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SESSÃO N.° 12 DE 3 DE JULHO DE 1911 23

encerrar a sessão para dar as explicações que a Camara acaba de ouvir.

Fique portanto assente o seguinte: o Sr. Machado Santos é para mim o cidadão prestimoso, cujos serviços já enalteci, simplesmente não concordava com a maneira como estava redigida a proposta.

Tenho dito.

(O orador não reviu).

O Sr. João de Freitas: - Sr. Presidente: pedi a palavra para fazer a communicação de um facto que julgo de alta importancia.

Ha dias em Bragança organizou-se um destacamento para marchar para uma freguesia, no concelho de Vinhaes, proxima de um posto fiscal, cujo commandante requisitou um reforço de sessenta praças, porque se approximavam da fronteira alguns grupos suspeitos e elle não tinha, sob as suas ordens, uma força suficientemente numerosa para o que julgava necessario.

O commandante mandou formar as praças na parada do quartel e, dirigindo-se ás praças de pret, disse-lhes que quem quisesse fazer parte do referido destacamento desse um passo á frente. Em seguida a estas palavras todas as praças do regimento, com um effectivo superior a 300 homens, como que obedecendo a uma voz de commando, deram um passo á frente; quer dizer, todos elles, muitos com as lagrimas nos olhos, declararam que queriam marchar immediatamente para irem procurar é traidor Paiva Couceiro.

Este facto Sr. Presidente é altamente animador; mostra o espirito de dedicação á Patria e á Republica de que está animado o districto de Bragança, e estou certo, que em toda a parte. (Apoiados).

Creio que todos nós podemos estar absolutamente tranquillos, contar com a dedicação á Patria e á Republica, do nosso exercito e sobretudo da totalidade das nossas praças de pret. (Apoiados).

Em seguida a este facto, que commoveu até as lagrimas não só os officiaes mas muito civis que ali se encontra vam, organizou-se uma manifestação publica que acompanhou até fora da cidade, acclamando enthusiasticamente aquelles homens que iam cumprir o seu dever, mas que iam com um enthusiasmo verdadeiramente patriotico para defenderem a Patria e a Republica.

Entendo eu, Sr. Presidente, que este facto merece um registo especial, e foi simplesmente para dar d'elle conhecimento á Assembleia, que pedi a palavra nesta occasião.

Estou certo que as guarnições de todo o país procederiam de forma identica a esta, dadas as circunstancias, que acabo de expor (Apoiados), mas entendi dever chamar a attenção da Assembleia para este facto, que pela intenção e dedicação patriotica e republicana que traduz, é digno de menção especial.

Tenho dito.

(O orador não reviu).

O Sr. Ministro da Guerra (Correia Barreto): - Sr. Presidente: agradeço as palavras, aliás justissimas, que o Sr. Dr. João de Freitas dirigiu a uma parte do nosso exercito, á guarnição da cidade de Bragança.

O facto que se deu na cidade de Bragança, tem-se dado com todas as guarnições, pois basta ver o enthusiasmo com que as praças do exercito tanto no norte, como no sul, prontas sempre á defender a patria, teem procedido. (Apoiados).

S. Exa. sabe bem que sempre que a patria precisa do exercito, tem sempre contado com elle, e elle tem sempre cumprido o seu dever. (Apoiados).

Tenho recebido das corporações de officiaes, de sargentos e das demais praças de todo o exercito, do norte e do sul as maiores provas de dedicação e enthusiasmo pela defesa da Republica.

Isto é um facto consolador e prova bem o alto valor do nosso exercito. (Apoiados).

O exercito é uma necessidade, e sem exercito a nossa independencia não estaria garantida. (Apoiados).

Tive de chamar as praças de reserva ao serviço. Tratei de reforçar as guarnições do norte e, numa época terrivel em que são necessarios trabalhos agricolas, não só as praças, que costumavam ir de má vontade até para os exercicios chamados do outono; deram uma percentagem pequena de falhas, mas foram com enthusiasmo. (Muitos apoiados).

Isto prova que o acto indigno do homem que se chama Couceiro, teve um lado bom, foi mostrar ao país que o nosso exercito está ao lado da Republica, e que não é verdade a suspeição de que o exercito que está no norte do país é reaccionario. (Apoiados).

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem.

(O orador não reviu).

O Sr. Nunes da Mata: - Sr. Presidente: pedi a palavra para antes de se encerrar a sessão, como já a havia pedido antes da ordem do dia, para me referir a um assunto que se me afigura interessante e patriotico.

Como V. Exa. sabe, o Governo de ha muito manifestava a intenção de mobilizar as reservas, apezar da occasião não ser das mais convenientes, por causa dos trabalhos dos campos, mas como por outro lado se dava a circunstancia de na fronteira se accumularem inimigos, que tentavam invadir a patria, o Governo, apezar da occasião não ser propria, ordenou a mobilização.

Essa occasião e o facto, não podem ser mais bem cabidos, porque o enthusiasmo, o patriotismo, e as provas de dedicação em defesa da patria, que se teem dado por este facto, são sufficientes para nos encherem de prazer e orgulho perante as nações civilizadas. (Apoiados).

Por isso entendo, sem mais considerações que fica bem a esta Assembleia acompanhar esses nossos irmãos nos seus sentimentos patrioticos, votando uma moção.

O Sr. Presidente: - Já deu a hora de se encerrar a sessão e por isso não submetto á votação a moção apresentada por V. Exa. No entanto é evidente que o espirito d'esse documento é o mesmo que anima toda a Camara. (Muitos apoiados).

O Sr. Adriano Pimenta: - Sr. Presidente: Recebi hontem o seguinte telegramma de Vianna do Castello:

(Leu).

Aproveito a occasião para dizer a V. Exa. e á Camara que já tive occasião de reconhecer o amor profundo que a corporação de sargentos de infantaria n.° 3 dedica á Patria e á Republica.

Ha tempos realizou-se a festa da bandeira neste regimento, não se ouvindo no emtanto durante ella uma unica nota da Portuguesa, nem um simples viva á Republica. Toda a gente que assistiu a essa festa ficou com a convicção de que a Republica não tinha ainda entrado no regimento de infantaria n.° 3.

Mas a corporação dos sargentos, indignada pelo que ali se passou, resolveu, com a permissão do seu commandante, e acompanhada de muitos officiaes, affirmar da maneira mais alta, mais digna e mais completa o seu sentimento republicano.

Eu entendo, pois, que o Governo pode confiar absolutamente na corporação dos sargentos de infantaria n.° 3, porque são elles proprios que, acompanhados dos seus soldados e alguns officiaes, garantem completa fidelidade á Republica.