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2. Profissões, profissionalismo e pós-profissionalismo: as velhas, as novas e as

profissões em adaptação

O conceito de profissão tem tido vários significados ao longo dos tempos3

O mesmo autor encarrega-se de mostrar que vários factores podem estar a descaracterizar o

profissionalismo e refere, a propósito, a perda de exclusividade profissional; a crescente

segmentação da utilização do conhecimento abstracto através da especialização; e o crescimento

do uso das novas tecnologias no acesso às fontes de informação. Esta nova realidade, que

designa de pós-profissionalismo, permite que os serviços antes desempenhados exclusivamente

por certas profissões possam agora ser efectuados por um conjunto de profissões

especializadas. A resistência das profissões tradicionais não conseguiu combater a crescente

especialização e segmentação de tarefas, bem como o acesso alargado à informação, em especial

através da Internet. Assim, o pós-profissionalismo que Kritzer (1999) aborda combina as

complexidades desta evolução profissional com a multiplicidade de modos em que se

manifestam, nomeadamente nas mudanças dos padrões de influência política, na racionalização

do conhecimento e no crescimento das tecnologias como instrumento de trabalho e acesso à

informação.

. Herbert Kritzer

(1999) considera três definições, que sintetizamos: a de senso comum, que é sinónima de

ocupação, em oposição a amador; a histórica, que inclui um conjunto de ocupações que exigem

formação específica e selecção através do mérito demonstrado e uma avaliação por outros

profissionais da mesma área; e a sociológica, que usa a palavra profissional num sentido mais

restrito. Nesta última definição, dois elementos são fundamentais na caracterização da

profissão: a exclusividade profissional e a utilização de conhecimento abstracto. Algumas

profissões conseguiram adicionar outros atributos, tais como altruísmo, autonomia regulatória e

independência face aos “clientes” e Estado, que contribuíram para uma maior afirmação em

relação a outras profissões (desde logo, o caso da medicina e da advocacia).

Por outro lado, sendo as profissões entidades que, no entender de Richard Abel (1986),

procuram, por natureza, limitar o acesso à profissão e reduzir os níveis de competição interna,

algumas delas, como por exemplo as jurídicas, a dos economistas ou a dos arquitectos, têm

vindo a perder estes mecanismos de controlo. Contudo, outras há que, não detendo

historicamente estes mecanismos de controlo, aspiram e, por vezes conseguem, introduzir

mecanismos de organização, controlo e fiscalização profissional. O pós-profissionalismo 3 Sobre a evolução das profissões e dos modelos de análise ver Rodrigues (1997) ou Dubar (1997).