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RELATÓRIO | COMISSÃO TÉCNICA INDEPENDENTE

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2. Conhecimento

 Como se afirmou no início deste Sumário Executivo, o Sistema Nacional de Defesa

da Floresta Contra Incêndios carece de uma forte incorporação de conhecimento.

Muitas das decisões são tomadas apenas com base em conhecimento empírico e

baseadas em perceções normalmente questionáveis.

 É aliás também nesse sentido que se discute a previsibilidade dos incêndios

florestais. São ocorrências que, com o histórico e as características das ocorrências

em Portugal, podem ter uma avaliação operacional previsível, o que pode conferir

eficácia à intervenção, designadamente à capacidade de antecipação.

 Neste patamar, a integração do conhecimento com a ação deverá ser uma trave

mestra na organização futura do sistema. O aproveitamento das melhores condições

para o combate, a fluidez da informação técnica do IPMA, a capacidade de

interpretar a complexidade das situações, a integração de especialistas de análise

do fogo, assim como a intervenção de operacionais profissionais especializados

convergem num fluxo onde o conhecimento deverá ser o fator privilegiado de

conjugação. Nesse sentido pode afirmar-se que os mecanismos de simulação e de

apoio à decisão estão em estado incipiente e não têm permitido dar suporte

qualificado às intervenções operacionais.

 Ainda no domínio do conhecimento, é fundamental que a capacidade e os recursos

da investigação científica instalados em instituições nacionais, designadamente em

universidades e nos laboratórios de Estado, seja confrontada, mobilizada, utilizada

e integrada em programas de investigação aplicada que associem empresas,

associações, forças operacionais profissionais e centros de investigação. O

tradicional desajustamento entre a investigação e a solução concreta das

problemáticas nacionais deve, também neste setor, ser ultrapassado, garantindo

uma crescente incorporação do conhecimento nessas problemáticas.

 Domínios como a gestão do fogo, incluindo o comportamento de fogos extremos, os

modelos de ordenamento e de silvicultura preventiva, os instrumentos e aplicações

de apoio à decisão, os projetos na área da meteorologia são alguns dos aspetos que

devem corresponder a linhas de I&D a estruturar no futuro.

 É neste quadro que se avança com a proposta de criação de um Laboratório

Colaborativo, impulsionado por empresas e outras entidades florestais, permitindo

estruturar um programa especial dedicado, integrando linhas de investigação

aplicada e proporcionando soluções adequadas aos problemas relacionados com o

SNDFCI.

3. Recursos Humanos

 Este capítulo é crítico e constitui um dos bloqueios maiores do sistema nacional de

defesa da floresta contra incêndios. O deficit de conhecimento no sistema é também

o resultado da fragilidade com que os diversos agentes interpretam os

acontecimentos, utilizam as informações e manipulam os instrumentos (sobretudo

as aplicações de simulação). Por esse motivo, um esforço enorme de qualificação

deverá ser introduzido no sistema, através da fixação de perfis profissionais

adequados às diversas funções e da formação exigida para a respetiva integração.

 Neste domínio, o sistema português deveria integrar o perfil de qualificações

europeu, que permite a definição de conteúdos funcionais associados às diversas

funções previstas na proteção civil.

13 DE OUTUBRO DE 2017 19