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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

tivos, não fez a acquisição como a devia ter feito. (Apoiados.)

Ponho, pois, de parte esta questão sem esconder o que com nas compras de armamento ha de louvavel em s. ex.ª

Não me parece, porém, que taes compras, no momento em que ellas eram fatalmente precisas, na occasião em que os mercados estavam abertos e que havia dinheiro, sejam um titulo bastante para um ministro da guerra se reputar direito á eternidade no poder. (Apoiados.)

" A compra do armamento, qualquer ministro da guerra, estando em soffriveis condições financeiras, a fazia.

Passava as suas ordens á direcção da administração militar e a direcção geral da artilheria, e estes dois corpos reunidos, collaborando um na parto technica e outro na parte administrativa, faziam a acquisição do armamento necessario para o exercito.

Parece-me extremamente simples.

E já que me occorreu fallar da administração militar, seja-me permittido recordar que, não pelo seu pessoal, mas pela sua viciosa organisação, tal instituição não tem no posso paiz motivo por que se recommende! Eu tremo com a idéa de que seja preciso de um momento para o outro fazer mudar cinco ou seis regimentos, porque não sei o que a administração militar ha de fazer, com a sua organisação cheia de inuteis formalidades, sem um caracter verdadeiramente pratico. (Apoiados.)

Voltando ao assumpto de que ía a afastar-me, declaro ao sr. ministro da guerra que não estranho a insistencia de 8. ex.ª na parte que diz respeito aos armamentos.

S. ex.ª comprehende bem o que valem as apparencias em um meio em que as apparencias são tudo; o povo vê os luzentes canhões, mas não vê as... aulas regimentaes!...

E s. ex.ª sacrifica muito ás apparencias.

O sr. Fontes, tão altamente collocado, não podia, nem devia consentir, se não o ordenou, que em uma parada offerecida a um dos principes estrangeiros que visitou o paiz, se mascarasse a musica do um regimento para figurar á frente de outro regimento que a não tinha. Mascarou-se a musica de infanteria n.º 4 para figurar á frente do batalhão de sapadores!

Isto não me parece que esteja á altura do sr. Fontes, e custa-me a crer como s. ex.ª consentiu ou ordenou uma cousa d'estas!

Agora o campo de Tancos.

V. ex.ª, sr. presidente, que é parlamentar antigo, o que pão quer dizer que seja velho, ha de ter reparado que quando se fallava no campo de Tancos, o sr. ministro da guerra mostrava um empenho especial em fazer acreditar que não fóra elle o inventor dos campos de manobras.

Ora, eu juro á camara que s. ex.ª não inventou o campo de manobras. Não inventou. Dissipados os receios que g. ex.ª tinha de que o considerassem como inventor d'aquella instituição, vem sempre que se trata da execução com os pomes dos seus antecessores o successores, o não se esquece nunca do se abrigar aquella sombra protectora do nobre vulto do marquez de Sá da Bandeira. (Apoiados.)

Nenhum de nós se lembra de ter combatido a instituição chamada «campo do manobras» (Apoiados.) que s. ex.ª não inventou.

O que o sr. ministro da guerra inventou, e eu deploro, foi o campo de manobras feito em condições taes, que o 4ornou odioso, e s. ex.ª já o confessou n'aquelle mesmo logar, por occasião de entoar aquelle poenitet, em cuja sinceridade o paiz acreditou por algum tempo. (Apoiados.)

Espectaculoso, como foi, despendendo-se ali rios de dinheiro, foi elle um golpe muito profundo para o exercito, porque o inhibiu d'aquelle instrumento de instrucção por muitos annos.

Eu comprehendo que, nas cireumstancias em que o campo de manobras se fez pela primeira vez, tudo concorria para que elle fosse mais caro; porque s. ex.os tinha as grandes despezas de installação; tinha o excesso de despezas que provém sempre de um aprendizado de administração, do que não houve pratica, mas não comprehendo que, apesar d'esses elementos que concorreram para encarecer aquellas obras, ellas custassem uma somma fabulosa, e ainda menos comprehendo que os representantes do paiz não saibam ainda ao certo quanto custou aquelle verdadeiro desvario. (Apoiados.)

Permitta-me a camara que eu diga ainda duas palavra? com respeito ao campo de Tancos, o essas na minha qualidade de militar.

Aquelles exercicios em que tanto se trabalhou e com tão boavontade de acertar, infelizmente pela direcção suprema que se lhes deu, foram feitos em condições taes que (com magoa o digo), o publico, ainda o mais illustrado, deu a taes exercicios a classificação, já hoje inolvidável, de cavalhadas de Tancos. (Apoiados)

É realmente pungente e doloroso para quem, como eu, tem os brios da classe militar, a que pertenço, ouvir o publico' chamar cavalhadas de Tancos áquelles exercicios, (Apoiados) e não ha do ser tão cedo que desappareça ou esqueça esse epitheto que é realmente affrontoso.

Falia muito da sua muita solicitude, da sua boa vontade o nobre presidente do conselho, mas o que é facto é que nós temos um exercito com um recrutamento que me atreverei a chamar um acervo de monstruosidades, (Apoiados.) sem reserva, ou antes com uma inutilidade chamada reserva e que serve só para avolumar os orçamentos e as paradas; (Apoiados.) com uma organisação atrazada de quinze annos, quinze longos annos, durante os quaes se tem operado profundas modificações no modo de ser dos exercitos; (Apoiados.) finalmente, um exercito, devo dizel-o, sem instrucção. (Apoiados)

E note se bem que eu não confundo de modo algum as differentes individualidades que constituem o exercito com o conjuncto do mesmo exercito.

Penso que todos reconhecem e estarão d'isto tão bem convencidos como eu, que no exercito portuguez ha officiaes, em todos os postos e em todas as armas, que são dignissimos, que são distinctissimos e que empenham os maiores esforços para elevar no conceito publico, e tornai o respeitavel, o exercito portuguez. (Apoiados)

Tenho pena que n'este momento estejam presentes alguns dos nossos collega3 que são militares, e dos mais distinctos, porque eu não queria melindrar a sua modestia, dizendo a seu respeito todo o bem que d'elles penso.

Alem de optimos officiaes temos muitos bons sargentos; infelizmente não aproveiifimo3 nós todo o serviço que nos podiam prestar.

E fallando de sargentos, creio que a camara não terá duvida em me permittir uma pequenissima digressão, que se cifra apenas n'uma pergunta que desejo fazer ao sr. ministro da guerra em relação a umas petições apresentadas aqui aos representantes do paiz.

O sr. presidente do conselho, na sessão do anno passado, quando se discutiu aqui o augmento dos soldos aos officiaes, teve occasião de prometter, se não me engano, a um ornamento que foi d'esta casa, o sr. D. Miguel Coutinho, que não podendo augmentar, como se pedia então, os vencimentos do3 sargentos, se responsabilisava na presente sessão a apresentar um projecto do lei tendente a dar-lhes algumas garantias, dando lhes logares era quadros, que não sei muito bem quaes fossem, nem d'isso trato agora.

O que é certo é que a sessão vae quasi no fim, o esse projecto ainda não foi apresentado.

O facto principal, porém, a que me desejo referir é o seguinte:

Apresentei n'uma das sessões, logo depois de constituida a camara, varios requerimentos de primeiros sargentos, que pediam ao parlamento que houvesse por bem tomar uma medida, em virtude da qual não só lhes fossem augmen-