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dos técnicos. Outro exemplo referenciado como negativo tem a ver com o acompanhamento

ou intervenção junto de crianças e jovens em risco, por considerarem que a opinião pública

vê essa intervenção como uma intromissão pouco ponderada, ou excessivamente técnica.

Se estamos a ajudar, a pessoa agradece sempre, e aí há sempre o reconhecimento. Mas depois há situações em que não se pode apoiar e aí pronto, já somos as piores pessoas do mundo. Mas que da parte dos utentes existe reconhecimento. Quanto ao público que não tem interacção com os assistentes sociais acho que a opinião é negativa (…). Em geral, do que se ouve falar, existe aquela ideia de que o Assistente Social só quer é tirar as crianças ou que o Assistente Social não faz nada para ajudar. (Ent. 3)

Bem, talvez seja mais ao nível da acção social. Eu penso que o que é mais conhecido deve ser o trabalho de acção social embora seja uma parte do que se faz num todo, penso que é o que é mais divulgado e muitas vezes até pelos piores motivos e não pelos melhores. Essa área, a área das comissões de protecção de menores, penso que também deve ser uma área que é mais mediática, também por maus motivos. Provavelmente, também será por isso que é mais conhecida. (Ent. 5)

O Serviço Social tem trabalhado pouco na reflexão e publicação dos problemas com que trabalha. Na última década já tem publicado algumas coisas sobre os problemas com que se trabalha, mas não temos dado grande visibilidade pública quer aos próprios problemas e à insuficiência de respostas que existem, quer por outro lado à própria capacidade e amplitude da prática profissional. Se calhar, o que o cidadão comum conhece mais da nossa profissão é o que nos pode vir pedir. Que questõezinhas concretas nos podem vir pedir. Do ponto de vista das entidades patronais, que é outra dimensão, acham que é uma profissão que lhes vai resolver todos os problemas sociais que ali têm, nomeadamente na saúde, que lhes vai tirar de cá [hospital] os doentes. (Ent 26)

Num caso e noutro, a mediatização a que estão hoje – e crescentemente – sujeitos os

“problemas sociais” expõe muito o trabalho dos assistentes sociais sem que estes possam ser

ouvidos, ou porque não são ouvidos efectivamente ou porque não são autorizados a

esclarecer o seu papel e os fundamentos da sua acção. A ansiedade e pressão que isso coloca

nos profissionais prejudicam a sua independência e discernimento. Também aqui a

existência de uma Ordem é vista como muito positiva, sobretudo tendo em conta que se trata

de uma profissão recente e sem o prestígio e poder de outras profissões de referência38

Uma outra leitura relativamente ao reconhecimento público das funções dos assistentes

sociais decorre da dimensão relacional. Ou seja, tal como anteriormente se reconheceu que

parte das funções dos técnicos passa por saber escutar, e falar com os utentes, também agora

o reconhecimento se faz pela relação que se estabelece com as pessoas que estão

dependentes, fragilizadas, condicionadas por processos de marginalização e exclusão. Como

.

38 Um exemplo muito referido de intervenção positiva da Ordem em defesa da identidade e bom nome da profissão é o da Ordem dos Enfermeiros, criada em 1998.