O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

9

As profissões distinguem-se em função da organização das suas competências técnicas e do

poder que detêm em sectores particularmente relevantes da vida social. A competência é o

elemento-chave de qualquer profissão “por possibilitar uma forma de monopólio do

conhecimento técnico por parte do grupo profissional”. O poder “consiste no facto de a

profissão poder usar de maneira privilegiada, mesmo monopolisticamente, esses

conhecimentos técnicos” (Ferrarese: 1992: 43), correspondendo tal poder a um reconhecimento

por parte da sociedade de que a profissão exerce uma importante função de interesse geral. As

profissões são, hoje em dia, confrontadas com um conjunto de transformações societais que as

impele a actualizar quer as suas competências quer os equilíbrios de poder existentes entre os

vários grupos profissionais.

Por isso, independentemente das perspectivas teóricas, é consensual afirmar-se que o

protagonismo das profissões não só se manteve como é cada vez maior. Tal como Rodrigues e

Carapinheiro sublinham, recorrendo à perspectiva parsoniana, “o desenvolvimento e aumento

da importância das profissões constitui provavelmente a mais importante mudança ocorrida no

sistema ocupacional das sociedades modernas” (1998: 147). Ora, estas mudanças continuam a

ocorrer e têm vindo a contribuir para a redefinição de noções como profissão e profissionalismo

e permitindo, ainda, o surgimento de novas noções como a de pós-profissionalismo. “Se é

verdade que em muitas circunstâncias se contesta hoje o poder dos profissionais e não se aceita,

sem discutir, a sua autoridade, é também verdade que o modelo associado ao profissionalismo

se divulgou como um valor positivo, oposto ao do amadorismo, assalariamento, funcionalismo

e outros, passando a profissionalização a constituir uma aspiração de muitos grupos

profissionais pelo poder, prestígio e autonomia que lhe estão associados” (Rodrigues e

Carapinheiro, 1998: 147-148)2

.

2 Tomando como exemplo de estratégias profissionais distintas, o caso dos médicos e enfermeiros, verificamos que os primeiros lutam pela manutenção do seu poder e prestígio e os segundos procuram imiscuir-se num espaço reservado tradicionalmente apenas aos médicos (Rodrigues e Carapinheiro, 1998; Carapinheiro, 1998; Ruivo, 1987; Pimentel et al., 1991).