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conflagrações, em que não é possível prestar socorro a todas as comunidades. Esta

constatação fez com que a Assembleia da República e o Governo se questionassem sobre

esta matéria e os estudos daí decorrentes proporcionaram importantes análises sobre estas

ocorrências (CTI 2017, Viegas et al. 2017). No entanto, a situação catastrófica de junho de

2017 seria ainda mais agravada com os incêndios iniciados a 15 de outubro, que conduziram a

mais 51 vítimas mortais, todas civis. A Assembleia da República voltou a constituir a Comissão

Técnica Independente para análise dos incêndios de outubro, o que deu origem a novo

relatório (CTI 2018). Por solicitação do Governo, os incêndios de outubro encontram-se

reportados também em (Viegas et al 2019). Foi registado nestes incêndios que 92% dos

acidentes ocorreram em zonas de interface urbano florestal (IUF). Os incêndios de outubro de

2017 continuaram a ser o tema de estudos subsequentes (e.g. Viegas et al. 2019).

Do relatório da CTI (2018) destaca-se a comparação entre os perfis das vítimas e as

circunstâncias das ocorrências das fatalidades, que foram marcadamente diferentes, entre os

incêndios de junho e de outubro de 2017. Enquanto nos incêndios de junho havia sobretudo

vítimas em fuga, de todas as idades, sem predominância de género e com pouca ligação ao

local, no caso de 15 de outubro as vítimas eram predominantemente homens residentes nas

localidades afetadas, tendencialmente idosos, que em muitos casos se encontravam a salvar

bens. Enquanto nos incêndios de junho (Pedrógão) 75% das mortes estudadas ocorreram ou

tiveram origem nas estradas, nos incêndios de 15 de outubro as ocorrências estiveram

sobretudo ligadas a casas de habitação (32%) ou a outros tipos de edificações (16%), em

particular associadas à atividade agrícola (CTI 2018) como se expressa na Figura 2.

Figura 2. Tipos de local em que ocorreram os acidentes com vítimas mortais nos incêndios de 15 de outubro e

de junho (Pedrógão) conforme o relatório da Comissão Técnica Independente (CTI 2018).

Também as circunstâncias em que ocorreram as fatalidades indicavam que, em casa, o

comportamento era sobretudo passivo tanto em junho como em outubro. No entanto, quando

no processo de fuga, as fatalidades ocorreram em junho sobretudo de carro (90,0%), enquanto

que esta percentagem foi substancialmente menor (62,5%) em outubro (Viegas et al., 2017,

2019).

Esta disparidade de circunstâncias e de perfis entre os incêndios de junho e outubro de 2017

traduz bem a dificuldade de implementar um programa de autoproteção das populações que

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