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possa cobrir com eficácia todo o tipo de circunstâncias e abarcar todo o tipo de perfis. Passou

a ser evidente a necessidade de garantir uma melhor proteção das pessoas, e dos

aglomerados populacionais em que se inserem, aos incêndios florestais, dando resposta à

tragédia ocorrida nesse ano, em que perderam a vida 117 pessoas, e onde ficaram

evidenciadas a falta de preparação das populações e a falta de medidas para proteger os

cidadãos.

2. As respostas das comunidades

Como reação aos eventos extraordinários e ao grande impacto e alarme social causados pelos

incêndios de 2017 as comunidades organizaram-se, agregando familiares das vítimas mortais

e de outras vítimas e, em geral, os mais afetados pelas ocorrências.

A primeira iniciativa verificou-se na região de Pedrógão Grande, na sequência do incêndio de

junho de 2017, com a criação da Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande

(AVIPG). Nos meses e anos que se seguiram ao evento, e na ausência de qualquer iniciativa

por parte do Governo, a AVIPG mobilizou os moradores de um conjunto de dez aldeias dos

Concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, para se

constituírem em comunidades resilientes e capazes de enfrentar o risco de incêndio e de

recuperar ao seu impacto. Esta iniciativa conduziu ao desenvolvimento de um projeto

designado «Aldeias Resilientes». Com a colaboração de várias instituições, entre as quais a

APROSOC, a ADAI e outras, foi adquirido equipamento de proteção individual, de autodefesa,

de comunicação e promovidas ações de formação para os cerca de cinquenta cidadãos que

participam nesta iniciativa, incluindo estrangeiros. Nestas ações os cidadãos aprendem noções

de comportamento do fogo e de segurança pessoal, uso de sistemas de comunicação e

praticam a operação dos kits de combate ao fogo. Em duas aldeias que integram esta iniciativa

da AVIPG, Ferrarias de S. João e Moninhos, foi lançado um projeto de construção de abrigos

coletivos para a população e visitantes.

Na sequência dos incêndios de outubro de 2017 foi igualmente desencadeada uma iniciativa

que mobilizou muitas das vítimas e lesados. Foi criada a Associação das Vítimas do Maior

Incêndio de Sempre em Portugal (AVMISP) que, em comunicado, alertava para que «estes

incêndios mataram dezenas de concidadãos, destruíram mais de mil casas de primeira

habitação, afetaram largas centenas de postos de trabalho nos vários setores de atividade,

destruindo ainda centenas de hectares de olivais, vinhas, culturas agrícolas e dezenas de

milhares de animais em explorações pecuárias». E a AVMISP teve um papel ativo alertando

para a dificuldade das ajudas do Estado à economia afetada por aqueles incêndios.

Para além das ações associadas à recuperação da economia e à proteção pessoal e das

habitações, também a importância da atuação nas zonas de interface urbano-florestal foi

reconhecida pelas comunidades. Um bom exemplo é o da aldeia de Ferrarias, aldeia integrada

na iniciativa da AVIPG, em que, por iniciativa da população, os residentes colocaram em

comum os terrenos envolventes da aldeia e disponibilizaram-nos para a implementação de um

projeto de modificação do coberto vegetal, de forma a aumentar a resiliência da aldeia. Foi

decidido eliminar os eucaliptos existentes na orla deste aglomerado e plantar espécies de

crescimento lento, como carvalhos de folha caduca e sobreiros, de forma a criar uma zona

menos propícia ao comportamento extremo do fogo e para permitir ações de defesa.

Para além destas iniciativas de resposta às ocorrências de 2017 continuaram ativas outras

5 DE JANEIRO DE 2021________________________________________________________________________________________________________

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