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Acho que as pessoas não sabem o que um Assistente Social faz. Na generalidade. Quando as pessoas procuram o Assistente Social, vêm dizer: “eu não tenho dinheiro, estou desempregada, sou uma coitadinha, tenho 5 filhos, dêem-me um subsídio!”. Na maior parte dos casos, as pessoas que nos chegam são assim. E nós temos que desconstruir, dar a volta, e tudo bem, vamos tentar ajudar, tentar arranjar respostas, vamos arranjar tentar por exemplo, arranjar uma ama para os miúdos, vamos tentar que eles vão à escola, que o seu marido vá a consultas e a senhora vai frequentar uma formação. O ideal é eles chegarem aqui, nós fazermos os papelinhos do Rendimento Social de Inserção e eles ficam em casa sem fazer nada, e recebem o subsídio. Esses vêem o Assistente Social como assistencialista. (Ent. 14)

Primeiro, não temos tido organismos de classe que tenham essa possibilidade, esse acesso a alguma visibilidade pública. Depois, tem muito a ver com a história. De Serviço Social toda a gente acha que sabe. Assim como da medicina receitam o cházinho, mas sabem que não é medicina, em Serviço Social acham que dar duas palmadinhas nas costas já é Serviço Social. Por um lado é a história, de onde vem, de onde decorre esta profissão de longa data, que começou com a caridade, ligada à igreja. Depois tem muita culpa os organismos de classe que, até ao momento, não têm dado visibilidade pública. Temos visibilidade doméstica, entre as instituições com que se trabalha, e dentro de algum ministério com maior trabalho público, mas em termos de imagem comum e representação social geral, a profissão não tem investido nisso. Somos muito modestos. (Ent. 26)

Todas estas respostas apontam para a existência de uma ideia errada do que fazem os

assistentes sociais. Ou seja, assume-se que há uma ideia, contudo essa ideia não corresponde

ao que é o efectivo desempenho dos profissionais de Serviço Social.

Como já foi referido, há outras respostas que assumem que o público em geral sabe o que

fazem os assistentes sociais. Estas respostas não negam que o conhecimento comum incide

efectivamente numa certa ideia da função assistencial, de apoio financeiro, de resolução de

problemas, contudo também não negam que esse é um domínio de actuação dos assistentes

sociais. O que se afirma é que o conhecimento comum é um conhecimento redutor e parcial,

baseado exclusivamente na relação de contacto que os utentes têm com os serviços. Não é

um conhecimento pleno e profundo da pluralidade de funções e actividades passíveis de

serem desempenhadas pelos assistentes sociais. É interessante observar afirmações como

“quem melhor sabe o que faz um Assistente Social é quem tem que recorrer aos seus

serviços” e esses são o que procuram algum tipo de assistência, “quem não recorre não

sabe”. Também é curioso constatar a consciência de que há uma responsabilidade própria

relativa à imagem enviesada do Serviço Social, estando a ser feitos esforços para trabalhar e

alterar essa mesma imagem.

Infelizmente, ainda há quem pense que somos as meninas da assistência. A Assistente Social está ali é para dar subsídio e ponto, é para dar o Rendimento Social de Inserção e ponto. Também depende do público-alvo, da população alvo, que os técnicos tenham. (Ent. 5)