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caracteriza-se, então, por uma especialização dos serviços prestados pelos vários profissionais

de forma idêntica ao que sucedeu com a especialização de produtos. Como esta especialização

implicou a deslocalização da mão-de-obra, também a especialização verificada na produção de

serviços impõe uma flexibilidade de recursos humanos, quer a nível contratual quer mesmo em

termos geográficos. Como refere Kritzer (1999: 718), “a alteração da natureza do trabalho

combinada com a diminuição do emprego estatal e a globalização da actividade económica

constituem as condições para a emergência do pós-profissionalismo”.

3. O auto-controlo profissional: controvérsias entre reforço e declínio

Ao relembrar o que se afirmou atrás sobre o declínio das profissões e a perda de controlo

profissional (Abel, 1986) verifica-se a existência de três factores principais que contribuem para

esta realidade (Kritzer, 1999: 718): a alteração da natureza do trabalho, a transformação dos

mecanismos de controlo e autonomia profissional e a globalização da prestação de serviços

profissionais.

Em relação às alterações na natureza do trabalho, verifica-se um declínio do trabalho manual,

um aumento da racionalização das tarefas e a introdução das tecnologias de informação. A

racionalização do trabalho envolve três elementos: a formalização e sistematização da

distribuição de conhecimento, o desenvolvimento de procedimentos estandardizados e a

segmentação da prática profissional. Estas transformações vão, posteriormente, ter repercussões

na especialização profissional e na delegação de competências. Os médicos, os advogados ou os

engenheiros passam a intitular-se especialistas em algumas áreas específicas e abandonam a

ideia generalista que cultivaram durante anos4

4 Entre os médicos existem distinções consoante as especialidades, como cardiologistas, obstetras, neurocirurgiões, demonstrando uma actividade profissional cada vez mais segmentada. A mesma coisa ocorreu com engenheiros (civis, hidráulicos, de minas, etc.) ou com os juristas (constitucionalistas, administrativistas, penalistas, etc.).

. Esta especialização ocorre onde existe um

mercado dinâmico e de dimensão assinalável. Neste sentido, a especialização acarreta

igualmente uma forma de estratificação profissional que, por sua vez, vai reformular as

identidades profissionais, subdividindo-as (os neurocirurgiões, por exemplo, adquiriram um

reconhecimento sócio-profissional mais elevado que os especialistas de medicina interna ou os

engenheiros civis em relação aos engenheiros geológicos). E é dentro desta crescente

especialização que surge a delegação de competências noutros profissionais que vão colaborar