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4 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

acrescentar ao que disseram os dignos pares que me precederam.

Pedi a palavra unicamente para dizer á camara quaes as minhas impressões sobre o que se tem escripto relativamente á administração do instituto de Santo Antonio, em Roma.

Sr. presidente, eu tenho lido quasi todos os artigos que se têem publicado a este respeito; nunca vi, porém, especificado, um unico facto criminoso ou irregular como tendo sido praticado por parte dos que têem a seu cargo a administração d'aquelle instituto.

N'esses artigos ha suspeições, injurias e mesmo infamias de tal ordem, que na minha opinião apenas merecem da parte do sr. Mártens Ferrão o seu desprezo e nenhuma outra cousa.

N'esses artigos chega-se mesmo a suspeitar que na administração da casa de Santo Antonio se deram factos similhantes aos em tempo occorridos no consulado do Brazil.

Ora, isto realmente envolve uma tal injuria, representa uma infamia de tal ordem, que só merece o desprezo do Sr. Mártens Ferrão.

Nós, porém, é que não podemos lançar ao desprezo este facto, nem nós nem o governo, ao qual compete indagar o que ha, informando depois o parlamento.

Toda a camara tem conhecimento das relações que me ligam ao sr. Mártens Ferrão e á sua familia, e por isso comprehenderá que eu não podia ouvir que n'esta casa se pronunciava o nome do sr. Mártens Ferrão, sem vir juntar os meus protestos aos dos dignos pares que me precederam, e asseverar que pela minha parte considero o caracter do sr. Mártens Ferrão tão superior a todas as imputações que a este respeito se lhe queiram fazer, que entendo que o facto de que se trata não póde sequer ser objecto de uma syndicancia.

Tenho dito.

(O digno par não reviu as notas ao seu discurso.)

O sr. Barbosa du Bocage: - Sr. presidente, podia dispensar-me de tomar a palavra n'esta occasião, se o meu silencio não podesse ser interpretado de uma maneira censuravel pelos funccionarios que ultimamente têem tido a seu cargo a administração do instituto de Santo Antonio em Roma.

Eu não tenho senão que confirmar tudo quanto disseram os illustres oradores que me precederam, e ao mesmo tempo dar testemunho da respeitabilidade, honradez e probidade de todos os funccionarios que, durante o tempo que tive a meu cargo a pasta dos negocios estrangeiros, tiveram responsabilidade na gerencia dos negocios d'aquelle estabelecimento, já gerindo-os directamente, já fiscalisando-os.

Emquanto fui ministro dos negocios estrangeiros nunca qualquer falta ou irregularidade houve n'aquelle estabelecimento que levasse ao meu espirito a mais leve suspeita de que elle não era gerido sob os principios da mais severa e rigorosa administração.

Se tem ou não havido erros, é este um facto á parte.

Do que eu nunca tive conhecimento foi de facto algum que me levasse a suspeitar da honradez e probidade dos administradores d'aquelle instituto, ou de qualquer dos funccionarios que n'elle têem ingerencia.

Desejei apenas dar este testemunho relativamente ao que se disse dos funccionarios d'aquelle estabelecimento, e nada mais tenho que dizer.

(O digno par não reviu as notas do seu discurso.)

ORDEM DO DIA

Discussão do projecto de resposta ao discurso da corôa

O sr. Presidente: - Vae passar-se á ordem do dia. Vae ler-se o projecto de resposta ao discurso da corôa.

É lido na mesa, e é do teor seguinte:

Dignos pares do reino e senhores deputados da nação portugueza:

Depositario da soberania da nação por direito constitucional, representante de uma dynastia vinculada á prosperidade e independencia do paiz, é-me sempre grato verme rodeado dos que, investidos do mandato popular, são chamados a cooperar com o meu governo no desempenho das funcções que constituem a direcção e administração superiores do estado.

No meio da mais completa tranquillidade publica, assisti com prazer á inauguração do caminho de ferro da Beira Baixa, que abrirá uma era de prosperidade para aquella provincia, e visitei algumas cidades do norte do paiz no intuito de conhecer de perto as necessidades das industrias e os meios conducentes á transformação e melhoramento das condições do trabalho nacional. Na minha viagem atravez de um territorio que eu percorria pela primeira vez no meu curto reinado, experimentei esse sentimento que já antegosava e que preserttia na previsão de uma consciencia, dedicada ao serviço da sua patria, esse sentimento tão lisonjeiro ao meu coração de homem e ao meu espirito de Rei constitucional, o amor do povo portuguez para commigo e para com toda a minha familia, manifestado com um fervor e um enthusiasmo que enchem a alma de gratidão indelevel.

Jurado herdeiro do throno pelas côrtes, acclamado conforme as praxes e as tradições da monarchia, reconheci, não obstante, que um laço mais estreito me prende aos destinos da nação: o amor que o povo dedica á dynastia, como uma affirmação de paz, de segurança e de felicidade do paiz. N'esse affecto expontaneo, verdadeiramente extraordinario, encontrei a mais solida consagração do meu reinado.

Senhor. - A presença de Vossa Magestade, representante de uma dynastia vinculada á prosperidade e independencia do paiz, no seio da representação nacional, é sempre muito grata a esta camara.

Dignou-se Vossa Magestade manifestar n'esta occasião os seus sentimentos de gratidão pelas provas do amor do povo portuguez para com o seu Rei e para com toda a sua familia, revelado no fervor e enthusiasmo com que foi recebido na sua viagem á Beira Baixa, quando foi inaugurado o caminho de ferro d'aquella provincia, e quando Vossa Magestade ali como nas cidades do norte quiz, como verdadeiro Rei constitucional, e com dedicação aos interesses da patria, conhecer de perto as necessidades das industrias e os meios conducentes á transformação e melhoramento das condições do trabalho nacional. Folga esta camara de que Vossa Magestade assim reconhecesse que o laço que o prende aos destinos da nação não é sómente o de haver sido jurado herdeiro do throno conforme as praxes constitucionaes e as tradições da monarchia, mas tambem o amor que o povo dedica á dynastia, como uma affirmação de paz, de segurança e de felicidade do paiz, e que é a mais solida consagração do seu remado.