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Capítulo I – As profissões, os mecanismos de auto-regulação e a emergência das

ordens profissionais

1. A transformação das profissões

As profissões encontram-se em permanente transformação. Esta ocorre em tempos e espaços

distintos de acordo com as necessidades sociais e, não menos importantes, profissionais. Aliás,

as transformações promovidas pelas próprias profissões, segundo estratégias de revalorização

profissional ou de manutenção de um status quo, são elementos constantes da evolução das

sociedades, desde os tempos mais remotos até aos nossos dias.

Alguns autores tendem a considerar que as profissões estão actualmente em «crise» devido às

profundas mudanças que abalam os seus alicerces identitários. Eliot Freidson (2000), um dos

autores mais marcantes nos estudos sociológicos das profissões, opõe-se, contudo, a esta visão

de que as mudanças na posição dos profissionais são indícios ou sintomas do declínio e

desaparecimento das profissões e sustenta que os elementos essenciais do profissionalismo se

mantêm embora assumindo outras características. Assim, a sua análise da evolução das

profissões na sociedade pós-industrial parte das recentes mudanças da opinião pública, do

mercado e das políticas estatais. A transformação das profissões está, deste modo, interligada

com as transformações da sociedade, num sentido amplo. E falar de «crise» das profissões

implica uma reflexão sobre que profissões estão em «crise» e que factores explicam essa

situação. Passando um rápido olhar sobre as profissões em «crise», verificamos que as

principais «atingidas» são as profissões tradicionais com um estatuto social elevado, como

sejam os médicos, advogados, políticos ou professores. Outras profissões menos valorizadas

socialmente ou com um menor impacto na sociedade são excluídas desta análise ou, em caso de

extinção, esquecidas. No entanto, a «crise» destas profissões acontece no preciso momento em

que aumenta a competitividade profissional, com o surgimento e ascensão de «novas»

profissões, a reconversão de outras e se questiona os monopólios de conhecimento e de

exercício profissional (Dubar, 1997). Neste último grupo podemos incluir os profissionais de

Serviço Social, como uma profissão que, pese embora a sua tradição relativamente recente

(Mouro e Simões, 2001), conseguiu já consolidar um processo de profissionalização, assente na

formação e na “oferta” de serviços cada vez mais prementes, que impõem níveis de organização

e de sensibilidade social apurados (Negreiros, 1995).