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8 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

O Orador: - Proseguindo, diz que, para o cacique, a força militar seria aquella que lhe fornecesse um destacamento para o pôr a salvo dos rijos cacetes dos eleitores, quando lhes quisessem roubar a urna eleitoral; para o pedante engrandecido na sua vaidade pela ostentação de um titulo grotesco, a força militar seria o que lhe desse honras para acompanhar uma procissão ou para tomar parte numa festa em que fizesse ver aos olhos dos basbaques da sua terra a influencia politica que tinha sobre os Ministros em Lisboa; para outros ainda a força militar seria apenas a que chegasse para manter um determinado regime ou para massacrar aquelles que tivessem a ousadia de se revoltar contra os crimes praticados por esse mesmo regime.

Mas para elle, orador, que não quer o exercito, nem para fazer a republica, nem para impor ao país a monarchia; para elle, orador, que quer o exercito para viver com a sua patria, pensar com ella e morrer com ella - o problema da defesa militar é mais alguma cousa do que o problema encarado pelos caciques, pelos syndicateiros que precisam da força para lhes garantir o exercicio do roubo; para elle, orador, o problema militar é mais alguma cousa do que um singelo destacamento para acompanhar procissões ou proteger caciques; para elle, orador, é mais alto o conceito que forma do exercito e da classe militar.

E porque nunca praticou a deshonestidade pessoal ou politica de adular a força, quer seja a força das multidões que dão os vivas ou os votos, quer seja a força dos exercitos que espingardeiam e chacinam - para elle, orador, que considera a suprema virtude do homem, que na sua mais alta manifestação de dignidade procura viver entre os seus semelhantes para não mandar e não ser mandado, e que não adula nem os eleitores nem os militares: despreza igualmente a benevolencia de uns e a complacencia de outros - para elle, orador, o exercito deve ser uma instituição tão alta e tão nobre que só a conceberia quando, dentro do seu país, todos os homens tivessem tão nitida a elevada concepção da patria, que fosse mais do que uma multidão de estomago, e pudesse ser, pela primeira vez, depois de tanto tempo de aviltamento, um feixe luminoso de almas.

O Sr. Pereira Cardoso: - Peço a palavra para um requerimento.

O Orador: - V. Exa. já sabe se eu acabei?

Ainda tenho cinco minutos para falar.

O Sr. Pereira Cardoso: - V. Exa. já tinha pronunciado o "tenho dito".

O Orador: - Podia dizer isso quanto a um ponto e ter mais que falar!

Diz, em seguida, que a Camara pugna tanto pelos interesses da defesa nacional, que com mais cinco minutos de discurso, se julga maçada.

Bem sabe que a esta hora todos os especialistas hão de estar com a ansia de dizer alguma cousa, e dá por findas as suas considerações.

O Sr. Pereira Cardoso: - Mando para a mesa o seguinte

Requerimento

Requeiro que se consulte a Camara sobre se considera sufficientemente discutida a materia em discussão. = Antonio Augusto Pereira Cardoso.

Lido na mesa e posto á votação, foi approvado.

O Sr. Brito Camacho: - Sr. Presidente: o requerimento diz que é com prejuizo dos oradores inscritos?

O Sr. Pereira Cardoso: - Peço a palavra para explicações.

O Sr. Brito Camacho: - Para explicações? Não pode ser!...

O Sr. Presidente: - Effectivamente, o requerimento não diz se é com ou sem prejuizo dos oradores inscritos; e sendo assim, entendi que era sem prejuizo da inscrição.

O Sr. Pereira Cardoso: - Peço a palavra para outro requerimento.

(Risos da esquerda).

Vozes da esquerda: - Para outro requerimento!... Não pode ser.

O Sr. Alexandre de Albuquerque: - Os Deputados podem apresentar os requerimentos que quiserem.

O Sr. Paulo Cancella: - Peço a palavra para um requerimento.

O Sr. Presidente: - Tem S. Exa. a palavra.

O Sr. Paulo Cancella: - Mando para a mesa o seguinte

Requerimento

Requeiro que se julgue a materia discutida, com prejuizo dos oradores inscritos. = Paulo Cancella.

Foi lido na mesa.

O Sr. Presidente: - Estava votado o primeiro requerimento; mas, como este envolve materia nova, é do meu dever pô-lo á votação.

O Sr. Brito Camacho: - Peço a palavra sobre o modo de votar.

O Sr. Presidente: - Peço licença para dizer que não se pode pedir a palavra sobre o modo de votar os requerimentos.

O Sr. Brito Camacho: - Peço desculpa, mas entendo que se pode requerer.

O Sr. Presidente: - Queira S. Exa. ler o artigo 40.° do regimento.

Posto á votação o requerimento do Sr. Paulo Cancella, foi approvado.

O Sr. Brito Camacho: - Peço a contraprova.

Feita a contraprova, verificou-se novamente a approvação.

O Sr. João de Menezes: - Requeiro a contagem dos Srs. Deputados presentes.

Procedeu-se á contagem.

O Sr. Presidente: - Estão na sala 58 Srs. Deputados, podendo, pois, continuar a sessão.

O Sr. Presidente: - Vae ler-se o artigo 2.° para se votar.

Leu-se na mesa.

O Sr. João de Menezes: - Proponho a V. Exa. que a votação d'esse artigo seja nominal.

O Sr. Presidente: - Queira mandar o seu requerimento.

(Pausa).