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verno approvou a lista!...» E dirão que o Governo não interveiu no Processo Eleitoral? Poderão dizer com a mão na consciencia que a, eleição foi livre? Que a Lei foi consultada e obedecida como devia ser? E aquelles Cavalheiros, Senhores, que accusaram o Governo passado por cousas muito mais pequenas do que estas, porque se esquecem, porque banham no Lethes todas estas irregularidades? Mais ainda: porque se identificam com o Governo? N'uma das Sessões passadas fallei por incidente n'uma Substituição mandada para a Meza pelo meu amigo o Sr. José Estevão, que, faça o que quizer contra mim, hei de continuar a estima-lo. O illustre Deputado disse — «Não conheço o Sr. Ministro da Fazenda, tenho muito poucas relações com elle;» e eu quando disse que o nobre Deputado tinha mandado um Projecto para a Meza, e que o Sr. Ministro da Fazenda o tinha adoptado estava tão longe de querer lançar o menor desfavor sobre o meu nobre amigo, que diz do Sr. Ministro da Fazenda uma especie de chancella do Sr. José Estevão, e isto não importava offensa alguma, porque o Sr. José Estevão, como homem publico, deve ter muito gosto e muita satisfação em que as suas opiniões sejam seguidas e obedecidas. Ora o illustre Deputado affligiu-se comigo, e affligiu-se, perdoe-me, mal e injustamente. O que eu tenho visto, Sr. Presidente, é que uma opinião emittida pelo illustre Deputado é logo seguida pelo Governo; uma idéa, um Projecto, uma lembrança exarada no Periodico redigido por S. S.ª, é logo immediatamente posta em practica pelo Governo: por consequencia eu ha muito tempo que considero o Sr. Ministro da Fazenda como uma chancella do Sr. José Estevão, e o Sr. Ministro do Reino como uma especie de Desembargador do Paço do Sr. Antonio Rodrigues Sampaio; (Riso) porque a verdade é esta, o Poder está nestes dois illustres Cavalheiros; os Srs. Ministros têem apenas o governo desse Poder... (O Sr. José Estevão: — Está enganado) estou certo, são os fartos que fallam mais alio que a modestia do illustre Deputado. Eu louvo essa modestia; prova ella a cordura do seu caracter, e a benevolencia do seu coração, mas o facto é que as suas opiniões, as suas doutrinas estão sendo fielmente cumpridas pelo Governo. (Apoiados do lado direito)

O Sr. Ministro da Fazenda leve a bondade de declarar que a Circular do Sr. João de Sousa Pinto Magalhães era verdadeira. Ora o Sr. Ministro da Fazenda não podia negar a Circular, porque eu a tenho na minha mão. (O Sr. Ministro da Fazenda:

— Não neguei) Não negou, e se a negasse, fazia um papel menos digno. (O Sr. Ministro da Fazenda:

— Não o nego) Perdôe-me o Sr. Ministro da Fazenda; eu já declarei, e se não o declarei, declaro-o agora, que sou amigo do Sr. Ministro da Fazenda; não escondo as minhas relações com S. Ex.ª, e até estimei que S. Ex.ª entrasse para o Ministerio, porque foi quebrado com a sua entrada o circulo fatal em que estavam entaladas e presas todas as Administrações, porque não podia ser Ministro em Portugal, senão um homem que tivesse uma certa barriga (Riso) e um certo vulto, e um certo modo de fallar; e o merecimento não era procurado. Se um homem trajava de certa maneira, se dava certa importancia a si, se fallava de certo modo, este homem estava habilitado para ser Ministro quando quizesse; veiu o Sr. Ministro da Fazenda, e felizmente estamos todos agora aptos para ser Ministros; (Riso). (O Sr. José Estevão: — Excepto eu que já estou barrigudo) até eu já tenho esperanças de ser Ministro, e não desisto da empreza! Alas o Sr. Ministro da Fazenda confessando a Circular do Sr. João de Sousa Pinto de Magalhães não fez um grande serviço á Politica do Governo, porque o Sr. Pinto de Magalhães escreveu uma Circular, que será difficultoso achar um precedente igual em qualquer, escripto de tyrannia, Circular a mais prepotente, mais abusiva, e até a mais indecente e indecorosa que tenho visto. Eu vou lê-la — Diz assim:

«Sr. Correio Assistente de... O Governo tem resolvido empregar toda a sua legitima influencia para que nas proximas eleições venham ás Côrtes Deputados que avaliem devidamente a situação do Paiz e que sustentem os principios de ordem e de liberdade, porque são esses os do actual Ministerio.

«Ao Governador Civil desse Districto foram remettidas pelo Ministerio dos Negocios do Reino as necessarias instrucções para se guiar neste importante negocio, e cumpre que v. S.ª regule pela sua parte, e pela dos seus Empregados o que necessario fôr, de accôrdo com aquelle Magistrado, a fim de que as diligencias do Governo possam ter bom exito.

«Aos Funccionarios que servem debaixo das suas ordens convem que v. S.ª faça saber confidencialmente, e pelo modo que julgar melhor, que o Governo de Sua Magestade não está disposto a consentir que os Empregados Publicos trabalhem nas eleições para Deputados em sentido opposto áquelle a que o Ministerio julga conveniente seguir.

«O que, de ordem superior, levo ao conhecimento de v. S.ª, que deve ficar na intelligencia de que esta sincera cooperação que o Governo exige, se deve intender salvos sempre os deveres especiaes do seu cargo. — 1852, Novembro 22. — De v. S.ª muito attento venerador — João de Sousa Pinto de Magalhães.

Ouvi classificar o Sr. Pinto de Magalhães de muito honrado; não contesto a sua honra; mas eu direi, que já vi o Sr. Pinto de Magalhães muitissimo mal tractado, quando mandava as malas do Correio para o Governo Civil por ordem do Sr. Conde do Tojal, então Ministro dos Negocios Estrangeiros dizia-se então que o Governo que viesse, devia demittir o Sr. Pinto de Magalhães, e hoje está honrado!. (O Sr. José Estevão: — Eu peço a palavra... só por este lado) Este lado é indo... (O Sr. José Estevão: — Está a offender um homem honesto, sisudo...) (Uma voz: — Um homem respeitavel) Eu não estou a offender um homem honesto; estou a contar um facto que vi cora os meus olhos, e hei de trazer aqui o Jornal, onde estão as accusações mais torpes dirigidas a esse homem... (O Sr. José Estevão: — Pois eu explicarei tudo isso) Não tem explicação, foi vilipendiado... (O Sr. José Estevão: — Mas é um homem serio, e isso é cousa rara em Portugal) Mas eu não o insulto, estou a narrar um facto; estou a dizer que esta Circular não é Circular que se possa apresentar num Governo liberal; estou dizendo, que quando um homem diz por ordem do Governo — que não está disposto a consentir que os Empregados trabalhem nas eleições contra o Governo, commette um acto de prepotencia, e eu se fosse o Empregado, a quem o Governo mandasse fazer isso, demittia-me, o não sub-