de suas casas e procurar abrigo nas sedes de concelho.

Note-se que 70% das vítimas mortais estava em fuga a partir das respetivas casas, que

acabariam por não arder.

Cerca de três quartos das vítimas faleceram no interior das respetivas viaturas ou na proximidade

delas.

As destruições de património e de bens patrimoniais foram importantes. Arderam cerca de 490

habitações, embora apenas cerca de um terço fossem primeiras habitações. As restantes eram

segundas habitações (40%) ou mesmo casa devolutas (24%).

Quase meia centena de unidades industriais de diversos setores foram atingidas, perdendo-se

equipamento e infraestruturas diversas.

Como se afirmou anteriormente, o cumprimento das medidas de prevenção estrutural,

abrangendo vias rodoviárias e aglomerações populacionais tinha sido muito deficiente. Em certos

casos, a vegetação cumpria alguns daqueles requisitos devido à expansão de parcelas agrícolas

junto ao edificado. Mas raramente se verificou o cumprimento integral das normas legalmente

instituídas. Contudo, não existem evidências que permitam associar as mortes ocorridas em

espaço aberto ou dentro das viaturas ao não cumprimento das referidas medidas de gestão.

Reflexões e Recomendações

O Relatório avança de seguida para Reflexões e Recomendações centradas na problemática da

valorização da floresta e da sua defesa contra incêndios. Da lista de Recomendações, podem

sintetizar-se as seguintes:

13 DE OUTUBRO DE 2017 17