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tenham também muita dificuldade em obedecer - no sentido de o serviço ser mais eficaz, porque são muito ciosos da relação que entendem que devem ter com um doente. Penso que, apesar de tudo, a orientação política é a de servir o maior número de pessoas possível com os meios adequados.
Mas estamos a falar de uma área muito delicada - o Sr. Deputado certamente sabe a que me refiro: estamos a falar de profissionais muito zelosos das suas competências e atribuições, que não querem e não gostam de partilhar com quem quer que seja.
Espero ter sido explícito na linha política que defendemos no capítulo do sistema de apoios ao tratamento de toxicodependentes.

A Sr.ª Presidente: - Tenho pelo menos mais duas inscrições, pelo que pedia aos Srs. Deputados que fossem concisos nas questões e que o Sr. Ministro também o fosse nas respostas. É que a Sr.ª Ministra do Ambiente já se encontra à espera há um bom bocado.
Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Correia da Silva.

O Sr. Nuno Correia da Silva (CDS-PP): - Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, na semana passada, quando tivemos oportunidade de interpelar o Governo sobre segurança interna, uma das questões que foi colocada ao Sr. Ministro da Administração Interna teve a ver, precisamente, com o controlo e a capacidade dos agentes das forças de segurança para o controle das chamadas novas drogas: as drogas sintéticas.
Vejo que o Sr. Ministro faz questão de realçar e integrar no orçamento do Programa de Prevenção da Toxicodependência alguns investimentos que são feitos no âmbito da administração interna, como sejam as lanchas rápidas, o programa escola segura e a formação de agentes. Na altura, e por isso chamo à colação a interpelação que fizemos há uma semana, o Sr. Ministro da Administração Interna disse que essa questão de os agentes de autoridade terem ou não capacidade, hoje, para o controlo das chamadas novas drogas deveria ser colocada ao Sr. Ministro-Adjunto do primeiro-ministro.
Hoje, há informação disponível sobre a evolução do consumo, seja do ecstasy, seja do ice ou do crystal, as chamadas novas drogas ou drogas sintéticas, e o relato dos agentes de autoridade com os quais tenho contactado é o de que eles não têm qualquer equipamento capaz de detectar essas novas drogas. Não têm uma coisa tão simples como sejam os kits de detecção. E como não vejo, no plano de investimentos, qualquer previsão para a criação desses kits, pergunto se essa não é uma preocupação do Governo, se o Governo entende que não é capaz e não tem capacidade de dotar os agentes de autoridade para a detecção e para o controlo dessas novas drogas, que penso estarem a ser tratadas de uma forma muito despicienda, com alguma ligeireza, como se não fossem drogas tão ou mais graves como as tradicionais, seja a heroína, seja a cocaína.

A Sr.ª Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Niza.

O Sr. José Niza (PS): - Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, estou um pouco surpreendido com o que tenho ouvido aqui, pelo seguinte: num período muito curto e em relação a este processo do Orçamento, o Sr. Ministro teve uma reunião com a Comissão de Toxicodependência; passados uns dias, convidou os partidos políticos para tomarem conhecimento do pacote legislativo, o que teve lugar na residência oficial do Primeiro-Ministro; está aqui hoje e esteve há dias no debate que acabou de ser referido pelo Sr. Deputado Nuno Correia da Silva - portanto, as pessoas são as mesmas, o mesmo Ministro, os mesmos Deputados, a matéria é a mesma -; mas, depois, o diálogo é completamente diferente de uma reunião para outra! Realmente, não entendo isto!
Na primeira reunião, o Sr. Ministro foi à Comissão e levou um relatório com números, verbas, onde se fala do orçamento - não sou economista mas percebo que se está a falar de números, de verbas, de dinheiro -, levou uma lista exaustiva dos dinheiros que iam ser gastos e onde é que iam ser gastos. E, imediatamente, foi contestado, designadamente pelo PSD, porque foi para uma reunião com números em vez de falar de políticas e de pessoas. Hoje, aconteceu o contrário: foi o Sr. Deputado Bernardino Vasconcelos que trouxe uma série de números, que, aliás, o Sr. Ministro rebateu.
Neste contexto, deste diálogo com as mesmas pessoas e sobre a mesma matéria, tenho dificuldade em perceber o que é que está a passar-se, porque todos estão de acordo, querem que a droga seja uma área de consenso, mas depois levantam-se aqui questões perfeitamente surrealistas.
E dou um exemplo: falou-se da segurança nas escolas, do Programa Escola Segura, que foi lançado pelo PS e pelo seu Governo. Estive há menos de uma semana em Almeirim, quando foi inaugurado um quartel da GNR pelo Sr. Ministro Jorge Coelho, e, simbolicamente, foi entregue uma viatura à GNR, cujo quartel fica exactamente dentro da escola de risco de Almeirim, os dois edifícios ficam um em frente do outro. O Sr. Ministro Jorge Coelho anunciou que, no sábado seguinte (julgo que terá sido no sábado passado), iria entregar 100 viaturas à GNR para se inserirem nesse Programa. Ora, o Sr. Deputado Bernardino Vasconcelos, há minutos, referiu aqui que esse Programa estava paralisado e que havia menos dinheiro para ele. Portanto, ou as pessoas andam muito desatentas, ou andam muito esquecidas!
Não queria aqui falar do passado - já vai sendo tempo de falarmos menos do passado -, mas não posso deixar de referir, porque tenho 20 anos de experiência nesta matéria, que comecei a tomar contacto, como responsável do Centro de Estudos e Profilaxia da Droga, em 1978, de todo o processo, estive dez anos como assessor principal do Gabinete de Combate à Droga, conheci todos os governos e sou capaz, de uma maneira objectiva e isenta, de fazer comparações.
Lembro que o antecessor do Sr. Ministro, o actual líder parlamentar do PSD, que também teve a tutela, sentou-se na mesma cadeira que o Sr. Ministro, deu posse ao Alto Comissário do Projecto Vida e esteve 13 meses seguidos sem lhe falar, sem despachar, sem coisa nenhuma! Isto já aqui foi dito por mim, faz parte de declarações de algumas pessoas.
Penso que devia haver um pouco de pudor e que as pessoas devem reconhecer que nunca houve tanto diálogo nestes últimos três anos em matéria de droga entre o Governo e a Assembleia como tem havido agora. Foi por iniciativa do PS que se criou uma comissão, que funcionou, que apresentou um relatório, relatório esse subscrito por todos os Srs. Deputados da Comissão, que se comprometeram,